sexta-feira, 1 de maio de 2015

A crise hídrica é um problema nacional

Em geral, o problema nasce pequeno. Sem soluções, vira transtorno
A falta de chuvas, no Estado de São Paulo, expôs uma situação que boa parte dos paulistas e dos brasileiros não se davam conta: a crise hídrica é um problema nacional.

Em entrevista ao Portal da Unesp,a Universidade do Estado de São Paulo, Jefferson Nascimento de Oliveira, professor de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia e coordenador do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Unesp, disse que os brasileiros não tem uma relação sadia com a água, pois "mantivemos a certeza de sermos os maiores detentores de água doce do mundo e essa questão cultural é prejudicial". Porque, segundo ele, ainda que exista água em determinadas regiões, faltam recursos para tratá-la e distribuí-la. Jefferson Nascimento preside, desde 2013, a Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, CNRH. Atual também na área de Engenharia Sanitária, com ênfase em gerenciamento de recursos hídricos, águas subterrâneas e drenagem urbana.

O especialista chama atenção também sobre o fato do Brasil ser um grande exportador de commodities, dentre eles, soja e minérios. Para serem produzidas elas precisam de água em abundância. Mas poucos são os estados que cobram pela água explorada de seus mananciais, pela falta de implementação da lei de tarifação, o que torna a extração gratuita. Mesmo onde ela é cobrada, como na Bacia do PCJ em São Paulo - rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí - o preço é ínfimo de R$ 0,0118 por . Segundo conta, a água não está embutida no preço da commodity, e em função disso, gera desperdício.

Para ele, é necessário uma inversão de valores, pois as prioridades estão invertidas. "Água tratada é saúde. O Rio Grande do Norte coleta 21,15% do esgoto e trata 21,09%. O Rio Grande do Sul, com status de desenvolvido, coleta 29,15% de esgoto, mas só trata 12,58%. Há um descaso para com as necessidades fundamentais do cidadão", e diz: "perdemos a década da água, proposta da Organização das Nações Unidas, para o período de 2005 a 2015. Ao invés de aproveitarmos o incentivo, os problemas se agravaram".

Os estudos apontam não haver estresse hídrico quando existe a disponibilidade de 1,7 mil m³ ou mais de água por habitante/ano. Menos do que 500 m³ de água por habitante/ano a situação é de estresse hídrico. Agora observe, segundo o Plano Estadual de Recursos Hídricos relativo a 2012-2015, a Região Metropolitana de São Paulo dispõe de 140 m³ de água por habitante/ano, chegando a 110 m³ de água por habitante/ano, na bacia do Alto Tiête.

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