quinta-feira, 30 de junho de 2016

QUINTA FEMININA: George Sand ou Amandine Aurore Dupin?

Para ela, o romances não precisa ser,
necessariamente, a representação da
realidade
        A maior escritora francesa e uma das precursoras do feminismo, a baronesa Amandine Aurore Lucile Dupin, ficou conhecida pelo pseudônimo de George Sand. Nascida em 1º de julho de 1804, a baronesa era neta do célebre Marechal de França, o conde Maurício de Saxe, sendo este, filho bastardo de Augusto II, rei da Polônia e de Saxe, e da sua amante, a condessa Maria Aurora von Konigsmark.

        Ainda na infância, sua avó a mandou para o Couvent des Anglaises em Paris, onde em Amandine despertou o interesse por música e teatro. Foi a partir daí que começou a escrever peças de teatro a serem representadas por um grupo de teatro criado por ela. As peças eram um sucesso e Amandine começava a gostar da vida no convento. Sabendo disso, sua avó decidiu a levar de volta.

       Após a morte da avó, era preciso casar-se para herdar o vilarejo da família. Casou-se com François-Casimir Dudevant com quem teve dois filhos, mas logo divorciou-se por infidelidade do marido. Fato incomum para à época, no ano de 1836.

Carreira literária

Chegou a escrever contos simples,
com histórias leves, para os netos
        Para ser aceita no meio literário teve que adotar um pseudônimo; o mesmo ocorreu quando escreveu para o jornal Le Figaro. Foi quando nasceu o romance Indiana, seu primeiro livro e primeiro sucesso. De 1832 a 1837, escreveu muitos outros romances, que refletiam seus próprios desejos e frustrações, advogando o direito da mulher de ter um amor sincero e dirigir sua própria vida.

       Sand destacava-se também pela sua ousadia. Vestia-se com roupas masculinas por diversão ou praticidade e comodidade. Também tinha o costume de fumar em público num tempo em que isso era inaceitável para uma mulher. Teve uma vida amorosa agitada, com paixões que a influenciaram consideravelmente, como o escritor Jules Sandeau, que lhe deu o pseudônimo literário, o poeta Alfred de Musset, o advogado  Michel de Bourges, que a converteu aos ideais republicanos e socialistas, o músico  Fréderic Chopin, e seu último amante Alexandre Manceau, dramaturgo.

         De 1838 a 1845, Sand expressou suas preocupações com os problemas sociais em romances como Consuelo e O Companheiro da Viagem pela França. Sonhava com um mundo em que o amor fraterno unisse as classes sociais. Os personagens de Sand e suas histórias são invariavelmente repletos de ingenuidades, poesia e otimismo. George Sand, ou melhor, Amandine Aurore Dupin faleceu no dia 8 de junho de 1876. Alguns de seus romances se transformariam em filmes e séries. Considerada a maior escritora francesa  e a primeira mulher a viver de direitos literários, sua propriedade - Maison de George Sand - em Nohant, foi doada ao governo francês e é aberta a visitação pública. Seus restos mortais de quase toda sua família estão no pequeno cemitério ao lado de sua casa em Nohant. Na ocasião de sua morte, Victor Hugo escreveu: Je pleure une morte, et je salue une imortelle (Eu choro uma morte, e saúdo um imortal.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Árvores monitoradas com chips

Num período de três meses, a capital paulista registrou mais
de 1.200 quedas de árvores
     Árvores plantadas em locais errados ou de forma inadequada, o que representam um risco para a espécie e para as pessoas. Somente na cidade de São Paulo, de 1º de janeiro a 30 de abril deste ano, foram registradas 1.273 quedas de árvores na capital paulista. E para fornecer aos gestores ambientais um recurso ágil para monitorar as condições das árvores, o Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo desenvolveu um projeto para analisar as árvores da Cidade Universitária, em São Paulo.

     Trata-se de um chip instalado dentro de um prego que é implantado na árvore, e que contém todas as informações sobre ela - espécie, idade, doenças, inclinação, geolocalização, latitude, longitude etc, obtidas a partir de um banco de dados pré-existente. A leitura desses dados contidas no chip é feita por um smartphone com sistema operacional Android. Basta aproximar fisicamente o celular do prego com o chip que o aplicativo fornece as informações sobre a árvore. Chamado de Inventário Ambiental na Cidade Universitária, o projeto piloto é uma parceria com a Prefeitura do Campus da USP da Capital e incluiu a instalação de chips em cerca de 200 árvores do campus.

Cidades Inteligentes

        Este projeto da USP tem um caráter experimental  e está inserido no conceito de Cidades Inteligentes, que visa o uso de tecnologias diversas e da internet para o desenvolvimento sustentável. Baseia-se também  no conceito de Internet das Coisas, uma revolução tecnológica, que propõe a ligação de todos os objetos do dia a dia à rede mundial de computadores.

        De acordo com  Carlos Eduardo Cugnasca, professor da Poli e coordenador do projeto, essa tecnologia já vem sendo usada no exterior e com muito êxito. Em Paris, colocam o chip em todas as árvores da cidade, possibilitando uma forma mais racional de tratar a questão, pois consideram  a árvore como um ser vivo, que é plantado, se desenvolve, cresce, dura um certo período de vida e morre como qualquer outro ser. Só que antes da planta morrer, a substituem por outra.

Fonte: Universidade de São Paulo

terça-feira, 28 de junho de 2016

Um panorama da cirurgia plástica no Brasil

Comparado com 2009, o número de cirurgias plásticas
mais que dobrou em 2014
         A mais recente pesquisa traçou o perfil da cirurgia plástica no Brasil. Realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o objetivo do trabalho foi dar um panorama da Cirurgia Plástica, comparando os dados de 2009 com os atuais de 2014. Os dados foram tabulados em 2015 e apresentados no ano atual.

         Em 2009, foram realizadas pouco mais de 600 mil cirurgias plásticas, e em 2015 esse número mais que dobrou, sendo realizadas quase 1,34 milhão de cirurgias. Com crise ou sem crise, a maioria delas foi de natureza particular (82%), ainda que este índice represente uma pequena queda comparado à 2009,  por convênio médico (19%).Houve um ligeiro aumento de cirurgias realizadas pelos homens, enquanto que entre as mulheres, houve queda, num percentual perto dos 2%. Mas ainda assim, as mulheres ocupam o primeiro lugar nos procedimentos estéticos e de reparação. E a faixa etária que mais realizada as mudanças estéticas fica entre 19 e os 35 anos.

         A região Sudeste continua dominando o ranking de procedimentos cirúrgicos realizados. Os números não alteraram e, assim como 2009, em 2015 a região foi a responsável por 60,4% das operações realizadas no País. O mesmo aconteceu com o Sul, com um alteração pouco significativa, passando de 16,8% para 16,7%. O Nordeste apresentou ligeira queda, com 11,4%, mesmo índice apresentado pela região Centro-Oeste, que em 2009 era de 10,9%.

         As cirurgias plástica com finalidade estética continuam em alta, ainda que tenham representado uma queda. Em 2009, 73%, e em 2014, 60,1%. Ao contrário das cirurgias reparadoras, que apresentaram um aumento de 12,9%. Os hospitais públicos foram os responsáveis pelo menor número de cirurgia plásticas realizadas, tanto em 2009 (1,1%) e 2014 (1,3%).

          Houve ainda um aumento significante na faixa de cirurgiões plásticos com até 5 anos de especialista: em 2009 eram 25,7% em 2014, 33,9%. Os últimos dados mostram que 1/3 dos cirurgiões  plásticos são especialistas há 5 anos, 1/3 entre 6 e 15 anos e 1/3 há mais de 16 anos.

          De acordo com a entidade, a atual mudança no cenário político e econômico, certamente refletirá nos números apresentados. Por isso, com o objetivo de avaliar as dimensões destas mudanças, faz-se necessário um novo estudo, possivelmente  no início de 2017, para avaliar o ano de 2016.

Mudança de comportamento

          Ainda que o mercado de procedimentos estéticos segue aquecido, alheio à crise econômica, a surpreendente alta na demanda por tratamentos menos invasivos e financeiramente mais acessíveis nas redes de estética ocorre no mesmo momento em que o Brasil acaba de perder a liderança mundial em número de cirurgias plásticas realizadas. Esse movimento talvez se explica pela migração  da demanda de procedimentos cirúrgicos, que são mais complexos e caros, para o mercado de estética, que tem oferecido tratamentos seguros, acessíveis e cada vez mais eficazes. Ou seja, o mercado de estética vive um momento positivo, com um grande aumento do público consumidor em potencial.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
          Negócio Estética

          

segunda-feira, 27 de junho de 2016

O estresse corresponde a uma relação entre o indivíduo e o meio

      "O estresse é o resultado da criação da civilização feita pelo homem. E ele mesmo, depois de uma rotina, não consegue mais suportá-la". Essa foi a tese que o médico psiquiatra e consultor da Organização Mundial da Saúde, Wladimir Munique, defendeu em 1988 durante um congresso realizado na Alemanha. A psicóloga e sexóloga Simone Alves de Melo, acrescenta ainda que o estresse distancia as pessoas. Pessoas estressadas tendem a se isolar, impossibilitando-as de observar a perda dos limites.

        De acordo com a psicóloga, pessoas muito estressadas acabam não respeitando o tempo do outro. Não conseguem elogiar ou dividir. E por não conseguirem muitas vezes compartilhar tarefas, acumulam funções e, uma vez sobrecarregadas, acabam ficando estressadas. E o estresse pode ser repassado ao outro a partir do momento em que o indivíduo estressado se vê fora do seu eixo emocional. E mais, cobra das pessoas para que tenham o comportamento que ele espera.

        É muito comum o indivíduo acometido pelo estresse desenvolver sentimento de medo. "Não só o medo como a insegurança de estar de uma forma confiando no que faz, o que pode também estar associado à baixa autoestima.

         E um meio para lidar com o problema é ter a consciência de que corpo e mente trabalham juntos, que um depende do outro. Além disso, é fundamental respeitar o próprio limite, físico, emocional e metal. O indivíduo tem que perceber que muitas vezes não é possível dar conta das tarefas e que, algumas vezes, elas podem não ser de suma importância. "Portanto, se eu busco a perfeição, eu acho que o outro não vai dar conta. O outro não vai fazer igual. E de fato, não irá fazer. E se o importante é se chegar a um resultado, muitas vezes, não será do meu jeito". Para a profissional, é errado cobrarmos do outro a maneira como gostaríamos que este outro fosse. "Acabamos sofrendo por situações que não valem a pena, porque eu também não permito ao outro se arriscar, buscar a sua própria maneira de lidar com as questões. E o perigo é que esta atitude coloque o outro em uma zona de conforto.

         Para lidar com o problema, é fundamental também ter boas horas de sono, alimentar-se com calma, para que este tempo dedicado à alimentação também possa ser produtivo. E dedicar um tempo para o lazer, seja ler um livro, ouvir uma música, assistir a um filme. E sem dúvida, melhorar os pensamentos, analisando de forma positiva o momento presente. "O que deu certo hoje"? O amanhã é um outro dia.

Fonte: Universidade de São Paulo

domingo, 26 de junho de 2016

Descaso à ameaça de extinção das girafas africanas

Na África, número de girafas está em torno dos 90 mil
        De acordo com o IBTimes, atualmente, na África, há apenas 90 mil girafas selvagens, cujas populações diminuíram 40% desde 2001. Esse número é menor do que o de elefantes cuja população é estimada entre 450 mil e 700 mil. No entanto, especialistas temem que a extinção de elefantes possa ocorrer até 2025, e no caso das girafas não se tem nenhuma informação neste sentido.

         "Estou absolutamente espantado de que ninguém tem uma pista. Esta é uma extinção em silêncio. Algumas populações possuem menos do que 400 mil animais", declarou Julian Fennessy, diretor-executivo da Fundação para Conservação de Girafas, acrescentando que as girafas estão mais ameaçadas do que qualquer gorila ou outro grande mamífero do mundo. Elas já foram extintas em sete países da África. Nas regiões de Eritreia, Guiné, Mauritânia e Senegal as girafas já foram extintas, enquanto que na Angola, Mali e Nigéria é possível que já tenham sido extintas.

         E apesar dos números alarmantes, nem mesmo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza considerou essa extinção silenciosa, pois a organização ainda classifica a situação da girafa como menos preocupante. Cita apenas que a degradação de habitatis e a caça como as duas maiores ameaças enfrentadas pelas girafas. De acordo com o IBTimes, o aumento das populações humanas, a exploração de petróleo e os combustíveis também têm contribuído para esta redução.

          A notícia boa é que, algumas populações de girafa, como as que vivem no sul, ainda estão prosperando. 

Fonte: Agência de Notícias de Direitos dos Animais
Foto: África Turismo

sábado, 25 de junho de 2016

Produção literária numa única plataforma

Um único espaço onde será possível abrigar toda a
produção literária brasileira
       Uma plataforma de gestão de metadados sobre a produção literária. Foi essa proposta apresentada pelo presidente da Câmara Brasileira do Livro, Luís Antonio Torelli ao ministro da Cultura Marcelo Calero. A Books in Print Brasileira é uma parceria entre a CBL e a empresa MVB, subsidiária da Associação de Editores e Livreiros Alemães.

        Por meio da ferramenta, editoras cadastrarão seus títulos, que poderão ser acessados por qualquer pessoa. Cada livro poderá ter diversas informações, como autor, capa, sinopse, entrevista com o autor, ficha catalográfica e ISBN, entre outras. 

        De acordo com o presidente, hoje cada editora tem seu próprio sistema de metadados, os quais não conversam entre si. Ou seja, não há um único local onde esteja disponível toda a produção literária brasileira. Por isso, com o Books in Print Brazil o público poderá, inclusive, saber qual livraria tem o livro que se deseja comprar.

        A versão beta da ferramenta, voltada a editores e livreiros, será lançada durante a Bienal Internacional do Livro de São Paulo. E a versão final, aberta ao público, está prevista para entrar em operação em janeiro de 2017.

Fonte: Ministério da Cultura

sexta-feira, 24 de junho de 2016

LER&SER: A Moreninha - Joaquim Manuel de Macedo

       Filipe convida seus amigos de faculdade para passar o Dia de Sant'Ana numa paradisíaca Ilha do Rio de Janeiro (a Ilha de Paquetá), no casarão de sua avó. Augusto confessa-se volúvel e inconstante, a ponto de não ser capaz de se ocupar de uma mesma moça por mais de quinze dias. Filipe e Augusto fazem então uma aposta: se Augusto amar uma única mulher durante quinze dias ou mais, terá de escrever um romance sobre o acontecimento; caso contrário, Filipe é quem deverá escrevê-lo.

       Lançado em 1844, A Moreninha é tido como o primeiro romance publicado no Brasil, embora tenha sido precedido por O Filho do Pescador, de Teixeira e Souza, que, entretanto, é tido como uma obra menor, desenvolvida a partir de um enredo pouco articulado e confuso. A Moreninha marca o início da ficção do romantismo brasileiro. O livro faz parte da fase do romantismo no Brasil, e tem grande sucesso ainda nos dias hoje. É considerado o primeiro romance tipicamente brasileiro, pois retratou hábitos da juventude burguesa carioca, contemporânea à época de sua publicação.

      Joaquim Manuel de Macedo nasceu no ano de 1820, e no mesmo ano que formou-se em Medicina, 1844, escreveu aquele que viria a ser seu romance mais conhecido, A Moreninha, que lhe deu fama e fortuna. Além de médico, Macedo foi jornalista, professor de Geografia e Historia do Brasil. Escreveu um poema-romance A Nebulosa, considerado por críticos como um dos melhores do Romantismo. 

       Depois que abandonou a Medicina, Joaquim Manuel criou uma forte ligação com Dom Pedro II e a Família Imperial Brasileira, chegando a ser professor dos filhos da Princesa Isabel. Na política, como militante pelo Partido Liberal, foi deputado provincial e deputado geral. Nos últimos anos de vida padeceu de problemas mentais, morrendo pouco antes de completar 62 anos de idade.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

QUINTA FEMININA: Saartjie Baartman, um símbolo da exploração ocidental

Georges Cuvier a descreveu como uma
mulher inteligente e de personalidade
alegre
         O dia em que ela nasceu pouco se sabe, mas foi no ano de 1789. Mas o que tornou Saartjie Baartman famosa não foi um dom artístico, nem um trabalho de destaque. Considerada como uma aberração, foi o seu biotipo que a transformou em atração na Europa do século 19, sob o nome de "Vênus Hotentote". Hotentote era o nome para o povo khoi, mas que hoje é considerado um termo ofensivo, enquanto que Vênus é referência à deusa romana do amor. Saartjie pertencia a uma família khoisan, que vivia numa região onde hoje está localizada a província do Cabo Oriental, na África do Sul. Khoisan é a designação unificadora de dois grupos étnicos do sudoeste da África.

         Saartjie era criada de servir numa fazenda de holandeses perto da Cidade do Cabo. O irmão de seu patrão, Hendrick Cezar, sugeriu que ela se exibisse no Reino Unido, prometendo que isso a tornaria rica. Inocente, ela aceitou a proposta e viajou para Londres em 1810. Por todo o Reino Unido exibiu as suas dimensões corporais inusitadas, segunda a perspectiva europeia. Mediante um pagamento extra, os seus exibidores permitiam aos visitantes tocar-lhe as nádegas, cujo volume parecia estranho e perturbador ao europeu da época. Além disso, uma característica comum em algumas mulheres khoisan era possuir longos lábios vaginal. 


Alguns registros sugerem que chegaram a colocar
em Saartjie uma coleira ao redor de seu pescoço,
sendo tratada como um animal
          A sua exibição em Londres causou escândalo. A sociedade filantrópica African Association criticou a iniciativa e abriu um processo. Durante seu depoimento, Saartjie declarou, em holandês, não se considerar vítima de coação, aceitando metade da receita das exibições. O tribunal decidiu arquivar o caso. No final de 1814, Saartjie foi vendida a um francês, domador de animais, que a mantinha em condições mais duras. Foi exposta em Paris, tendo de aceitar exibir-se completamente nua, o que contrariava o seu voto de jamais exibir os órgãos genitais. 

           As celebrações da reentronização de Napoleão Bonaparte incluíram festas noturnas. A exposição de Saartjie manteve-se aberta durante toda a noite e os muitos visitantes bêbados divertiram-se apalpando o corpo da indefesa mulher. As pessoas não a viam como uma pessoa, mas sim um animal.

          Foi exposta a multidões. Era alvo de caricaturas, mas também chamou o interesse de cientistas e pintores. Seu corpo foi totalmente investigado e medido, com registro do tamanho das nádegas, do clitóris, dos lábios e dos mamilos para museus e institutos zoológicos e científicos. Com a derrota de Napoleão e o fim de seu governo, e a ocupação da França pelas tropas aliadas, em junho de 1815, as exibições tornaram-se impossíveis. Saartjjie foi levada a prostituir-se e tornou-se alcoólatra.

Análise de seu corpo

          O corpo de Saartjie foi definido sob a ótica entre a mulher africana "anormal" e a mulher branca "normal". Por conta de suas medidas, foi considerada uma mulher selvagem. Ela tinha uma estrutura mandibular peculiar, um queixo curto e um nariz achatado, que se assemelhava ao de um "negro". Ela foi considerada parte da "raça negra", o que na época era considerado o menor tipo de seres humanos. Ela, às vezes, foi comparada a um orangotango. Após sua morte, o corpo de Saartjie  foi enviado para o laboratório para exames. George Cuvier, do Museu Nacional de História Natural, quis testar a sua teoria de que, quanto mais primitivo era o mamífero, mais acentuados seriam seus órgãos sexuais e desejo sexual. O corpo de Saartjie nunca recebeu um enterro apropriado.

          Entre 1814 e 1870, houve pelo menos sete descrições científicas onde a anatomia dos corpos de mulheres negras eram comparadas. A dissecção do corpo de Saartjie por Cuvier ajudou a moldar a ciência europeia. Ela e outras mulheres africanas que foram dissecadas eram referidas como hotentotes, para satisfação da elite francesa. A mulher selvagem era muito distinta do feminino civilizado europeu.

Legado



          Saartjie morreu no dia 29 de dezembro de 1815, por conta de uma doença inflamatória. George Cuvier, através de seus estudos, pode observar que seu objeto de estudo era uma mulher inteligente, com uma memória excelente. Além de sua língua nativa, ela falava neerlandês fluentemente, tinha um inglês razoável e algum conhecimento de francês.

          Seu esqueleto, órgãos genitais e cérebro foram preservados e colocados em exposição em Paris, até 1974, quando então foram retirados da visitação pública e guardados. Houve pedidos esporádicos para o retorno de seus restos mortais ao continente africano, começando na década de 1940. Um poema escrito em 1978, por Diana Ferrus, também descendente do povo khoisan, intitulado Eu vim para te levar para casa, desempenhou um papel fundamental  no estímulo ao movimento para levar os restos mortais de Saartjie para sua terra natal. 

            Após a vitória do Congresso Nacional Africano na eleição geral na África do Sul, o presidente Nelson Mandela solicitou  formalmente que a França devolvesse os restos mortais de Saartjie. Depois de muita luta, o governo francês aceitou o pedido em 6 de março de 2002. Seus restos mortais foram repatriados para sua terra natal, e foram enterrados em 9 de agosto de 2002, sobre Vergaderingskop, uma colina na cidade de Hankey, mais de 200 anos depois de seu nascimento. Atualmente, ativistas e acadêmicos consideram Saartjie um símbolo da exploração ocidental dos africanos e do racismo.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Abordagem mais humanizada pode aumentar autorizações de doação de órgãos


Uma vez diagnosticada a morte encefálica, é a fase em
que os órgãos devem ser retirados, ainda que o coração
continue batendo
      O que leva uma família não autorizar a retirada de órgãos de um parente que teve já como diagnóstico a morte encefálica? Uma das razões pode estar relacionada ao modo de abordagem realizada pelos profissionais de saúde às famílias do parente recém-falecido. No Brasil, é alto o número de famílias que dizem não à prática. Em sete anos, a taxa de recusa familiar dobrou, saltando de 22% em 2008 para 44% em 2015, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. 

      Pesquisadores da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, mapearam as razões da recusa familiar. O principal motivo é que boa parte das famílias (21%) não compreendeu o conceito da morte encefálica. Já 19% atribuem a decisão a crenças religiosas e outros 19% responsabilizaram a falta de competência técnica da equipe hospitalar. A conclusão mais importante foi a de que, apesar da falta de conhecimento técnico sobre a morte encefálica, as chances de a família aderir à possibilidade de doação são diretamente proporcionais à capacidade de os profissionais da saúde criarem empatia durante a entrevista na qual a doação é solicitada aos familiares.

      No total foram ouvidas 42 famílias, e deste total, 43% consideraram insuficiente o tempo dado a elas para a tomada de decisão. É certo que a pressa em conseguir autorização ocorre porque órgãos como coração e fígado não podem mais ser aproveitados quando o coração para de bater. A queixa das famílias é que a abordagem foi feita de forma mecânica, até mesmo truculenta, sem respeitar o atordoamento de quem acabou de receber uma notícia trágica. E o desempenho do profissional da saúde que propõe a doação também pode ser decisivo quando a crença religiosa interfere na decisão.

       O estudo também indicou que, entre 1998 e 2012, cerca de 21 mil famílias se recusaram a doar órgãos. Se 80% delas tivessem aceitado a doação, supondo a possibilidade de extrair pelo menos quatro órgãos de cada doador, mais de 67 mil pacientes teriam sido transplantados nesse período.

Treinamento

       Em Santa Catarina, estado com uma das menores taxas de recusa familiar, os coordenadores de transplantes que atuam em hospitais da rede pública de saúde passam por curso de comunicação em situações críticas. Experiências deste tipo também têm sido colocadas em prática na Unifesp, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e no Hospital Israelita Albert Einstein. "O diagnóstico de morte encefálica é angustiante e desperta muitas dúvidas. É uma morte que não parece morte, pois o coração continua batendo. Isso faz com quem a família ainda tenha esperanças de recuperação", explica Juliana Gibello, professora do curso de Comunicação de Más Notícias do Albert Einstein.

      As iniciativas brasileiras buscam inspiração no modelo espanhol, que se tornou referência mundial. Lá, a taxa de recusa familiar é uma das menores do mundo, de 17%. A Organização Nacional de Transplantes da Espanha foi uma das primeiras no mundo a organizar cursos de comunicação de más notícias. Embora a prioridade na Espanha seja promover boas práticas de comunicação entre profissionais da saúde, o país também investe em campanhas de esclarecimento. A doação de órgãos por lá é um tema apresentado a crianças e adolescentes desde o ensino básico, por meio de programas educativos.

Fonte: Revista Fapesp

terça-feira, 21 de junho de 2016

Whatsapp: o aplicativo preferido dos brasileiros

     Parece que o aplicativo de troca de mensagens Whatsapp veio para ficar; pelos menos a depender da vontade dos brasileiros. Uma pesquisa revelou que, caso pudessem ter apenas um aplicativo instalado em seus aparelhos, 48% dos brasileiros escolheriam o Whatsaa. Em segundo lugar, em proporção menor, viria a rede social Facebook, citado apenas por 9,6% dos internautas.

     Conduzida pelo Opinion Box em parceria com a Mobile Time, o trabalho mostrou que todos os demais aplicativos registraram menos de 2%. De acordo com o CEO do Opinion Box, Felipe Schepers, a principal novidade no ranking dos 10 aplicativos favoritos dos brasileiros foi a entrada do Snapchat na 10ª posição, citado por 0,8% dos entrevistados como aplicativo que manteriam no smartphone se só pudessem ter um. A preferência por este aplicativo predomina entre os mais jovens, que estão se tornando usuários fiéis da rede social. Na faixa etária entre 18 e 29 anos, o aplicativo aparece na 6ª posição desse ranking, citado por 1,6% dos entrevistados. Já no grupo entre 30 e 49 anos, é apontado como favorito por apenas 0,4% e nem aparece na lista dos favoritos entre aqueles com mais de 50 anos de idade.

Bloqueio do serviço

       Hoje, no Brasil, cerca de 100 milhões de pessoas são usuárias do aplicativo. A dependência do serviço é tamanha que uma decisão de um juiz de Sergipe, ocorrida em maio deste ano, deixou o País inteiro em polvorosa, quando o serviço ficou indisponível por quase 24 horas. Em princípio, a ordem era bloquear o serviço por 72 horas, mas uma liminar derrubou a decisão e o serviço voltou a funcionar em menos tempo. 

       É a segunda vez que os usuários tem suas contas bloqueadas por ações judiciais. A primeira, em dezembro do ano passado ocorreu por determinação da Justiça paulista. A ação visava punir a empresa por se negar a colaborar com a Justiça, quando deixou de quebrar o sigilo de mensagens trocadas por suspeitos de um crime.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Estudo avalia que adolescentes poderão ter surdez precoce

Antes associado a um problema nas pessoas da terceira idade,
o zumbido nos ouvidos passou a atingir boa parte dos
adolescentes
      Um estudo realizado por pesquisadores da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Ouvido avaliou que certos hábitos, como usar diariamente fones de ouvido e frequentar ambientes muito barulhentos têm causado um aumento na prevalência de zumbido nos ouvidos em adolescentes, o que pode levar à perda auditiva. O trabalho foi publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

      De acordo com Tanit Ganz Sanchez, professora de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e que preside a entidade, se essa geração de adolescentes continuar se expondo a níveis muito elevados de ruído, provavelmente apresentará perda de audição entre 30 e 40 anos. Para realizar o estudo, foram realizados exames de ouvido em 170 adolescentes na faixa etária de 11 a 17 anos, matriculados em um colégio particular tradicional em São Paulo. Além disso, os alunos responderam a um questionário como se tinham percebido zumbido nos ouvidos nos últimos 12 meses e, caso positivo, com qual intensidade, duração e frequência. O dado assustador é que mais da metade (54,7%) respondeu que tinha sentido zumbido nos ouvidos nos últimos 12 meses. O zumbido, até então associado aos idosos, tem se tornado mais prevalente em outros grupos etários, como crianças e adolescentes. Mas, diferentemente dos adultos, os adolescentes não se incomodam e não se queixam para os pais e professores.

       A pesquisa também identificou que os ouvidos dos adolescentes com zumbido são mais sensíveis a altos níveis de som dos que os dos estudantes sem zumbido, o que é natural esperar que sejam lesados antes, mesmo porque o zumbido nos ouvidos seria o primeiro sinal dessa lesão, que pode ser temporária ou definitiva.

Como ocorre o zumbido

       Localizadas no ouvido interno (cóclea), as células ciliadas alongam e encurtam repetidamente quando estimuladas por vibrações sonoras. Quando ocorrem vibrações sonoras de altos níveis, como fogos de artifício ou o som alto de um fone de ouvido, essas células ficam sobrecarregadas e podem sofrer lesões temporárias ou definitivas. A fim de compensar a perda de funções das células lesionadas ou mortas, as regiões vizinhas passam a trabalhar em um ritmo mais acelerado do que o normal, o que dá origem ao zumbido nos ouvidos. Embora, estudos recentes em neurociência, realizados com animais, também sugerem que o zumbido pode ser um reflexo da perda de sinapses (comunicação) das células ciliadas com o nervo coclear e, posteriormente, com o cérebro. "O zumbido nos ouvidos e menor tolerância a níveis de som manifestadas pelos adolescentes do estudo podem ser indícios de perdas de sinapses das células ciliadas que não são detectadas em exames audiométricos", afirmou Sanchez. Por isso, pode parecer que não há lesão na via auditiva, mas, na verdade, a lesão é que não aparece na audiometria, dificultando o diagnóstico.

Como prevenir

        Segundo a pesquisadora, o zumbido nos ouvidos é tratável e passível de prevenção. Uma das formas de se proteger é usar protetor auricular e fazer intervalos de dez minutos a cada hora de exposição a ambientes barulhentos, período que facilita aos ouvidos se recuperarem e não terem lesões definitivas. Além da exposição a alto níveis de ruído, outras causas de zumbido nos ouvidos identificadas em adolescentes são jejum prolongado, abuso no consumo de doces, e de cafeína, presente em bebidas energéticas, como também em café, chá e chocolate.

Fonte: Agência Fapesp

       
      

domingo, 19 de junho de 2016

A transmissão do vírus da raiva por morcegos ainda causa preocupação

A raiva é conhecida desde a Antiguidade, mas foi em 1885,
que Louis Pasteur desenvolveu o tratamento antirrábico pós-
exposição. Hoje, os morcegos são grandes transmissores
da doença
     O Brasil alcançou um bom nível  de controle da raiva urbana, mantida por cães e gatos, mas a doença em herbívoros e animais silvestres ainda é um grande desafio para os serviços públicos e privados voltados para a saúde animal e humana. Nos últimos anos, no Estado de São Paulo, foram registrados casos de raiva em cães e gatos em que o vírus isolado foi o do tipo mantido por morcegos. Estas ocorrências destacam a necessidade da preocupação com a vigilância epidemiológica da raiva em animais domésticos de companhia e de produção, bem como nos silvestres.

      As variantes de vírus rábico de morcegos podem ser transmitidas ao homem não só pelas diferentes espécies de morcegos, mas também por cães, gatos, bovinos e outros mamíferos infectados por morcegos. No Brasil, foram identificadas cinco variantes antigênicas: variantes 1 e 2, isoladas dos cães; variante 3, de morcego hematófago; e variantes 4 e 6, de morcegos insetívoros. Com a utilização de ferramentas de biologia molecular podem ser identificadas ainda as linhagens genéticas características de cachorro do mato e a de sagui de tufo branco. As vacinas antirrábicas, sejam para uso humano ou animal, até o momento oferecem proteção às diferentes variantes do vírus.

     No período de 2006 a 2015, foram registrados no Brasil 32 casos de raiva em seres humanos. Somente no Estado de São Paulo, no ano de 2015, foram quase 200 casos em animais, a maior parte deles em bovinos (110), equinos (36) e morcegos não hematófago (43).

Em caso de suspeita

      Caso ocorra a suspeita de um animal acometido pela doença, o dono ou responsável deve notificar imediatamente o caso à vigilância epidemiológica municipal da Secretaria Municipal de Saúde ou à Unidade de Vigilância em Zoonoses, quando existir. Se o animal estiver vivo, deve ser observado com segurança, em ambiente isolado, para o acompanhamento da evolução do quadro. Quando a doença é causada por variantes de morcegos, é mais frequente a manifestação da forma paralítica da raiva. Por isso, os médicos veterinários devem estar atentos. A forma paralítica pode se manifestar sem fase de excitação e manifestações de agressividade; o animal apresenta sinais de paralisia e evolui para o óbito.

      Já na doença transmitida pela variante canina, cães e gatos, manifestam excitação, agressividade, dificuldades de deglutição, sialorreia, incoordenação motora, convulsão, paralisia, coma e morte. O período de incubação é, em média, de alguns dias a 2 meses e o curso da doença de 5 a 7 dias. O animal pode eliminar vírus pela saliva por volta de cinco dias antes da manifestação dos sintomas.

      Se alguma pessoa for exposta a uma situação de risco de infecção pelo vírus rábico em decorrência de mordedura, lambedura de mucosa ou arranhadura provocada por animais mamíferos deve imediatamente realizar a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão ou outro detergente, o que diminui comprovadamente o risco  de infecção, e procurar atendimento médico para avaliação da necessidade de profilaxia pós-exposição ao vírus da raiva.

Fonte: Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo

sábado, 18 de junho de 2016

Dança circular: o resgate de uma prática ancestral

      Um trabalho que começou em 1984 e que vem se espalhando com muita força em todos os estados e segmentos do País. O movimento intitulado Danças Circulares, ou Dança dos Povos, nasceu com o coreógrafo alemão Bernhard Wosien quando, em 1976, visitou a Comunidade de Findhorn, no norte da Escócia e pôde ensinar, pela primeira vez, uma coletânea de danças folclóricas para os residentes. Foi neste momento que, ao ensinar a dança, compreendeu que já havia encontrado o que buscava em suas viagens: uma dança capaz de expressar verdadeiramente os seus sentimentos. Essa dança foi denominada de dança circular sagrada.

       O círculo, símbolo universal, tendo como centro muitas vezes o fogo ou objetos sagrados como talismãs e flores, representava o espaço da comunidade para celebrar rituais de passagem como nascimento, casamento, morte e outros momentos importantes da vida humana. Portanto, a Dança Circular Sagrada não é uma invenção dos tempos modernos; muito pelo contrário, é apenas o resgate de uma prática ancestral muito antiga e profunda, vestida para os tempos atuais.


A dança circular sagrada, ou dança de roda, é
uma prática que reúne vários tipos de danças
tradicionais, em locais distintos
      Por aqui, a partir da década de 1980, por meio de Carlos Solano, que conheceu o trabalho na Escócia, as danças se espalharam formando rodas em parques, escolas, universidades, hospitais, órgãos públicos, ONGs, instituições e empresas dos mais variados segmentos. O principal na Dança Circula Sagrada não é a técnica e sim o sentimento de união de grupo, o espírito comunitário que se instala a partir do momento em que todos, de mãos dadas, apoiam e auxiliam os companheiros. 


     Assim, ela é indicada para pessoas de qualquer idade, raça ou profissão, auxiliando o indivíduo a tomar consciência de seu corpo físico, acalmar seu emocional, trabalhar sua concentração e memória e, principalmente, entrar em contato com uma linguagem simbólica, que embora acessível a qualquer um, não é utilizada no dia a dia.


As danças circulares reúnem as pessoas com o objetivo de
celebrar a vida, redescobrir o prazer de pertencer ao corpo
social e nele semear o amor fraterno
      As danças podem ser simples e de fácil aprendizado. Ou podem ser danças mais sofisticadas, para quem já dança há mais tempo. 

      As músicas escolhidas são de todos os países e as danças podem ser tradicionais, regionais, folclóricas ou contemporâneas. 

      Em roda, de mãos dadas, olhos nos olhos, o resgate das danças folclóricas traz a ancestralidade à flor da pele e conecta cores, raças, tempos e espaços, acessando outros níveis de consciência e percepção. 

       Cada coreografia reverbera uma intenção, seja emanar boas vibrações para o planeta, expressar gratidão por aquilo que recebemos diariamente, reverenciar os quatro elementos - terra, fogo, água e ar -, seja atiçar nossa criança interior, além de muitas outras temáticas.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

LER&SER: Poemas Selecionados - Fernando Pessoa Ele mesmo e Heterônimos

        Trata-se de uma seleção de poemas de Fernando Pessoa ele-mesmo e de seus heterônimos completos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Aclamado pela crítica como um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, comparado a Camões, sua genialidade revela-se sobretudo na criação desses heterônimos, personalidades poéticas completas criadas por Pessoa e através das quais o poeta produziu vasta obra, além da produção atribuída a ele próprio, o ortônimo, ou Pessoa ele-mesmo.

         Poemas Selecionados quer ser porta de entrada para aqueles que pouco conhecem a obra desse grande poeta e também mais uma possibilidade de contato com a palavra pessoana para aqueles que, conhecedores da obra, têm o desejo de renovar sempre e mais uma leitura que jamais se esgota.

         Em 13 de junho de 1888 nascia, em Lisboa, Fernando António Nogueira Pessoa. Poeta, escritor, astrólogo, crítico e tradutor. É o mais universal  poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma. Traduziu para o português obras em inglês de Shakespeare e Edgar Poe. Enquanto poeta, escreveu sobre diversas personalidades - heterônimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro -, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: "outros modernistas inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente. Pessoa inventava poetas inteiros. Fernando Pessoa morreu no dia 30 de novembro de 1935 com 47 anos de idade.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

QUINTA FEMININA: Ella Ftizgerald, a dama do canção

Ella foi eleita, em 2013, pelo site Yahoo a maior vocalista
da história da música mundial
     Primeira Dama da Canção. Era ou é a melhor definição para Ella Jane Fitzgerald, que há vinte anos, no dia 15 de junho de 1996, aos 79 anos de idade, morria para a vida para tornar-se eterna no cenário musical. Com uma extensão vocal que abrangia três oitavas, era notória pela pureza de sua tonalidade, sua dicção, fraseado e entonação impecáveis, bem como habilidade de improviso semelhante a um instrumento de sopro.

     Ella teve uma carreira que durou 59 anos, embora inicialmente seu sonho era ser dançarina. Em 1932 o trauma adquirido com a morte da mãe provocou uma queda brutal no desempenho escolar da garota. Ella chegou a trabalhar como vigia num bordel, e numa casa de apostas filiada à máfia. Após se envolver em problemas com a polícia, acabou sendo presa e enviada a um reformatório, de onde fugiu, passando a viver na rua, até ser internada no Asilo de Órfãos de Cor, no Bronx.

      O início da carreira como cantora surgiu quando tinha 17 anos no Teatro Apollo, no Harllem. Então, em 1935, conquistou a oportunidade de se apresentar por uma semana com a big band de Tiny Bradshaw. Lá conheceu o baterista  e líder da banda, Chick Webb, que a princípio recusou-se a contratá-la porque, para o músico, ela era desajeitada e malcuidada. Ainda assim, Webb ofereceu-lhe a oportunidade de fazer um teste com a banda quando tocaram em um baile. Então passou a cantar com a banda e gravou diversos sucessos. Após a morte de Chick Webb, a banda passou a se chamar Ella Fitzgerald and her Famous Orchestra, período em que fez 150 canções.


Com Louis Armstrong, com quem aprendeu
a técnica do scat
      A partir de 1942, depois de deixar a banda, investiu na carreira solo. E com um novo empresário, passou a se apresentar em uma série de concertos. No entanto, o declínio da "era do swing" e das grandes turnês das big bands trouxe uma grande mudança no jazz. Foi, a partir daí, que Ella começou a introduzir o scaf em suas canções. A técnica de canto criada por Louis Armstrong consiste em cantar vocalizando tanto sem palavras, quanto com palavras sem sentido e sílabas (por exemplo, la dum ba dum pa). Embora outros cantores, até mesmo Louis Armstrong, tenham tentando improvisações semelhantes, ninguém antes dela empregou a técnica com tão brilhante inventividade.

     Enquanto gravava os songbooks, Ella se apresentava ao vivo durante 40 a 45 semanas por ano, nos Estados Unidos e no exterior. Vale destacar as interpretações que fez com as canções de Tom Jobim, quando dedicou a coletânea Ella Abraça Jobim ao compositor.

      Em meados da década de 1950, Fitzgerald se tornou a primeira negra a se apresentar no Mocambo, depois de Marilyn Monroe interceder a seu favor com o proprietário da casa. Mudando constantemente de gravadoras, a última delas, a Pablo Records, foi testemunha do declínio de sua voz. Ella usava frases mais curtas e mais secas, e sua voz estava mais áspera, com um vibrato mais espaçado. Atormentada por problemas de saúde, Ella fez sua última gravação em 1991, e sua última apresentação ao vivo em 1993.

      Ao todo, Ella conquistou 14 prêmios Grammy e recebeu a Medalha Nacional das Artes do presidente americano Ronald Regan, bem como a Medalha Presidencial  da Liberdade, das mãos do presidente Goerge H.W. Bush.

Carreira de atriz

       Dentre alguns papéis, o de maior destaque no cinema foi ao interpretar a cantora de jazz Maggie Jackson no filme Pete Kelly's Blues, rodado em 1955. No entanto, o fato de ser negra impediu que Fitzgerald estrelasse algum grande sucesso de bilheteria. Fez alguns trabalhos na televisão.

       Ella era mais reservada, pouco saía. Adotou uma criança em um de seus três casamentos, que acabou sendo criada pela tia de Ella, por não conseguir conciliar a carreira de cantora com a vida familiar. Em seus últimos anos, já afetada pelo diabetes, em 1993 teve suas pernas amputadas. Morreu em 1996, em Beverlly Hills, na Califórnia, aos 79 anos de idade. O material de arquivo da sua longa carreira está armazenado no Centro de Arquivos do Museu Nacional de Historia Americana, enquanto que seus arranjos musicais pessoais estão guardados na Biblioteca do Congresso. E sua coleção de partituras encontra-se na Biblioteca Schoenberg, da Universidade da Califórnia.

Fonte: Wikipedia

     

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Violência contra os idosos é crescente no Brasil

A cada hora, dois idosos sofrem algum tipo de violência no País
       Em 2006, a Organização das Nações Unidas, a ONU, e a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa instituíram o dia 15 de junho como o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. O objetivo da data é criar uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa, e, simultaneamente, disseminar a ideia de não aceitá-la como normal. A violência contra a pessoa idosa é e deve ser entendida como uma grave violação aos Direitos Humanos.


      A cada hora, dois idosos sofrem algum tipo de violência no País. Segundo levantamento da Secretaria dos Direitos Humanos do Governo Federal, em um ano, o número de registros de casos de negligência e violência contra idosos cresceu 16%. Somente de janeiro a junho de 2015, o Disque 100 recebeu mais de 16 mil denúncias de violência contra pessoas com 60 anos ou mais. No mesmo período do ano anterior foram registradas quase 14 mil denúncias.

      As denúncias de agressões ou qualquer outro tipo de violência contra os idosos podem ser feitas pelo Disque 100. A ligação é de graça de qualquer lugar do Brasil.

       Apesar da existência da Declaração Universal de Direitos Humanos, os direitos das pessoas idosas não são expressamente reconhecidos nas normas obrigatórias dos direitos humanos internacionais pelos Estados membros da ONU.


Dados

      Só no Brasil, hám quase 20 milhões de pessoas idosas. Isso representa 11% da população, segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. E as projeções apontam que em 40 anos o percentual de pessoas idosas no Brasil deve triplicar, aproximando-se de 29,7% da população. E de acordo com tais projeções, em 2050 haverá duas vezes mais idosos do que crianças na sociedade brasileira.

      Por isso, a fim de garantir o envelhecimento da população de forma saudável e tranquila, com dignidade, sem temor, opressão ou tristeza, é necessário trabalhar intensamente na prevenção da violência e na identificação e no encaminhamento correto de casos de violência. E preparar as novas gerações  com informações, materiais e recursos educacionais, de forma a assegurar um envelhecimento digno e saudável.

Dados estatísticos: Universidade Federal Fluminense

      

terça-feira, 14 de junho de 2016

Professor paulista é o primeiro cego a tornar-se livre-docente no Brasil

Por meio de maquetes, o professor Eder Camargo ensina
Física aos alunos
       Primeiro professor com deficiência no País a receber o título de livre-docência, Eder Pires de Camargo, de 43 anos, é natural de Lençóis Paulista, no interior do Estado. Ele conquista o degrau mais elevado carreira acadêmica em Física pela Universidade Estadual Paulista, a Unesp (o primeiro é professor titular).

      Foi quando tinha nove anos de idade que o professor começou a perder a visão, restando apenas um pouco de visão lateral periférica que serve de auxílio na locomoção noturna, onde é possível perceber detalhes, como por exemplo, o meio-fio da calçada. Quando chegou à graduação, em 1992, teve que contar com a ajuda da mãe da irmã, que liam para ele os textos científicos, devido à falta de publicações acessíveis na época. Além disso, a família e amigos transcreviam entrevistas e as digitavam para facilitar o estudo de Eder. A licenciatura em Física foi concluída em 1995. E a vontade em ensinar o motivou a concluir o mestrado, doutorado e pós-doutorado na mesma área.

       Seus estudos, nos últimos dez anos, focaram em alternativas de ensino de Física para pessoas com ou sem deficiência visual que culminaram na conclusão de sua tese de livre-docência pela Unesp Ilha Solteira. Com 492 páginas, seu trabalho tomou por base referências bibliográficas de cerca de 40 publicações. E desde o ano 2000, ele utiliza o programa de computador Virtual Vision, que escaneia livros que ganham voz. Mas, de acordo com ele, uma das dificuldades é que o aplicativo não reconhece equações, gráficos nem figuras, bastante empregados no mundo da Física. A saída, para isso, era pedir aos familiares que interpretassem as figuras contidas nas publicações. Então ele as decifrava e fazia a sua própria análise.

Trabalho como professor

       Na sala de aula, Camargo usa como recurso o computador com voz e maquetes. E apesar de não ver quase nada consegue escrever no quadro-negro, pois foi alfabetizado na infância. Sua didática de ensino prioriza trabalhos em grupos e debates, pois acredita que a metodologia ativa facilita a aprendizagem.

       O educador já publicou cinco livros. O sexto, Inclusão e necessidade educacional especial: compreendendo identidade e diferença por meio do ensino da física e da deficiência visual. A expectativa do professor é distribuí-los entre licenciados de Física de universidades públicas paulistas e professores da rede de ensino pública estadual.

Fonte: Diário Oficial

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Para onde vão os mosquitos no inverno?

O inverno é a melhor época para combater o inimigo que no
verão faz milhares de vítimas por conta das doenças que
transmite
      Com as chegada das baixas temperaturas não somos mais incomodados, diurna e noturnamente, pelos desagradáveis pernilongos que perturbam nosso sono e no dia seguinte nos deixam com coceiras generalizadas. Pior disso tudo, foi a presença do assustador Aedes Aegypti nos últimos anos, que muito mais que coceira, trouxe doenças que causaram milhares de mortes, além da sequelas nas crianças provocadas pelo vírus da Zika. Mas o frio chegou, e o que acontece com os pernilongos nessa época do ano? 

      Os pernilongos adultos não suportam as baixas temperaturas e simplesmente morrem, em geral quando o clima chega perto dos 15º C. A espécie não entra em extinção porque nem todos os pernilongos estão na fase adulta nessa época do ano. Durante o inverno, os ovos e as larvas do pernilongo passam a ter um metabolismo muito lento, que retorna seu desenvolvimento normal quando começa a esquentar de novo. "Essas fases aquáticas são muito duradouras e resistem ao inverno", explica o bioquímico José Maria Soares Barata, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Vale destacar que pernilongo é o nome popular dado a vários mosquitos da família Culicidae, sendo os mais conhecidos o Aedes aegypti (transmissor da dengue, zika e chikungunya), o Anopheles sp. (vetor da malária) e o Culex sp. (pernilongo caseiro). Na fase adulta eles vivem, em média, de 30 a 90 dias.

        O ciclo de vida dos mosquitos é dividido em ovo, larvas, pupa e adultos.Esse ciclo é chamado de desenvolvimento holometábolo, o que quer dizer um desenvolvimento completo, não apresentando, portanto, um mosquito filhote que se torna adulto. Por isso, mais do que nunca, é necessário combater focos e criadouros a fim de se evitar um aumento no número de casos das doenças como ocorreu nos verões passados.

domingo, 12 de junho de 2016

Vidas inocentes que se perdem por causa da ignorância humana

Não fosse a ignorância e o descaso, milhões de
vidas marinhas poderiam ter sido salvas
     Perto de cem milhões de animais marinhos morrem a cada ano, devido à poluição por plástico no oceano, provocada pela produção de igual cifra de toneladas de lixos nos mares. Uma realidade nada agradável, lembrando que 8 de junho é considerado o Dia Mundial dos Oceanos.

     De acordo com Bertha Remon, representante da ONG Biodiversidade no Sal, 80% destes plásticos procedem do continente, levado das zonas costeiras ou fluem até o mar através de rios e ribeiras, com as chuvas. Ou seja, aquela tampinha de garrafa que você considera um lixo insignificante a ponto de esquecê-la na areia da praia pode causar um estrago enorme. Contamina a água e acaba na boca de um animal, porque este a considera um alimento. Estes plásticos afetam as espécies marinhas através da ingestão dos detritos, a incorporação de componentes tóxicos à cadeia trófica, passando e acumulando-se nos diferentes níveis tróficos (do peixe pequeno ao peixe grande), até chegar aos humanos.

      As tartarugas, enquanto espécies marinhas, acabam sofrendo os efeitos desta poluição, uma vez que são especialmente susceptíveis  a danos pela ingestão de detritos marinhos devido à sua estrutura anatômica. Elas ingerem os detritos por confundi-los com o seu alimento. Além disso, outra causa de mortalidade entre as tartarugas é morrerem por asfixia quando ficam presas nos detritos e não conseguem chegar à superfície para respirar. "Algumas vezes, se a lesão não é muito grave, ainda somos capazes de retirar os detritos que obturam o tubo digestivo, ou emaranhados nas barbatanas, e as tartarugas conseguem sobreviver. Mas lamentavelmente apenas uma minoria consegue resistir", explica Bertha.

Evitando uma tragédia


Filhote de tartaruga foi salvo, ao acaso, por
fotógrafo
       O fotógrafo subaquático Enermércio Lima que trabalha nas piscinas naturais registrando fotos dos turistas, em Alagoas, foi surpreendido, no mês passado, por um filhote de tartaruga que nadava preso a pedaços de nylon. Ele registrou os momentos de aflição do animal para alertar sobre o descarte inadequado de plástico no mar e resgatou o filhote, que recebeu o atendimento de uma bióloga.

       De acordo com o fotógrafo, é comum encontrar na região da Área de Preservação Ambiental Costas dos Corais plásticos abandonados no mar e animais marinhos mortos por causa do lixo.

Fonte: Agência de Notícias de Direitos Animais
Foto 1: Internet
Foto 2: Enermércio Lima