segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Qual é o seu jeitinho brasileiro?

Associado à criatividade, o "jeitinho brasileiro" encontra
meios para lidar com situações cotidianas
     O tão comentando "jeitinho brasileiro" é usado para várias definições. Como se de uma particularidade do povo brasileiro, nascesse uma outra identidade que o definisse. É usado tanto para situações positivas como as negativas. Quando positiva, pode ser associado à criatividade em lidar com as mais diversas situações do cotidiano; ao passo que o seu lado negativo indicaria uma suposta maneira em encontrar caminhos para o "se dar bem", e deixar de lado questões morais e éticas.

     De acordo com pesquisa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, o "jeitinho brasileiro" pode apresentar outras palavras e expressões que trazem uma maior precisão para o entendimento de um determinado fato, segundo a autora do estudo, a professora de inglês Valquíria da Silva Moisés. As palavras que ela sugere são: solidariedade, sobrevivência, habilidade, criatividade, flexibilidade, improvisação, charme, simpatia, malandragem, prevaricação, hipocrisia, flexibilidade moral. "Há uma linha muito tênue entre essas palavras e, por isso, fica difícil estabelecer uma ordem muito rígida entre elas". Para o trabalho, ela selecionou músicas, textos e até fatos históricos sobre o tema. Além de analisar vários trabalhos na área corporativa, administração, ciências sociais, letras, literatura, comunicação e semiótica.

Personagem polêmico Zé Carioca retrata o "jeitinho
brasileiro" associado à malandragem
     Como exemplo, a pesquisadora cita um caso ocorrido durante a Segunda Guerra, quando a Força Expedicionária Brasileira, a FEB, estava na Itália, na Cordilheira dos Apeninos, junto com os soldados norte-americanos. Todos sofriam com a neve, o frio intenso e a chuva, mas ocorriam muito mais baixas de americanos do que de brasileiros. Acontece que para se manterem aquecidos, os brasileiros forravam as botas com folhas de jornal e, com isso, padeciam menos. Já os americanos, apesar de estarem mais acostumados com as baixas temperaturas, ficavam aguardando alguma solução vinda dos seus superiores e padeciam mais. "Este "jeitinho" pode significar sobrevivência, improvisação ou criatividade", explica.

     O "jeitinho" já foi traduzido para a Língua Inglesa como ability, working something out, find a way round, ou mesmo Brazilian jeitinho. Os jornais The Guardian e Financial Times já utilizaram as expressões Brazilian way e Brazilian litlle way. No entanto, o "jeitinho" não é privilégio brasileiro. "Encontramos algo semelhante em vários outros países", segundo Valquíria, citando as definições alemã trinkgel, italiana bustarela, e russa vizyatha.  

Fonte: USP
Fotos: Internet


domingo, 30 de agosto de 2015

"Imprensa Negra Paulista", um retrato da abordagem dos meios de comunicação no período republicano

Exemplar de setembro de 1930
     Em cartaz até o dia 11 de outubro, a exposição Imprensa Negra Paulista retrata como os meios de comunicação paulistas da época abordavam a organização dos negros para combater a discriminação racial no período republicano e como aconteceram as primeiras lutas em favor de oportunidades de ascensão econômica e social. Para conhecer este importante período, uma pesquisa feita na Universidade de São Paulo, a USP, analisou textos publicados em jornais, revistas e outros periódicos especializados que circularam em várias cidades do estado de São Paulo nas primeiras décadas do século 20. A Casa de Dona Yayá , sede do Centro de Preservação Cultural da USP, localizado no centro de São Paulo, recebe a mostra.

     Quem for à exposição, poderá conferir fotografias, recortes de jornais e outros registros publicados em veículos de comunicação paulistas, sobretudo os da capital e da cidade de Campinas, regiões onde o ativismo político dos negros era mais intenso. Uma oportunidade para refletir sobre a vida de um povo que sempre procurou defender seus interesses coletivos mesmo em um período em que o Estado não garantia uma equalização de condições para este grupo da população. 


Criado como porta-voz da mais respeitada entidade negra, a
Frente Negra Brasileira, deixou de circular depois de 1937,
após o golpe de Estado
     De acordo com Ana Barone, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a FAU, e coordenadora da exposição, a mostra e o site do Instituto de Estudos Brasileiros, onde se encontra disponível a coleção da Imprensa Negra, servirão de fontes documentais e de informação sobre as relações raciais no Brasil para a comunidade acadêmica. O período estudado foi de 1903 a 1963. Os jornais que compuseram o estudo pertenciam aos velhos militantes dos movimentos negros, como o Clarim D'Alvorada, Progresso, A Voz da Raça e Novo Horizonte.

     A exposição fica aberta ao público de segunda a sexta-feira das 9 ás 17 horas, e domingo, das 10 às 15 horas. Informações no Site do IEB

Exposição Imprensa Negra Paulista
Centro de Preservação Cultural - Casa de Dona Yayá
Rua Major Diogo, 353 - Bela Vista - São Paulo


Fonte: USP
Foto: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades
           Pindorama Press Agentur Berlin

sábado, 29 de agosto de 2015

A pesquisa das pesquisas que tudo pesquisam

A credibilidade de um estudo depende da
reprodutibilidade da evidência em que se baseia
    Por definição, pesquisa é um processo sistemático para a construção do conhecimento humano, gerando novos conhecimentos, podendo também desenvolver, colaborar, reproduzir, ampliar, detalhar, atualizar algum conhecimento pré-existente. Não por acaso, diariamente, uma enxurrada delas tomam conta dos noticiários. E para saber mais, basta uma consulta simples na internet sobre qualquer assunto, que as mais variadas pesquisas informam as recentes investigações acerca do tema. Muitas delas, costumam causar confusão, e se levadas ao pé-da-letra, tornam o nosso cotidiano bem complicado. Por exemplo, ora o vinho é vilão, ora é mocinho. O café faz bem ou faz mal?

Café     

     Pesquisa aponta que café pode ter efeito melhor do que a morfina por possuir proteínas que causam um efeito similar ao da medicação. E mais, a bebida dá uma enorme sensação de prazer e inibe o apetite. Uma outra pesquisa apontou que o café apresenta ação protetora contra o diabetes tipo 2. Mas se estava tudo muito bom no mundo cafeíno, uma outra pesquisa revelou que café encolhe os seios. Isso mesmo. A pesquisa da universidade sueca descobriu que mulheres com genótipo específico, que tomam café tem seios menores. E o mais assustador é que as mulheres que apresentam uma das variantes C do gene e que bebiam mais de três xícaras de café por dia, desenvolviam câncer de mama consideravelmente menos que outras mulheres de gene A que consomem a mesma quantia de café. E a função energética do café só tem efeito em pessoas preguiçosas, revelou outra pesquisa da Universidade de Columbia.

Vinho

     Pesquisa mostrou que o vinho tinto pode proteger os dentes contra cáries, assim como o extrato de semente de uvas. Dentre todos os líquidos que o Conselho Nacional de Pesquisa na Espanha analisou para testar o combate à caries, o vinho tinto, com ou sem álcool, com extrato de semente de uvas, se mostraram mais eficazes em se livrarem das bactérias. O vinho pode prolongar a juventude. O vinho tinto também é benéfico para prevenir a perda auditiva. Hã? Sim, o vinho. Ele deixa os rins saudáveis, é o que mostrou uma outra pesquisa. A bebida pode prevenir a doença de mal de Alzheimer. Outra pesquisa revelou que ele melhora o sistema imunológico. Por outro lado, como toda bebida alcoólica, o vinho pode atrapalhar o desempenho sexual, e comprometer o efeito de remédios, segundo pesquisas.

Chocolate

     Pesquisa revela que chocolate pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Ele não faz mal aos dentes, mostrou outra pesquisa. Um outro estudo mostrou que o chocolate diminui a pressão arterial. Pesquisa italiana revelou que chocolate faz bem ao cérebro. Mas vamos com calma. Nem todos eles trazem os tais benefícios; quanto mais cacau melhor. Ou seja, os indicados são os amargos ou meio-amargos. Esqueça aquela barra de chocolate branco. Vilão, vilão. Para a saúde e, principalmente, para o peso.

Pesquisas em xeque 

     Não se pode negar que a importância das pesquisas para a evolução das espécies; sejam para os humanos, os animais e os vegetais, por que não? São as pesquisas que nos ensinam sobre o comportamento de determinado animal. Um estudo pode informar, por exemplo, qual cachorro melhor se adapta ao seu estilo de vida. Ou pode ensinar pais na educação dos filhos. Por outro lado, algumas que poderiam servir de orientação para a psicoterapia, provavelmente só criaram mais confusão.


Estudar o ser humano, deve-se levar em consideração o
número existente de variáveis
     Um estudo comprovou que 61% das pesquisas na área da Psicologia não tem fundamento algum. Um grupo formado por 270 pesquisadores refez cem experimentos que já haviam anteriormente publicados nas mais respeitadas revistas científicas do mundo. E a surpresa é que menos da metade desses estudos refeitos chegou aos mesmos resultados dos originais, segundo artigo publicado na revista Science. 

     Uma possível explicação é que em biologia, psicologia e medicina, o número de variáveis a serem controladas é muito grande. Quando se pesquisa camundongos, é certo afirmar que por terem o mesmo background genético e viverem toda a vida em um ambiente parecido, as conclusões podem ser as mesmas. Quando os humanos são estudados, o número de variáveis é enorme.

     Não devemos nos esquecer de que somos seres individuais, e como tais, temos a nossa particularidade e o nosso modo de interagir com o mundo. Uma pesquisa pode apontar um direcionamento; mas o que pode servir para um determinado indivíduo, não irá se aplicar a outro. 

     E com tantas pesquisas, fica difícil, muitas vezes, chegar a um consenso. Entretanto, fato é que não podemos nos esquecer que será o nosso comportamento individual que revelará realmente como somos.



     
     

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Contradições de um "Mc Dia" nada feliz para a saúde

Parece, mas não é. Versão integral caseira do Big Mac trás
mais benefícios à saúde de crianças e adultos
     Coordenado pelo Instituto Ronald McDonald, e de acordo com o site da instituição, trata-se da "maior campanha do país em prol de adolescentes e crianças com câncer, o McDia Feliz é muito mais do que uma campanha de arrecadação, é uma iniciativa que mobiliza os mais diferentes setores da sociedade em torno da causa, que é contribuir para o aumento dos índices de cura do câncer infantil e juvenil"

     O evento ocorre sempre no último sábado de agosto e, há 26 anos, toda renda obtida com a venda do lanche Big Mac é revertida a projetos de instituições que trabalham em benefício de adolescentes e crianças com câncer.

O preocupante lanche

     Nas últimas décadas, aumentou a preocupação de entidades médicas quando o assunto é o risco da má-alimentação para o desenvolvimento do câncer, principalmente entre as crianças e os adolescentes; público-alvo principal da rede norte-americana. 

     É curioso perceber que os milhões de dólares arrecadados na campanha com a venda do lanche destinam-se a combater uma doença, cujo alimento - o Big Mac - pode conter componentes químicos que podem causar o câncer, uma preocupação inclusive do governo norte-americano. Como exemplo, o estado da Califórnia criou uma lei obrigando a rede McDonalds e outras empresas fixarem em suas lojas uma advertência admitindo que certos químicos presentes em seus produtos podem causar câncer. 


Aviso em inglês alerta para os riscos de câncer associado ao
ingestão de componentes químicos 
     De acordo com a matéria no jornal The Racket Report, a rede McDonalds "é o novo tabaco" - uma alusão a preocupação que o governo norte-americano mantem com a indústria do tabaco. "É evidente que os avisos não estarão fixados em locais muito visíveis, mas em locais escondidos, em que muitas vezes não se olha". A preocupação, em especial, é com o componente acrilamida, uma substância química suspeita de ser cancerígena.  

     De acordo com o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, alguns estudos com roedores descobriram que altos níveis de exposição a acrilamida podem aumentar o risco de desenvolver vários tipos de câncer. Como o ser humano absorve o produto químico de forma diferente do que os ratos, não está claro como a acrilamida seria perigosa ao ser humano. A acrilamida é uma substância de ocorrência natural que se forma quando o alimento é frito, cozido, queimado ou tostado por longos períodos em altas temperaturas. 

     A Agência Internacional de Investigação de Câncer considera a acrilamida um "provável carcinógeno humano". Até que novas pesquisas sejam feitas, o governo norte-americano incentiva o consumo de frutas e verduras frescas, grãos integrais, baixo teor de gordura ou produtos lácteos sem gordura, carnes magras, aves, peixes, feijão, ovos e nozes. Aconselha-se também evitar o consumo de gorduras saturadas e trans, e altas quantidades de sal e açúcar.

     Ainda que não esteja muito clara que a acrilamida seja um potencial causador de câncer, os altos níveis de gordura e sódio presentes nos lanches, por si só, são boas razões para se evitar o consumo. Sem contar a alta presença de conservantes químicos, que preservam o lanche por longos períodos. Testes demonstraram que o lanche demora muito, mas muito tempo para apodrecer. Há relatos de que o lanche se preservou por dois anos, sem sofrer mudança no cheiro, aparência ou sabor.

     Em 2004, o produtor independente norte-americano Morgan Spurlock, no documentário Supersize Me, destacou os perigos do consumo de fast foods, que incluía o ganho de peso, alterações de humor, disfunção sexual e danos ao fígado. Posteriormente, adicionou à esta lista de perigos à saúde, o câncer. O documentário, em que o próprio Spurlock se submete a uma dieta por 30 dias apenas com os lanches do McDonalds, teve uma indicação ao Oscar.

Enquanto isso...

     Em 2014 foram vendidos 1.789.710 milhões de sanduíches Big Mac em todo o Brasil, o que contribuiu para a arrecadação recorde de 22,4 milhões de reais, representando um crescimento de 9,7% em relação ao resultado de 2013.

     A causa é nobre. Mas as entidades que tratam de pacientes com câncer estão abertas para receber doações o ano todo, e sem que para isso, o doador seja obrigado a expôr sua saúde através do consumo de produtos com alto teor de gordura e duvidosas substâncias.


Fonte: Instituto Ronald McDonald
            The Racket Report
             Care 2
Foto: The Racket Report

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

QUINTA FEMININA: Madre Teresa de Calcutá, mito ou marketing?

Há rumores de que Madre Teresa
seja canonizada pelo papa Francisco
 em 2016
     Madre Teresa de Calcutá nasceu na cidade de Skopje, Macedônia, em 26 de agosto de 1910, sob o nome de Agnes Gonxha Bojaxhiu. De uma família católica da comunidade albanesa do sul da antiga Iugoslávia, desde pequena descobriu seu dom para a vocação religiosa e ingressou na Ordem de Nossa Senhora de Loreto, na Irlanda, aos 18 anos. Mas somente quando foi para um colégio na cidade de Darjeeling, na Índia, em 1931, é que fez seus votos de obediência, pobreza e castidade, tornando-se noviça e adotando o nome de Teresa.

     Em Calcutá, estudou enfermagem e deixou a Ordem das Irmãs Loreto ao receber um "chamado divino" para viver com os pobres e exercer sua vocação. Conforme seu trabalho crescia, aumentava o amor de Teresa pelo povo da índia. Assim, ela adotou a cidadania indiana. Religiosa de Calcutá, abandonou o hábito da Ordem e passou a se vestir com um sari branco, debruado de azul e adornou-se com uma pequena cruz.

     Em 1948, com a ajuda de doações, Madre Teresa conseguiu um albergue de peregrinos, onde fundou a Ordem das Missionárias da Caridade e passou a dar assistência aos necessitados. O trabalho desenvolvido com os pobres de Calcutá envolveu a criação de escolas ao ar livre, centros para cegos, idosos, leprosos, aleijados e pessoas necessitadas de cuidados. Do Papa Pio XII, em 1950, a Ordem recebeu sanção canônica, e do governo indiano, a Madre recebeu a medalha Senhor de Lótus. Em 1965, o Vaticano aprovou a Congregação como parte da Igreja Católica no mundo.

     Em 1975, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, mas só recebeu o título em 1979. Após um ataque cardíaco em 1983, sua saúde ficou bastante comprometida, e sete anos mais tarde, solicitou o afastamento do trabalho da Ordem. Faleceu em 5 de setembro de 1997, vítima de uma parada cardíaca, aos 87 anos de idade, quando preparava um serviço religioso em memória da Princesa Diana de Gales, sua amiga. O mesmo veículo que, em 1948, foi utilizado para transportar o corpo do líder espiritual Mahatma Ghandi, realizou o cortejo fúnebre de Madre Teresa.

     No dia 19 de outubro de 2003, o Papa João Paulo II beatificou Madre Teresa de Calcutá, mas o caminho para a santidade está temporariamente barrado por conta de vários testemunhos e provas clínicas que negam a cura do cancro a Monica Besra, indiana que tinha um pequeno quisto, curado após um ano de medicação.

Uma figura arquitetada pelo marketing cristão?


Christopher Hitchens morreu em 2011,
aos 62 anos de idade
     Em 1994, o escritor e jornalista britânico - conhecido como um dos mais proeminentes expoentes do moderno ateísmo - decidiu investigar, recolher testemunhos e expor o que ele apelidou de "figura arquitetada pelo marketing cristão na luta contra o aborto". Em seu livro The Missionary Position: Mother Teresa in Theory and Practice, expõe o fruto de sua investigação e estende críticas perturbadoras à Agnes Gonxha. Embora seja um livro polêmico, ele nunca foi processado pelas suas acusações. Tempos depois, um documentário com um título fortíssimo O anjo do inferno, do próprio investigador, encena o que fora escrito no livro.

     Não somente o jornalista, mas a Universidade de Montreal, no Canadá, num estudo biográfico e profundo, investigou aquilo que considerou como extremo, perturbador e quase patológico a devoção e amor ao sofrimento dos seus pacientes, a sua recusa em providenciar apoio clínico ou paliativo, a sua ligação com líderes de índole duvidosa e a forma como tratava as suas freiras. O mito de altruísmo e generosidade à volta de Madre Teresa é desmontado pelo estudo de Serge Larivée e Genevieve Chenard do Departamento de Psico-educação da Universidade de Montreal e Carole Sénéchal da Universidade de Ottawa. Para o estudo, os pesquisadores coletaram 502 documentos sobre a vida e obra de Madre Teresa.

     Com 517 missões estabelecidas, Madre Teresa contava com o auxílio de médicos que visitavam as instalações. Dois terços das pessoas recebidas esperavam encontrar apoio médico e tratamento adequado, enquanto um terço se deitava à espera da morte sem receber qualquer cuidado. De acordo com a investigação, os médicos relatam falhas de higiene significativas, condições adversas e falta de qualquer tipo de cuidado médico aos enfermos, comida ou analgésicos. O problema nunca foi falta de dinheiro - a Fundação criada por ela tinha centenas de milhões de dólares - mas sim uma concepção de sofrimento e morte; quase sádica. "Existe algo de muito belo em observar os pobres aceitarem o sofrimento, tal como Jesus fez. O mundo ganha muito com o seu sofrimento", foi a resposta de Madre Teresa às críticas do jornalista Christopher Hitchens. No entanto, quando a própria Madre Teresa precisou de cuidados paliativos, se tratou num moderno hospital americano.


Cena do filme "Madre Teresa", produção italiana com a atriz
Olivia Hussey no papel da religiosa
     Ainda, segundo o estudo, "Madre Teresa era muito generosa nas suas orações mas bastante comedida no gasto dos milhões de sua fundação quando se tratava de aliviar sofrimento alheio. Durante várias cheias na Índia ou após a explosão da fábrica de pesticidas de Bhopal, ela ofereceu orações e medalhas da Virgem Maria, mas nenhuma ajuda monetária. Milhões de dólares foram transferidos para as várias contas bancárias das Missões de Madre Teresa, mas a maioria das contas foram mantidas em segredo", diz Larivée.

     Em seu discurso de aceitação do Prêmio Nobel da Paz, ao falar sobre as mulheres da Bósnia que eram violadas pelos sérvios e recorriam ao aborto, disse "Sinto que o maior destruidor da paz dos dias de hoje é o aborto, por ser uma guerra direta, um assassinato feito pela própria mãe".

     Mesmo diante de acusações graves, os pesquisadores reconhecem poder haver um efeito positivo do mito de Madre Teresa. "Se a imagem de Madre Teresa alimentou a imaginação coletiva encorajando as iniciativas humanitárias, temos apenas que agradecer. É certo que ela inspirou muitos voluntários, cujas ações aliviaram verdadeiramente o sofrimento de necessitados sem serem bajulados pela imprensa. De qualquer forma, a cobertura dada à Madre Teresa deveria ter sido um pouco mais rigorosa.


Fonte: Editora Moderna, Wikipedia, Portugal Mundial
Foto: Wikipedia
           

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Lei de direito autoral no mundo digital. É possível?

Preocupação do MinC é garantir que os artistas sejam
remunerados pelo seu trablho
    Para o secretário-executivo do Ministério da Cultura, o MinC, João Brant, é possível conseguir aplicar regras brasileiras aos provedores de conteúdo de internet globais, de maneira a garantir que os artistas brasileiros sejam remunerados pelo seu trabalho. Em sua visão, hoje os artistas ganham muito pouco pelo conteúdo baixado da internet.

     Recentemente, foi publicado um conjunto de quatro normativas: o decreto, uma portaria, duas INs que regulamentam a fiscalização estatal do serviço de gestão coletiva. Com isso, o Ministério da Cultura passa a ter um papel estratégico de acompanhamento e fiscalização da gestão coletiva. "Isso significa uma reorganização do setor". 

     Ele conta ainda que a Lei de Direitos Autorais precisa ser revista, incluindo o texto que será encaminhado ao Congresso Nacional para incluir a questão do direito autoral digital na internet. Segundo ele, hoje a União Brasileira de Editoras Musicais passou a estabelecer acordos com algumas empresas, como o Google, que se tornam ilegais a partir da promulgação do decreto; uma vez que a gestão do direito tem que ser feita por quem realmente detém o direito. "Não pode haver intermediários, como gravadoras, fazendo a gestão dos direitos em nome dos autores. Ainda que hoje o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, o ECAD, possa oferecer algum tipo de suporte aos artistas, a questão vai além, "porque se passa a lidar com gestão coletiva com as diferentes indústrias que atuam com direito autoral, e não somente com a música. O ECAD é uma instituição privada instituída pela lei 5.988/73 e mantida pela Lei Federal 9.610/98 e 12.853/13. Seu principal objetivo é centralizar a arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical.

     A preocupação do MinC é como garantir que os criadores, os artistas brasileiros, sejam remunerados pelo seu trabalho, ao mesmo tempo, prover acesso o mais amplo possível do público a essas produções.

     Hoje, os principais atores de venda de conteúdo cultural na internet não são nacionais. Ainda assim, o secretário-executivo do MinC acredita ser possível agir; desde que haja uma discussão de governança na internet. "Acho que isso dialoga, em parte, com a convenção da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco, que garante aos Estados nacionais a possibilidade de adotar regras diferenciadas para fortalecer a diversidade cultural", acredita. 

     Outra preocupação do MinC é com o modelo atual adotado por algumas empresas com o setor, a Apple, por exemplo. "Ao fazerem contratos diretos com as gravadoras, dizem garantir o pagamento dos direitos autorais aos artistas, quando na verdade o autor brasileiro não recebe quase nada. Como ele está no catálogo da empresa, entra numa conta geral", garante ele, que acredita ser possível o Brasil interferir neste sistema. "O País é um mercado grande o suficiente para poder definir suas regras e fazer com que as empresas se adaptem às regras brasileiras".

Fonte: Ministério da Cultura

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Crise hídrica ou de gestão?

Não fosse pela sua poluição, represa Billings poderia
abastecer cerca de 4 milhões de pessoas
Seria correto dizer que a Região Metropolitana de São Paulo vive há meses a pior crise hídrica das últimas décadas? Não. É o que acredita o professor Luis Antonio Bittar Venturi, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, a USP. Para ele, falar em escassez hídrica é um erro, assim como culpar a falta de chuvas pela crise. "Ao contrário do senso-comum, a água não é recurso finito, pelo contrário, trata-se do recurso mais abundante do planeta", explica Luis Antonio.

Mas por que as torneiras estão secas? Segundo ele, ocorreram dois problemas de ordem gerencial: poluiu-se os recursos hídricos disponíveis e não se desenvolveu capacidade técnica para despoluir numa velocidade suficiente para atender a demanda. Apenas a represa Billings teria água suficiente para abastecer mais de 4 milhões de pessoas, mas é subutilizada pois está poluída. "Quando se abre a torneira e não há água, a causa é sempre gerencial", enfatiza o professor.

Com pós-doutorado na Universidade de Damasco sobre recursos hídricos, com foco na bacia do rio Eufrates e na produção de água nas usinas dessalinizadoras, o geógrafo Luis Antonio, através de sua experiência na Síria, explica que não se pode considerar apenas a água doce, destacada do ciclo hidrológico, já que ela advém, na quase totalidade, dos oceanos via evaporação e precipitação. "Enquanto a terra girar, o sol brilhar e a lei da gravidade estiver vigorando, as recargas de água no continente estarão asseguradas. Não há como interromper o ciclo hidrológico. E o que existe de água doce disponível na superfície e nos subsolos é muito mais do que a capacidade humana de utilizá-la. Só os cerca de 110 km³ de água que precipitam nos continentes anualmente já seriam suficientes para abastecer a humanidade". Para ele, o que é finita é a capacidade do homem de captar, tratar e distribuir a água para assegurar o abastecimento. "É um absurdo dizer que a crise hídrica de São Paulo é causada pela falta de chuva, sendo que temos enormes reservatórios subutilizados", adverte.

No caso do Cantareira, o que acontece é que as represas que compõem o sistema estão secando porque se tem usado a água num ritmo muito maior do que o das recargas naturais. Se os seis sistemas fossem mais equilibrados em termos de oferta e demanda de água, isso não ocorreria. Medida que o governo estadual passou agora a implementar. "Aí a mídia mostra represas secando para ilustrar a ideia de que a água vai acabar. Pode até acabar na sua torneira, mas não por falta dela, e sim por incapacidade de se assegurar o abastecimento.

Água, u um recurso renovável?

Para o geógrafo, é errado classificar a água, como muitos livros didáticos ensinam, como um recurso renovável. "Recurso renovável é aquele que, ao ser utilizado, tem a capacidade de recuperar seus estoques por mecanismos naturais, como no caso das florestas. Bem diferente da água, já que as suas quantidades são estáveis no  Planeta. A molécula de água não se destrói com o uso e sempre acaba voltando para o sistema, ainda que em outro estado, de modo que sempre apenas 'emprestamos' água do ciclo hidrológico".

Isso não significa que devemos desperdiçar este recurso. Ao contrário, uma vez conscientes de que captar, tratar e distribuir água é caro, devemos ter a noção da importância de economizarmos este importante recurso para a vida. E mais. Pouco se fala em desperdício qualitativo. Como as casas não recebem água de reuso, a mesma água que se bebe se usa para dar a descarga. Um absurdo. Cerca de metade dos usos domésticos não necessitam de água potável.

Fonte: USP
Foto: Internet

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Hoje é Dia da Infância. Há motivos para comemorar a data?

No Maranhão, mais de 230 mil crianças são obrigadas a
trabalhar, de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, o IBGE. Estado ocupa o quarto
lugar no ranking nacional do trabalho infanto-juvenil
No mundo todo - em alguns países mais, outros menos - diariamente crianças são mortas. Em muitos países, meninas e meninos são sexualmente explorados e alimentam uma rede internacional de prostituição. Pequenos tornam-se grandes quando são obrigados a trabalhar como adultos. Desde cedo, pegam em armas, e pela sua condição de menor, são as presas perfeitas na mão de criminosos. Tornam-se mulas no comércio das drogas. Vivem no fogo-cruzado de mães e pais em processo de divórcio. Quando em condição de adoção, viram mercadoria na prateleira e suas condições físicas devem satisfazer aos anseios desta demanda. E bem baixinho choram, quando o grito do adulto incompreende sua condição de criança. É com esta realidade que hoje, 24 de agosto, comemoramos (?) o Dia da Infância.

O Dia da Infância, que em nada tem a ver com o Dia da Criança, é uma data instituída pela Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, com a finalidade de promover uma reflexão sobre a condição da vida das crianças de todo o mundo.

Realidade brasileira

Quando, em julho, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, completou 25 anos, o Unicef lançou o relatório ECA 25 anos - Avanços e Desafios para a Infância e a Adolescência, onde apresenta uma análise de indicadores relacionados à infância e à adolescência, desde a aprovação do ECA, em 1990. Ao longo dos anos, o Brasil apresentou avanços, quando implementou políticas e programas que garantiram a sobrevivência e o desenvolvimento de milhões de meninos e meninas brasileiros. Entre os avanços, estão a queda da mortalidade infantil e o progresso em todos os indicadores os indicadores na área da educação, a redução do trabalho infantil e a redução do sub-registro de nascimento.

Outro indicador positivo é a queda na taxa média de analfabetismo entre brasileiros de 10 a 18 anos de idade; a queda foi ainda mais significativa entre os adolescentes negros.

Por outro lado, o Unicef alerta que muitas crianças e adolescentes estão sendo deixados para trás em razão de sua raça ou etnia, condição física, social, gênero ou local de moradia. Crianças indígenas têm duas vezes mais risco de morrer antes de completar 1 ano de vida do que as outras crianças brasileiras.

Outro problema brasileiro, dentre muitos, é a exclusão escolar. Mais de 3 milhões de crianças e adolescentes ainda estão foram da escola. Os excluídos da educação representam exatamente as populações marginalizadas: são pobres, negros, indígenas e quilombolas. Muitos deixam a escola para trabalhar e contribuir com a renda familiar.

Para o Unicef, a mais grave das violações de direitos que afetam meninos e meninas brasileiros são os homicídios de adolescentes; dessa população que morre, 36,5% são assassinados, o que coloca o Brasil em segundo lugar no ranking dos países com maior número de assassinatos de meninos e meninas de até 19 anos de idade, atrás apenas da Nigéria.

O relatório também analisou o atual modelo de responsabilidade penal de adolescentes entre 12 e 18 anos. A criação do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, o Sinase, foi um avanço nesses 25 anos. No entanto, o modelo de responsabilização de adolescentes não está sendo implementado de forma efetiva. E caso seja aprovada a redução da maioridade penal para 16 anos, o Brasil corre o risco de retroceder o caminho que trilhou ao longo desse tempo. "Aperfeiçoar o sistema socioeducativo, garantindo que ele ajude a interromper a trajetória do adolescente na prática do delito, é uma das tarefas mais importantes que o País tem diante de si", diz o relatório.

Fonte: Unicef
Foto: Blog Luiz Cardoso

domingo, 23 de agosto de 2015

Crianças consomem refrigerante antes dos 2 anos de idade, indica pesquisa

Mais de 30% das crianças consomem refrigerante antes
dos dois anos de idade
Estudo inédito do Ministério da Saúde revelou que 60,8% das crianças com menos de dois anos de idade comem biscoitos, bolachas e bolos e que 32,3% tomam refrigerantes ou suco artificial. Este é o terceiro volume da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. O estudo ainda traz medidas inéditas da população brasileira, como peso, pressão arterial e circunferência da cintura que revelam crescentes índices de excesso de peso e obesidade em adultos.

Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, é importante o trabalho de prevenção já na infância, para que as crianças amanhã não enfrentem os problemas com os quais hoje os adultos se deparam: o risco para problemas do coração e outras doenças crônicas. "É fundamental trabalharmos o incentivo à prática de exercícios e a alimentação saudável desde cedo com as nossas crianças para reverter esse quadro. As crianças, muitas vezes, ajudam na conscientização e mudança de hábitos dos pais", destacou o ministro. 

Este processo deve começar com a mães. Segundo a pesquisa, elas amamentam seus filhos mesmo após os seis meses de idade, período preconizado para o aleitamento exclusivo. Mais da metade das crianças entre nove e 12 meses estão em aleitamento materno de modo complementar.

A Pesquisa Nacional de Saúde foi feita em 64 mil domicílios em 1.600 municípios de todo o país entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014. É o mais completo inquérito de saúde do Brasil.

Fonte: Ministério da Saúde

sábado, 22 de agosto de 2015

Músicos reivindicam uma agência reguladora para o setor

A música sinfônica será tratada num encontro
específico, de acordo com a Funarte
Como parte do processo de consulta à sociedade para a construção da Política Nacional das Artes, a PNA, o Ministério da Cultura e a Fundação Nacional das Artes, a Funarte promoveram, no dia de ontem, o evento Encontro com a Música, onde um grupo de artistas, gestores e produtores que lidam com a música no Brasil, reivindicou a criação de uma agência para a música, - assim como a Ancine, para o cinema - a internacionalização do setor e o apoio para difusão e garantia à diversidade da música brasileira nas mídias.

Um dos pontos abordados entre os presentes foi a necessidade de um olhar mais atento para a música sinfônica, sobre o qual o presidente da Funarte, Francisco Bosco, sugeriu a criação de um encontro específico para debater o tema. Além disso, foi levantada a questão da necessidade de internacionalização do setor. A sugestão seria uma ação conjunta para lançamento de editais entre Ministério da Cultura, Funarte, Apex e Ministério das Relações Exteriores. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos tem a missão de promover as exportações dos produtos e serviços do país, contribuir para a internacionalização das empresas brasileiras e atrair investimentos estrangeiros para o Brasil.

O público ainda destacou a necessidade de garantir a diversidade da música na mídia, regulação de mídia,  e sobre a importância de garantir a difusão, que poderia ser feita por uma agência de música. Outro problema levantado diz respeito aos direitos autorais e recursos de artistas do setor que possam ir para um fundo para o próprio setor.

Francisco Bosco, presidente da Funarte, definiu o encontro como um pontapé inicial, muito importante e parte de um processo complexo. "Quando a gente fala da necessidade de criar uma Política Nacional das Artes, estamos diante de um desafio enorme, porque não encontramos um cenário preparado para isso.Muita coisa tem que ser construída", comentou.

Estão previstos mais cinco encontros com as entidades do setor que tenham apresentado carta à Funarte e que façam um recadastramento junto à Fundação. A ampla participação social seria a realizada num período posterior, com realização de Caravanas pelo Brasil e com implantação de plataforma digital.

Fonte: Ministério da Cultura
Ilustração: gustavogalvao.net

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

São Paulo apresentou queda no deslocamento por bicicleta entre as pessoas de baixa renda

Recente estudo mostrou que, entre 2007 e 2012, houve queda nos deslocamentos feitos com bicicleta na Região Metropolitana de São Paulo. O número de ciclistas passou de 6,3 para 5,4 por 1.000 habitantes, principalmente entre os mais pobres que passaram de 9 para 6 a cada 1.000 habitantes. Entre os mais ricos, ocorreu o inverso, houve um aumento de 2,5 para 4,5.

Os dados foram obtidos através da pesquisa Correlates, travel, patterners and time trends of biclycling in São Paulo, Brazil, 1997-2012, desenvolvido por Thiago Hérick de Sá e Carlos Augusto Monteiro, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, em parceria com Ana Clara Duran, da Universidade de Illinois, e James Woodcock, da Universidade de Cambridge.

Mudança de hábitos

De acordo com o pesquisador Thiago Herick, o uso da bicicleta entre os mais pobres era associado como meio de transporte. A mudança ocorreu a partir de 2007 por questões econômicas. A moto e o carro substituíram a bicicleta como meio de deslocamento até o trabalho. "Eles continuam morando longe do centro e do trabalho. O caminho encontrado para minimizar o impacto dessa segregação espacial da cidade foi adquirir esses meios de transporte. Diferente do que ocorreu entre os mais ricos, que foi o inverso. Eles reconhecem que a bicicleta é um meio mais econômico, sustentável e inteligente de se deslocar; sobretudo no meio expandido, onde as distâncias são menores, a infraestrutura é melhor e a integração com outros modos de transporte é mais fácil na comparação com outras áreas", explica Thiago.

Em sua maioria, os homens são os que mais utilizam este meio de transporte. São sete homens a cada 1.000 habitantes, enquanto entre as mulheres a proporção é de uma para cada 1.000. E mais, são adultos jovens de 19 a 39 anos, com menor grau de escolaridade e renda.

O estudo foi baseado na Pesquisa Origem e Destino da Região Metropolitana de São Paulo de 1997 a 2007, realizada a cada dez anos para a Companhia do Metropolitano de São Paulo, e da Pesquisa de Mobilidade Urbana 2012, também do Metrô.

Fonte: Agência USP
Foto: As Boas Novas

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

QUINTA FEMININA: Cedo ou tarde, mas sempre Cora Coralina

A poetisa Cora nunca abandonou o
ofício de doceira
Ela nasceu Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas em 20 de agosto de 1889, na cidade de Goiás, mas adotou o pseudônimo de Cora Coralina. E como tal foi considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras, tendo seu primeiro livro Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais publicado em 1965, quando já tinha quase 76 anos de idade. Doceira de profissão, adotou estilo próprio ao fugir dos modismos literários.

Apesar de ter estudado até a quarte série primária, a filha do desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, nomeado por D. Pedro II, começou a escrever seus primeiros textos aos 14 anos de idade, publicando-os nos jornais da cidade e na revista A Informação Goiana do Rio de Janeiro. 

A inspiração para escrever o poema Velho Sobrado nasceu quando a poetisa começou a frequentar o Clube Literário Goiano, e através dele passou a escrever para o jornal literário A Rosa, onde em 1910 publicou o conto Tragédia na Roça.

Em 1911, mudou-se para o cidade de Jaboticabal, interior do estado de São Paulo, com o advogado divorciado Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas, e com quem teve seis filhos; dois deles morreram após o nascimento. Ficou por lá até 1924, até mudarem-se para a capital. Assim que chegou, foi obrigada a permanecer por semanas trancada num hotel em frente à estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 haviam parado a cidade.

Em 1934, após a morte do marido, passou  a vender livros. Mudou-se novamente para o interior, dessa vez para a cidade de Penápolis e por lá começou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mais uma vez, mudar de cidade fazia parte de seus planos, e Andradina foi a cidade por ela escolhida, e onde permaneceu até 1956, até decidir retornar para seu estado natal.

Foi somente quando completou 50 anos de idade, após ter vivenciado uma profunda transformação interior, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Durante esses anos, Cora Coralina não deixou de escrever poemas relacionados com a sua historia pessoal, com a cidade em que nascera e com o ambiente em que fora criada.

A Literatura de Cora Coralina

Primeiro livro publicado quando Cora
Coralina tinha seus 76 anos de idade
A mulher simples e dona de uma voz inigualável, utilizou-se dos elementos folclóricos que faziam parte de seu cotidiano, através do qual sua poesia atingiu um alto nível de qualidade literária. Escrevia com simplicidade e seu desconhecimento gramatical contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma.

A primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais foi publicado em 1965 e reúne poemas que consagraram seu estilo e a transformaram e uma das maiores poetisas da Língua Portuguesa do século 20. A segunda edição saiu em 1978 e a terceira em 1980. Foi a partir da década de 80, que Cora Coralina despertou a atenção do grande público graças ao elogio do poeta Carlos Drummond de Andrade.

Onze anos depois da primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, compôs em 1976 Meu Livro de Cordel e em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha.

Cora Coralina recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Minas Gerais em 1983. E também no mesmo ano, foi eleita Intelectual do ano com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores. Faleceu dois anos depois, em 10 de abril de 1985.

Em 31 de janeiro de 1999, a sua principal obra foi aclamada, através de um seleto júri organizado pelo jornal O Popular, de Goiânia, uma das 20 obras mais importantes do século 20. Enfim, Cora Coralina torna-se autora canônica.

Fonte: E-biografias e Wikipedia

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O perigo das mordidas de gatos

Lambidas e mordidas superficiais não apresentam perigo
ao ser humano
Não se preocupe se você tiver o hábito de brincar com o seu gatinho e ele responder a este carinho com algumas lambidinhas ou mordidas superficiais. O perigo pode estar nas mordidas que perfuram a pele, e abrem caminho para que a bactéria Pasteurella multocida, encontrada na saliva de quase 90% dos felinos, entre em contato com o corpo humano.  

Por conta dos dentes pequenos e afiados, a doença da mordida do gato penetra facilmente na pele. As bactérias se multiplicam rapidamente, e podem causar infecções na pele, no tecido subcutâneo e até no músculo. Os sintomas são vermelhidão, inchaço, dor e dificuldade de mover a mão e em alguns casos, a cirurgia é necessária. Sem tratamento, a doença pode levar a complicações como necrose da pele, osteomielite (infecção dos ossos), pneumonia, ou até septicemia, que é o conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por infecção. A doença é combatida com antibióticos.

Embora a Pasteurella multocida faça parte da flora presente na boca de cães e gatos em todo o mundo - e não provoque nenhum tipo de doenças para ambos -, os gatos causam mais preocupação porque as mordidas dos felinos carregam mais Pasteurella multocida que a dos cachorros. Em todo caso, como orienta o professor de infectologia da Universidade do Estado de São Paulo, a Unesp, Alexandre Naime Barbosa, toda e qualquer mordida de animal deve ser tratada em um pronto-socorro, pois pode causar infecções fatais; ainda que não apresentem sinais claros de infecção.

Estudo

Um estudo feito por uma equipe de pesquisadores norte-americanos acompanhou 193 pacientes que chegaram ao pronto-socorro com mordidas de felinos entre 2009 e 2011; 30% deles foram hospitalizados e ficaram internados por três dias. A outra parte foi tratada com antibióticos. No total, oito desses pacientes tiveram de passar por mais de uma cirurgia na mão. As complicações envolviam problemas de circulação e até perda parcial da mobilidade. A causa da maior parte das infecções foi a bactéria Pasteurella multocida.

Animais dóceis

O gato não costuma correr atrás do ser humano na intenção de mordê-lo. A mordida pode acontecer - e se acontecer - quando o bichano se sentir ameaçado por uma pessoa a ele desconhecida, ou quando com dor. Portanto, ele é um animal dócil e amável; seu comportamento mostra que eles querem apenas comida quando sentirem fome, descanso a todo momento, e isolamento quando estiverem entediados.

Fonte: Unesp

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Conselho Federal de Psicologia discute genocídio da população jovem e negra

No último dia 12, o Conselho Federal de Psicologia, o CFP, promoveu um bate-papo online onde discutiu o crescente número de assassinatos de jovens negros no Brasil nos últimos anos, dados estes confirmados em diversas pesquisas divulgadas recentemente, como o Mapa da Violência, de 2014, que aponta que 56 mil pessoas foram assassinadas em 2012, sendo 30 mil jovens entre 15 e 29 anos, destes 77% eram jovens negros, em sua maioria homens e moradores das periferias metropolitanas. Levantamento da Anistia Internacional também confirma esta estatística, ao mostrar que mais de 23 mil jovens negros são assassinados por ano no Brasil.

De acordo com os debatedores, o racismo pode ser identificado em muitas estruturas do país. Ele está no tratamento diferenciado pela mídia, no despreparo e abordagem da polícia, entre outros. É aí que a Psicologia tem papel fundamental. "A maioria da categoria é incapaz de perceber que existe racismo, e que esse racismo é produtor de sofrimento psíquico. Estamos em um momento transformador, saindo dos consultórios e clínicas para espaços antes não ocupados pela Psicologia, que são os espaços das políticas públicas. Nestes espaços, nós vamos nos encontrar com a população negra; se não tivermos essa dimensão e não nos prepararmos teoricamente para lidar com estas questões, nós estaremos fazendo estelionato profissional", alerta o mestre em Psicologia Social, Valter da Mata.

Para a coordenadora do movimento Mães de Maio, além do histórico de preconceitos das estruturas do Estado e da sociedade, ainda existe a realidade da impunidade. O movimento é composto por mães que perderam seus filhos mortos pela polícia, e na maioria dos casos, é negado a essas mães o direito a assistência judiciária, além disso, muitos casos não são levados adiante. Isso torna a luta por justiça mais dolorosa.

O advogado Daniel da Silva Bento Teixeira acredita que o genocídio é confirmado a cada dia com as estatísticas. E a herança do período da escravidão se arrasta até hoje em uma legislação que perpetua essa exclusão.

Fonte: Conselho Federal de Psicologia

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Pão de queijo para saborear o mineiro Drummond


O mineiro Carlos Drummond de Andrade na época em
que morava em Itabira
Se vivo estivesse, certamente hoje o mineiro Carlos Drummond de Andrade estaria se deliciando com o homenageado do dia - o pão de queijo -, a iguaria mineira mais apreciada em todo o país, e também fora dele, por que não? Comemorado desde 2007, em razão de um concurso de culinária que escolheria o melhor pão de queijo, o dia 17 de agosto de 1987 marca também a perda para o Brasil do mais mineiro de todos os poetas, ou o poeta de todos os mineiros...e brasileiros: Carlos Drummond de Andrade. Nascido na cidade de Itabira, no dia 31 de outubro 
"Tenho geleia, pão de queijo pra
comer quando quiser",
assim retratou
os tempos de sua vida simples
em Minas Gerais
de 1902, o poeta, contista e cronista Drummond é considerado por muitos o mais influente poeta do século 20. O escritor viveu em Itabira durante grande parte de sua vida. De uma família de fazendeiros em decadência, o filho de Carlos de Paula Andrade e de Júlia Julieta Augusta Drummond de Andrade deixou para a cidade natal um acervo de sua criatividade, reverência e grandiosidade. São 44 placas com poema que foram escritos e dedicados para cada ponto da cidade que marcou sua vida.

Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em Farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Fundou com outros escritores A Revista, publicação de vida curta mas que foi de suma influência para o Modernismo em Minas Gerais. Ingressou no serviço público, e em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde foi chefe de gabinete do ministro da Educação Gustavo Campanema. Aposentou-se em 1962. Colaborou como cronista nos jornais Correio da Manhã e no Jornal do Brasil.

Estilo

Como os modernistas, Drummond seguiu a libertação proposta por Mario de Oswald de Andrade, com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo. Alguma poesia foi sua primeira obra poética publicada em 1930, mesmo ano em que seu poema Sentimental foi declamado na conferência Poesia Moderníssima do Brasil, em curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, Portugal. 

Várias de suas obras foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas.

Drummond foi casado com Dolores Dutra de Morais, com quem teve dois filhos. Carlos Flavio viveu apenas meia hora e a quem é dedicado o poema O que viveu meia hora, e Maria Julieta, que faleceu em 5 de agosto de 1987, doze dias antes da morte de Drummond, e também no Rio de Janeiro.

Saboreie Drummond sem moderação

Pés contentes na manhã de março.
Ó vida! O quinta-feira inteira!
pisando a areia que canta, o barro que clapeclape
a peça d'água que rebrilha.
Há de ser sempre assim, não vou crescer,
não vou ser feito os grandes, apressados,
aflitos, de fumo no chapéu,
esporas galopantes.
O dia é todo meu. E este caminho,
estas pedras, estes passarinhos, este sol espalhado
em cima de minhas roupas, de minhas unhas.
Tenho canivete Rodger, geleia, pão de queijo
para comer quando quiser.
Posso devassar o mato grande até Guanhães,
descobrir tesouros, bichos nunca vistos,
quem sabe se um feiticeiro, um ermitão,
a ondina ruiva do Rio do Tanque.
Igual aos índios, igual a mim mesmo, quando sonho.

(Carlos Drummond de Andrade - do livro Boitempo, onde o poeta discorre sobre a vida simples de sua família no campo, sobre os dias de sua infância)




domingo, 16 de agosto de 2015

Música na sala de cirurgia. Combina? Estudos dizem que sim

Ouvir música na sala de cirurgia torna o trabalho do cirurgião
mais eficaz
Imagine a cena. Você anestesiado por conta de um procedimento cirúrgico, e na hora da sutura a equipe médica ouvindo um estilo musical que em sã consciência você jamais ouviria. Sem problemas, você está inconsciente mesmo e quanto mais rápido terminar o procedimento, melhor será para todos. Pois foi justamente isso que comprovou recente pesquisa norte-americana. Cirurgiões plásticos que escutam música durante o procedimento cirúrgico fazem suturas melhores e de forma mais rápida.

O estudo convidou 15 cirurgiões plásticos para fazerem suturas em pele de porco, que tem textura semelhante à humana. Os profissionais foram divididos em dois grupos: um grupo fez o procedimento ouvindo música o outro não. Em média, os que ouviam música foram 7% mais rápidos. E mais, médicos mais experientes tiveram desempenho ainda melhor, foram 10% mais velozes. Além disso, os pesquisadores observaram a qualidade no trabalho final dos profissionais. O médico Andrew Zhang, da Universidade do Texas e um dos autores da pesquisa, revelou que o trabalho comprovou que cirurgiões plásticos que escutam música melhoram a eficiência e a qualidade na sutura de procedimentos, o que pode ser traduzido em economia de custos e melhores resultados para os pacientes. 

Enquanto estudos anteriores demonstraram que a música na sala de operação reduz a pressão sanguínea dos cirurgiões, esta nova pesquisa revelou que ela também melhora a performance dos médicos.

O médico Shelby Lies, professor da mesma Universidade e também autor do estudo, afirmou que passar menos tempo na sala de operação pode reduzir custos significativamente; ainda mais quando fechar a incisão é uma parte longa do procedimento, como em abdominoplastias. 

O estilo musical pode ser variado; de Bach a Robbie Willians, mas desde que seja a preferida do cirurgião.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

sábado, 15 de agosto de 2015

As consequências da imigração internacional recente para São Paulo

Discriminados, os imigrantes negros sofrem diversos tipos
de violência, da física à moral
Recentes casos de violência a imigrantes, como o que ocorreu com o grupo de haitianos que circulavam pelas ruas e foram baleados por projéteis de chumbinho, tendo como motivação uma possível xenofobia, levou o Núcleo de Políticas Públicas e o Grupo de Estudos Gênero, Mulheres e Temas Transnacionais, Gemttra, ambos da Universidade de São Paulo, a realizar o seminário Imigração Internacional Recente para São Paulo, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da USP. O evento ocorreu no último dia 11 de agosto.

"Melhorar de vida. Este é o objetivo principal que motiva a vinda de milhares de imigrantes para o país", é o que revela a coordenadora do Gemttra, a professora Maria Quiterio. Em São Paulo, estes imigrantes são em sua maioria pessoas pobres, discriminadas, geralmente negros, que buscam ajuda de abrigos, organizações religiosas e moram nos bairros centrais e periferias da cidade. 

De acordo com o último Censo Demográfico, de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o número de imigrantes que, vindos de outros países, viviam no Brasil há pelo menos cinco anos e em residência fixa chegou a 286.468, número 86,7% maior que o registrado no Censo de 2000.

Historia


São Paulo foi, de longe, o Estado que mais atraiu
os imigrantes italianos
Após a escravidão, uma das prioridades do governo vigente era substituir o trabalho escravo pelo trabalho livre de imigrantes europeus. "A chamada 'imigração familiar' foi por muitos anos prioritária pelo governo. Fundamentada numa concepção eugênica de 'embranquecimento da população', a política da época acreditava que a introdução de cidadãos europeus via subvenção estatal renderia frutos positivos para o País. Fato que jamais  corroborou com a realidade dos migrantes que, vindos da Itália e outros países europeus, também fugiam de situações críticas, pobreza extrema e não tinham qualquer preparo especial para o trabalho aqui", contou a pesquisadora.

Com o passar dos anos, o Brasil permaneceu como rota de diversos países, sem acomodar suas políticas e legislação para essa nova realidade. E hoje, conhecer quem são esses estrangeiros, é fundamental. Berenice Young, mestre em Psicologia Social e que atua como psicóloga do Serviço Psicossocial do Eixo Saúde na Missão Paz (organização missionária que acolhe imigrantes e refugiados em São Paulo), revela que muitos imigrantes hispano-americanos, que entrevistou, deixaram seus países não somente pra saírem da extrema pobreza, mas por conflitos particulares, como fugas em detrimento de relações pessoais, discriminação e até mesmo luto. 

O Haiti é aqui?

Primeiro país do mundo a abolir a escravidão, em 1794 e obter sua independência na América Latina, o Haiti teve que lidar com uma ocupação americana que motivou uma das primeiras diásporas migratórias entre 1915 e 1934. Quando governado por François Duvalier, o país sofreu nas mãos de uma implacável ditadura que, desde 1957, levou a uma nova fuga de parte da população até 1980. Democraticamente restaurado, mas pacificamente instável nas décadas seguintes, o pais sofreu um duro golpe com o terremoto de 2010, responsável pelo novo levante migratório. 

Alex André Vargas, membro do Instituto do Desenvolvimento da Diáspora Africana no Brasil, lembra que os primeiros africanos que vieram para o Brasil após a escravidão chegaram nas décadas de 1960 e 1970, pós-independência de países na África. Em seguida, vieram os refugiados de governos em crise. Atualmente, muitos dos novos migrantes são jovens estudantes que vêm ao País por meio de acordos bilaterais entre o Brasil e países africanos; muitos estudantes de universidades públicas. Para Maria Quitério, se faz cada vez mais necessária a criação de uma lei atualizada que dê conta da realidade migratória contemporânea. 

Em tempo. Os artigos 13 e 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos preconizam que todas as pessoas têm o direito à liberdade de se moverem dentro das fronteiras de cada Estado, assim como livremente circular no interior de um país. Para os participantes do seminário, no Brasil ainda falta identificar quem de fato faz parte do todo.


Fonte: USP
Foto: Blog Universitário Africano