A Língua Portuguesa, entre todas as línguas europeias, é a única que não conta com um dicionário etimológico com as características exigidas pela linguística histórica, filologia e outras áreas do conhecimento. Por conta disso, o Núcleo de apoio em pesquisa em Etimologia e Historia da Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo lançou projeto voltado ao desenvolvimento de um dicionário, de acordo com os padrões internacionais, e com o propósito de auxiliar pesquisadores que se dedicam a aspectos históricos, fenômenos ou fatos linguísticos ligados ao idioma. Assim como acontece com os dicionários Oxford, para a língua inglesa, e Le Robert, para a francesa. Entende-se por etimologia, a parte da gramática que trata da historia ou origem das palavras.
A título de informação, ao longo dos séculos, uma palavra latina transmitida pela boca do povo, sem interferências da norma culta, transformou o som de "T" em "D" entre vogais. Assim, civitatem virou cidade e mutum, mudo. Alguns outros casos, algumas palavras não seguiram o curso regular e acabaram tendo interferências de outras palavras. Então, bilancia, nome da fruta se assemelha a um melão, transformou-se em melancia.
Sem uma boa etimologia, toda a pesquisa em linguística histórica pode ser comprometida, segundo observa o linguista Mario Eduardo Viaro, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP e coordenador do projeto. Porque não há nos dicionários etimológicos da língua portuguesa menção à datação da primeira ocorrência das palavras. Também muitas informações encontradas nos dicionários de língua portuguesa são falhas quanto aos seus dados etimológicos. Como exemplo, o linguista cita a palavra otimista, que erradamente dizem que vem de "ótimo" + "ista", quando na verdade é originária do francês optimiste.
Fonte: Revista Fapesp
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