segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O click perfeito que não volta mais

Entre o real e o imaginário, o artista Rogério Fernandes
expressa sua arte em causas sociais. O artista que se
sobressai vai além do óbvio
     Certa vez, ao passar por uma rua, vi uma cena que provavelmente não verei mais. Estudantes de fotografia, a procura do ângulo perfeito, diante da modelo lindamente produzida para a foto. Cada qual, procurava colocar na prática o que a teoria da escola lhes havia ensinado. Nunca soube qual foi o resultado daquele trabalho; certamente, lindas fotos eles produziram.

     No entanto, o que mais chamou a minha atenção não foi a beleza da modelo, nem as preparativos dos novatos fotógrafos. Meus olhos voltaram-se para dois personagens - nada produzidos, nada belos -, e que cujas poses não chamaram a atenção dos alunos e sequer dos transeuntes. Um casal que a pouquíssimos metros dali repousava em suas camas improvisadas com papelão e folhas de jornal.

      Enquanto estavam entretidos com a beleza produzida, a realidade sem enfeites gritava ao lado, cujos sons não ecoavam nos ouvidos tapados pela aprendizagem alienada em massa. Pelo tempo em que fiquei ali observando a cena, nenhum deles ousou em deixar de lado o exercício proposto em sala de aula e explorar, através de clicks, a imagem real. Preferiram o comodismo a ousadia.

     E eu, na condição de observadora, preferi a indignação calada a registar a dualidade da cena. Provavelmente, a mesma cena não se repetirá mais. Espero que, numa próxima oportunidade, deixar a indignação de lado, e explorar o click perfeito e único que dificilmente se repetirá.

Foto: Blog Tina Descolada

domingo, 29 de novembro de 2015

O trabalho indispensável dos cães policiais

Cadela Diesel, morta durante operação de busca aos
suspeitos do ataque terrorista em Paris
     Os atentados à capital francesa deixaram 130 mortos e centenas de feridos. Além das vidas humanas, a barbárie causou, também, a morte da cadela Diesel, da raça pastor belga malinois, cuja tarefa lhe conferia o título de cão de assalto e busca de explosivos. Por ser a primeira a entrar no esconderijo dos suspeitos de envolvimento com os atentados à Paris, no último dia 13, o pastor de 7 anos foi morto pelos terroristas durante a operação. 

     Aliados das corporações, os cães-policiais são indispensáveis em missões de operações. Foi durante a Guerra do Vietnã que eles começaram a serem usados para farejar substâncias ilegais quando o consumo de heroína entre soldados americanos tornou-se um sério problema para o Exército dos Estados Unidos. 

     "No início, a capacidade olfativa era um fator decisivo na seleção dos animais, mas hoje o que qualifica, de fato, um cão é o seu interesse por procurar e encontrar objetos", conta Antonio José Miranda de Magalhães, chefe do canil da Polícia Federal, em Brasília, principal centro de treinamento de cães farejadores no Brasil e, desde sua criação, , em 1988, já formou mais de cem cães para a função.

     Aqui no Brasil, o adestramento começa quando o cão tem apenas 2 meses. Antes do treino específico para achar drogas, os animais passam por um cursinho de socialização e comandos básicos, como responder ao chamado do policial, sentar-se, etc. Isso é feito para que eles não ataquem as pessoas nas ruas. Após completar 1 ano de idade, o cão inicia o treinamento propriamente dito (que dura cerca de dois meses). A partir daí, ele entra em contato com o odor típico da droga, que é acondicionada dentro de tubos de PVC, mangueiras de borracha ou em pequenas bolsas, feitas de lona impermeável, que imitam seus próprios brinquedos. Após acostumar-se com o cheiro de diversos tipos de droga, os brinquedinhos são escondidos para que ele os encontre. O grau de dificuldade aumenta com o tempo. Em nenhum momento do curso, e em hipótese alguma, o cão entra em contato com a droga.

     Em ação, o cão usa os dois tipos de alerta que aprendeu. No ativo, ele arranha e morde o local onde a droga está escondida, ou pode latir para o suspeito de levar tóxicos. No passivo, ele se posiciona ao lado desse local ou da pessoa. Para não se cansar, os cães intercalam períodos iguais de até 50 minutos de trabalho e descanso. O tempo pode variar, mas em geral eles ficam na ativa até os 10 anos de idade.

     Labrador, golden retriever, pastor alemão e pastor belga malinois são as raças mais usadas no combate ao tráfico de drogas. Esses cães têm um fato apuradíssimo, graças aos mais de 200 milhões de células olfativas. Para se ter uma ideia, os humanos possuem apenas 5 milhões dessas células.

Fonte: Mundo Estranho

sábado, 28 de novembro de 2015

Teatro Cultura Artística ganha título de patrimônio cultural

Prédio foi destruído em 2008 após um incêndio
     O antigo Teatro de Cultura Artística ganhou no último dia 25, o título de Patrimônio Cultural Material do Brasil, em decisão tomada durante a 81ª reunião do Conselho  Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Além do teatro, também foram contempladas com o mesmo título, as estações telegráficas construídas pela Comissão Rondon em Vilhena e Ji-Paraná, em Rondônia, o conjunto arquitetônico, paisagístico e acervo de bens móveis do Terreiro Omo Ilê Aboula, da Bahia, e o edifício sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil, IAB, de São Paulo.

     O Cultura Artística é um marco na história contemporânea das práticas artísticas do Brasil, um símbolo do  movimento espontâneo da própria sociedade para o desenvolvimento de atividades culturais, na qual as iniciativas deixaram de depender do Estado com um propósito de priorizar a arte brasileira e a cultura tradicional. O valor artístico está atribuído ao painel de afresco do pintor brasileiro Di Cavalcanti, elemento de maior destaque na fachada.

     Em 1950, a Cultura Artística inaugurou o seu próprio teatro na Rua Nestor Pestana. A casa abrigou concertos e peças teatrais até ser destruído por um incêndio em 2008. Assim, desde o incêndio, os esforços da instituição se dividem entre manter a altíssima qualidade de sua programação e a captação de recursos para a reconstrução do Teatro Cultura Artística.


A proposta é que o novo Cultura Artística funcione
diariamente, cuja programação deverá incluir música erudita
e popular, dramaturgia, dança, ópera, artes plásticas e ações
educativas
Novo Projeto

     Assinado por Paulo Bruna, sucessor do escritório de Rino Levi, arquiteto responsável pelo primeiro Teatro Cultura Artística, o projeto arquitetônico do teatro renovado conta também com a  colaboração de um dos maiores especialistas mundiais em teatros, o Theatre Projects Consultants (Grã-Bretanha e Estados Unidos).

     O teatro terá acesso direito pela Praça Roosevelt, cuja elevação do palco para o primeiro andar das novas instalações vai liberar o térreo para  a circulação do público e para serviços. E contará com duas salas.

     Ao longo de 2014, foram finalizados o detalhamento e a compatibilização do projeto arquitetônico executivo que servirá de base para a construção do novo Teatro Cultura Artística. Ainda em 2014, foi obtido o alvará de aprovação da obra e o alvará de execução, último documento necessário foi emitido em junho deste ano. O novo edifício abrigará outras atrações culturais, além dos concertos e peças de teatro

Fonte: Ministério da Cultura  
            Portal do Cultura Artística

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

LER&SER: "No Tempo das Borboletas" e "A Festa do Bode" relatam luta de Las Mariposas

     Em tempo de relembrar o dia 25 de novembro, em No Tempo das Borboletas, Júlia Álvarez traçou uma das mais contundentes narrativas históricas dos últimos anos, revelando ao mundo a saga das irmãs Mirabal, que desafiaram a sangrenta ditadura do general Rafael Leónidas Trujillo, na República Dominicana, e acabaram assassinadas.

     No romance, em que sobrepõem as vozes de Minerva, Patria, Maria Teresa e Dedé (a quarta irmã), misturam-se lembranças de laços de fita na cabeça, luta armada e prisão. Escolhendo o drama das irmãs Mirabal, a autora faz de No Tempo das Borboletas, o diário de muitas famílias dominicanas, que além de perderem tudo, até mesmo o direito de viverem no país em que nasceram, viram ceifadas vidas de parentes, . Este livro traz à tona outra face do ditador Trujillo, já que o apresenta como um conquistador amoroso. Como todos os tiranos, no entanto, o fazia à custa do poder.


A Festa do Bode

     Outra obra que relata também a ditadura enfrentada pela população da República Dominicana é A Festa do Bode, um dos romances mais importantes de Mario Vargas Llosa. Com uma pesquisa histórica rigorosa e uma preocupação flaubertiana pelos detalhes, ele recria uma República Dominicana de meados do século XX para recontar a historia do general Rafael Leónidas Trujillo - o Bode - e a implacável ditadura que implantou no país durante seus 31 anos de governo. O livro mostra a luta de pessoas comuns que decidem pegar em armas para derrubá-lo. Vargas relata o fim de uma era e discute a natureza insaciável dos regimes totalitários. A Festa do Bode não é apenas um romance magistral; é também um mergulho em um dos momentos mais dramáticos da historia recente da América Latina.


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

QUINTA FEMININA: Las Mariposas e o 25 de novembro

Las Mariposas, que dedicaram grade parte de suas vidas, a lutar pela liberdade
política de seu país. Hoje, a província onde nasceram foi rebatizada de
Hermanas Mirabel
     O dia de ontem, 25 de novembro, foi a data escolhida para a Campanha Mundial de Combate à Violência contra as Mulheres, por conta do maior ato de violência cometido contra as mulheres. As irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabel, conhecidas como Las Mariposas, opositoras ao regime de Rafael Leónidas Trujillo de Molina, lutavam por soluções para problemas sociais de seu país, a República Dominicana, e foram perseguidas diversas vezes até serem brutalmente assassinadas. 

      As irmãs Mirabel cresceram em uma zona rural . De família importante na região de Ojo de Agua, seu pai havia sido prefeito quando Trujillo chegou ao poder, e a família das irmãs perdeu a casa e todo o seu dinheiro. Com isso, acreditaram que o ditador levaria o país ao caos econômico. Minerva foi a primeira irão a se envolver no movimento contra Trijullo. Depois de terminar o colegial, ela foi para a faculdade de Direito e trabalhou com Pericles Franco, fundador do Partido Socialista Popular. Isso a levou a ser presa e torturada em várias ocasiões. Em 1949 foi presa depois que recusou os avanços sexuais de Trujillo. Minerva foi acompanhada em sua luta contra o governo pelas irmãs Maria Teresa e Patria. Influenciadas pelos movimentos de libertação na América Latina, elas criaram com seus maridos o Movimento 14 de Junho. Dentro desse movimento, as irmãs foram chamadas de Las Mariposas, a partir do nome clandestino de Minerva. 

      Foram presas e torturadas. E apesar disso, continuaram na luta contra a ditadura. Foi aí que Trujillo decidiu acabar com as Las Mariposas em 25 de novembro de 1960, enviando homens para interceptar as três mulheres quando iam visitar seus maridos na prisão. Elas foram pegas desarmadas e levadas para um canavial, onde foram apunhaladas e estranguladas.

     O assassinato de Patria, aos 36 anos de idade, Minerva, aos 34, e Maria Teresa, aos 24, causou grande comoção na República Dominicana e levou o população a ficar cada vez mais inclinada a apoiar os ideais de Las Mariposas. Esta reação contribuiu no despertar da consciência do povo, e culminou no assassinato de Trujillo em maio de 1961.

      No Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho de 1981, realizado na Colômbia, a data do assassinato das irmãs foi proposta pelas feministas para ser o dia Latino-Americano e Caribenho de luta contra a violência à mulher. 

      E em 1999, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, a ONU, proclama a data como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, a fim de estimular que governos e sociedade civil organizada - nacionais e internacionais - realizem eventos anuais como necessidade de extinguir a violência que destrói a vida de mulheres considerado um dos grandes desafios na área dos direitos humanos.

Fonte: Wikipedia e Jornal GGN

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Revista científica Nature publica artigo sobre a fosfoetanolamina

A revista reconstitui o caminho da substância, da
composição à distribuição
     Diante da polêmica dos últimos meses, a fosfoetanolamina, substância que vem sendo utilizada como tratamento ao câncer, mas ainda sem registro e autorização, foi assunto da última edição da revista Nature, considerada a mais importante revista científica do planeta. 

    A revista cita, desde a composição e alegada eficácia, até sua distribuição não oficial e as circunstâncias que levaram a justiça brasileira a intervir para limitar sua circulação até que os testes clínicos necessários sejam realizados.

    Em seu editorial, defende que a fabricação e distribuição da substância, sem a adequada supervisão, para pacientes que buscam a cura do câncer ,pode abrir um precedente prejudicial na comunidade médica e farmacêutica.

Fonte: USP

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A desigualdade de salários entre homens e mulheres

O Brasil tem uma das maiores diferenças de salários
entre homens e mulheres
     O Brasil ocupa o 6º lugar em avaliação sobre disparidade salarial entre homens e mulheres, perdendo para países como Coréia, Eslováquia, Estônia, Israel e Hungria, onde as mulheres ganham  pouco menos de 60% do salário dos homens. Os dados constam do relatório Educations at Glance 2015: Panorama da Educação, lançado mundialmente no dia de hoje, 24 de novembro. A publicação é a principal fonte de informações comparáveis sobre a educação ao redor do mundo. E oferece dados sobre a estrutura, o financiamento e o desempenho de sistemas educacionais de 46 países: 34 deles são membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE.

     A renda média de uma mulher com educação superior no país representa cerca de 62% da renda média de um homem com o mesmo nível de escolaridade. De acordo com os dados, no Brasil, 72% dos homens com ensino superior ganham mais que duas vezes a média da renda nacional. Entre as mulheres, isso ocorre com 51% das que têm ensino superior.

     No Brasil, as mulheres também são maioria entre  os que nem estudam e nem trabalham. Em 2014, 27,9% das mulheres de 15 a 29 anos estavam nessa situação, enquanto 12,7% dos homens estavam no grupo.

     Na contramão, o país com a menor diferença salarial entre os gêneros é a Bélgica, onde os salários das mulheres representam cerca de 87% dos homens com a mesma formação.

     A OCDE é uma organização internacional composta por economias com elevados PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano e são considerados países desenvolvidos. Os representantes do grupo  promovem o intercâmbio de informações e alinham políticas, com o objetivo de potencializar  seu crescimento econômico e colaborar com o desenvolvimento de todos os países membros.

Fonte: Portal Administradores
Imagem: Site Doutíssima

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Da bomba ao homem: a contagem regressiva que evita danos irreparáveis

     Monges budistas costumam indicar a prática da meditação como meio de nos capacitar a cultivar aqueles estados mentais que são conducentes à paz e ao bem-estar, e a erradicar aqueles que não o são. E através de seu estudo, podemos desenvolver três tipos de sabedoria: a que surge de ouvir, de contemplar e de meditar. Quando plenamente desenvolvidas, essas sabedorias erradicam por completo toda a negatividade e toda a confusão da mente, o que pode ser traduzido em qualidade de vida.

     Em linhas gerais, é pensar duas, três, dez vezes, antes de se deixar levar por impulsos irracionais que lá na frente poderão nos causar aborrecimentos desagradáveis. A título de ilustração, podemos imaginar que até mesmo uma bomba (ela, a mais terrível das criações humanas) tem seus minutos de tolerância antes da explosão. Como se a contagem regressiva fosse a oportunidade que ela, a bomba, tem para analisar se vale ou não a pena seguir com o seu propósito. E digamos que, quando falham é porque refizeram os seus planos e, com isso, evitaram danos irreparáveis.

     Então, se até as bombas têm a sua contagem regressiva, quantas horas de diálogo são necessárias para, nós humanos, evitarmos acender nosso estopim? Se é que devemos acendê-lo.

     Vivemos numa sociedade onde os indivíduos estão constantemente conectados - e não apenas no mundo virtual. Dependemos do trabalho do outro. E quantas vezes, por causa dessa dependência, você já deixou de lado sua razão? Um serviço mal feito que lhe obriga prestar inúmeras queixas nos órgãos responsáveis. Um atendimento público ineficiente. O serviço incompleto do colega que lhe impediu concluir o seu trabalho. Pedimos uma vez. Contamos até dez. Reclamamos. Contamos até vinte. Brigamos, verbal ou fisicamente. Discutimos, elevamos o tom. Deixamos de lado nossa razão e somos tomados pela emoção, manifestada através da nossa irracionalidade. Passada a explosão, o estrago está feito. Laços de amizade foram desfeitos, e crimes cometidos.

     Não somos poucos. Atingimos a marca de sete bilhões de terráqueos, com interesses e objetivos iguais: nascer, crescer, prosperar. Mas cada qual usando de caminhos próprios para alcançá-los. E para conseguir sobreviver em meio a este caos, caso as práticas budistas acima citadas não se tornaram hábito, talvez, por enquanto, o melhor seja não ter um isqueiro por perto. Mesmo porque a lista dos que nem chegam a contar, pode ser pequena, mas capaz de estragos incalculáveis.

     

     

domingo, 22 de novembro de 2015

Os cuidados na administração de antibióticos em animais

O uso inadequado de antibióticos pode levar ao aparecimento
de bactérias resistentes
      Encerra no próximo dia 22 de novembro a semana escolhida pela Organização Mundial de Saúde Animal para conscientizar autoridades, profissionais de Medicina Veterinária, produtores rurais e donos de animais de estimação sobre o uso responsável de antibióticos.

     A Semana Mundial de Conscientização sobre Antibióticos é um alerta sobre os riscos sanitários associados à resistência aos antibióticos e incentivo às boas práticas no uso desses medicamentos. Com isso, a Organização Mundial espera reduzir, em todo o mundo, o surgimento e a propagação de bactérias resistentes.

     Em humanos, o antibiótico só é comercializado mediante receita médica, enquanto que nos animais é usado sem nenhum controle e fiscalização do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Por isso, o Conselho Federal de Medicina Veterinária, há alguns anos, tem buscado, junto ao Ministério, o estabelecimento da comercialização de medicamentos de uso veterinário apenas sob prescrição do médico veterinário. A preocupação da entidade médica é que o uso indiscriminado pode chegar ao ponto de não se encontrar antibióticos que venham a combater bactérias resistentes, provenientes do uso indiscriminado do medicamento.

     Portanto, produtores rurais e donos de animais de estimação devem usar antibióticos apenas prescritos pelos médicos veterinários e respeitar a quantidade e a duração do tratamento, mesmo que o animal esteja aparentemente recuperado. Além disso, vale lembrar da importância das vacinas indicadas para cada animal e adotar boas práticas para prevenir infecções. E sempre comprar antibióticos de procedência comprovada.

Fonte: Conselho Federal de Medicina Veterinária

sábado, 21 de novembro de 2015

Obra de 1711 recebe o selo Memória do Mundo

A peça é um item de cofre, que foi microfilmado e
digitalizado, para facilitar a consulta pelos usuários
     O livro Cultura e Opulência do Brasil, publicado em 1711 por um jesuíta sob o pseudônimo André João Antonil, é a primeira obra impressa do acervo de Obras Raras da Biblioteca Nacional a receber o registro  do programa Memória do Mundo - Brasil, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco. Trata-se da primeira obra fundadora  do estudo da economia brasileira.

      Criado desde 1992, o programa Memória do Mundo tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância de se preservar e dar acesso ao patrimônio documental da humanidade. O registro para integrar o programa pode ser concedido em âmbito nacional, regional ou internacional.

      A candidatura, submetida para análise do comitê nacional do programa Memória do Mundo em julho deste ano, foi fundamentada em aspectos relativos à importância da obra e à qualidade do exemplar do acervo da Biblioteca Nacional. De acordo com a chefe do Acervo de Obras Raras, Ana Virgínia Pinheiro, é difícil conseguir este registro para uma publicação impressa, "porque concorremos com manuscritos e outros documentos que constituem exemplares únicos."

     O livro reúne informações sobre as principais atividades econômicas da colônia (cana-de-açúcar, tabaco, mineração e pecuária). É, também, um retrato detalhado dos hábitos e costumes da população da época, contando inclusive com uma recomendação do autor sobre o tratamento das pessoas escravizadas: os senhores de engenho deveriam adotar aquela que ficou conhecida como a "política dos três P (pão, pano e pau).

     A publicação do jesuíta italiano - cujo nome verdadeiro era João Antônio Andreoni -, foi recolhida  por ordem de D. João V por ser considerado incoveniente para a Coroa Portuguesa, pois continha informações estratégicas sobre as riquezas do Brasil, como por exemplo, a localização das minas de ouro e prata. No mundo todo, há apenas sete exemplares, pois o restante da tiragem foi destruída à época. O exemplar é considerado um cimélio, ou seja, peça extremamente rara.

          O conteúdo do livro possibilita estudos sobre escravidão, relações familiares, questões de gênero e muitos outros temas relacionados à vida no Brasil Colônia.

Fonte e foto: Biblioteca Nacional

     

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

LER&SER: A Lista Negra - Jennifer Brown

      Não importa a cidade nem o país. Os crimes cometidos por alunos a outros alunos tornaram-se notícia corriqueira. Como exemplo, o mês de abril será sempre lembrado pelo horror de massacres ocorridos por jovens em escolas: 20 de abril de 1999. Columbine. Estados Unidos; 26 de abril de 2002, Erfut, Alemanha; 16 de abril de 2007, Virgina Tech, também nos Estados Unidos; e 7 de abril de 2011, Realengo, Brasil. Além desses, muitos outros ja ocuparam os noticiários do mundo inteiro, chocando pela violência com que jovens assassinam seus próprios colegas. É com um noticiário como esse que o romance A Lista Negra abre suas páginas. Lançado agora no Brasil de Jennifer Brown é uma ficção que mergulha no mundo juvenil repleto por situações marcadas pelo bullying, preconceito e rejeição.

     O livro conta a historia de Val e Nick. Eles são dois adolescentes que se conhecem no primeiro ano do ensino médio e identificam de imediato. Val convive com pais ausentes, que brigam o tempo todo e só criticam suas roupas e atitudes. Já Nick tem uma mãe divorciada que vive bares atrás de novos namorados. Os dois são alvo de bullying por parte de seus colegas do Colégio Garvin. Nick apanha dos atletas e Val sofre com os  apelidos dados pelas meninas bonitas e populares.

     Ambos compartilham  suas angústias num caderno com o nome de todos e de tudo que odeiam, criando um oásis, um local de fuga, um momento de desabafo, pelo menos para Val. E Nick não encara a lista como uma grande piada, e coloca fogo na cantina da escola. Atingida ao tentar defendê-lo, Val acaba salvando a vida de uma colega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

QUINTA FEMININA: Indira Ghandi e a polêmica atuação política

Indira herdou do pai o gosto pela política

      Nascida em 19 de novembro de 1917, Indira Ghandi foi a primeira mulher a se tornar chefe de Governo na Índia. Com força e determinação, governou o país por 18 anos exercendo uma influência decisiva na historia da Índia e adquirindo  uma grande reputação no mundo todo como líder política.

      A visão política de Indira foi herdada de família. Seu avô Motilal Nehru foi o famoso advogado que abandonou a profissão para lutar ao lado de Mahatma Ghandi pela independência daquele país. Os pais, Kamla e Jawaharlal, governaram a Índia nos primeiros anos de independência. "Minha vida pública começou quando eu tinha três anos de idade", comentou certa vez.

     Estudou Administração Pública e Social, História e Antropologia, e trabalhou, por pouco tempo, como motorista de ambulância na Segunda Guerra pela Cruz Vermelha Internacional.

     Em 1942, após a revolução indiana, Indira voltou para a Índia para casar. Casou-se com o amigo de infância, o jornalista Firoz Ghandi, de quem herdou o sobrenome. A família e todo o país reprovaram a união, porque Firoz não tinha dinheiro, pertencia a outra religião e vinha de uma cultura diferente da hindu. Era filho de um imigrante parse cujo sobrenome era Ghandy e que mudou a ortografia para Ghandi, adotando o mesmo sobrenome pertencente a uma casta de perfumistas, da qual vieram Mahtma Ghandi, o grande líder. Ou seja, as famílias não tinham nenhum grau de parentesco.

      No ano de 1946, Indira foi trabalhar como assessora de seu pai, que havia assumido o cargo de Primeiro Ministro. Mas com a morte dele, em 1964, Lal Bahadur Shastri tornou-se seu sucessor  e Indira, aos 47 anos, foi eleita para o Parlamento, tornando-se Ministra de Informação e Comunicação no Governo de Shastri, morto dois anos depois. Com isso, o partido acabou a indicando para o cargo. Tornou-se então a Primeira Ministra da Índia.
    
     Indira tinha pela frente uma Índia formada por raças, idiomas, religiões das mais diversas, num território composto por4.635 comunidades, cada uma vivendo dentro de seus próprios costumes. A burocracia emperrava o país, que era castigado pela seca. Havia praticamente um deus para os cerca de 330 milhões de habitantes. E os ascetas hindus, com os corpos nus e envoltos à cinzas, exigiam a proibição da matança de vacas em todo o território, sem respeitar a Constituição indiana, que rezava a igualdade para todas as religiões.

     Com mãos de ferro, assim que assumiu, Indira causou polêmica ao nacionalizar os bancos, adotando um posição contrária ao seu partido. Assinou um tratado de amizade com a então União Soviética em 1971 e prestou apoio militar ao movimento liderado por Mujibur Rahman que no mesmo ano conseguiu a separação  da parte leste do pais, nomeada de Bangladesh.

Coincidência de sobrenomes ajudou em sua carreira política
    Por outro lado, foi a responsável em grande parte pela vitória da Índia no conflito contra o Paquistão, que tinha o apoio dos Estados Unidos, e pelo rápido desenvolvimento da indústria nuclear na Índia, em 1974, medidas que corroboraram sua fama entre os cidadãos e a classe média indiana.

     Porém, no ano seguinte, ela foi acusada pela Alta Corte de Allahabad de ter se utilizado de práticas ilegais durante sua campanha. Em resposta, decretou estado de emergência, passando a governar com poderes quase que ditatoriais. Sob o slogan Abaixo a pobreza, promoveu campanhas para tentar erradicar a corrupção e a miséria em grande parte causada pelo rápido e desorganizado crescimento populacional e, por isso, criou um intenso programa que incluía a esterelização em massa obrigatória em parte da população. Acabou com os últimos privilégios dos marajás, por achá-los inviáveis diante da pobreza daquele País, angariando com isso muitos inimigos que tentaram tirá-la do poder.

     Indira foi derrotada nas eleições e seu partido se dividiu. Em 1980, foi eleita com uma vitória esmagadora, no mesmo ano da morte de um de seus dois filhos. Com isso, Rajiv, seu segundo filho, tornou-se seu braço direito na política, sendo ele o sucessor de Indira após a sua morte.

Conflitos

     Os conflitos interno na Índia se agravavam. E em 1984, deu-se uma rebelião de militantes do grupo Sikh no norte do estado de Punjab. Indira mandou tropas invadirem o Templo Dourado Amristar, um local sagrado para o grupo religioso Sikh. Após 32 horas, o saldo foi de 600 mortos entre militantes do grupo e soldados indianos; algumas fontes afirmam que foram 1.200 o número de mortos. Em retaliação, Indira Ghandi foi assassinada no dia 31 de outubro de 1984 por dois membros de sua guarda pessoal que pertenciam ao Sikh.

     Rajiv espalhou as cinzas da mãe sobre os picos brancos do Himalaia, onde ela pedira para ser jogado o seu corpo, sem passar pelo enterramento ou cremação. Mas em respeito às tradições hindus, fora cremado.

     A vida política de Indira foi controversa e polêmica em certos pontos; de modo que os Sikhs ainda se ressentem de terem sofrido  o mais sangrento genocídio da Índia, em um de seus governos.

Fonte: Info Escola

    

     

     

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Pesquisa com cães traz esperança para o tratamento da distrofia muscular

Os animais são tratados pela equipe da bióloga Mayana Zatz,
da USP
     Um estudo com dois cães da raça Golden Retrivier podem abrir caminhos para o tratamento da distrofia muscular. Ringo e Suflair têm distrofia muscular e, surpreendentemente, escaparam da doença. Eles fazem parte do modelo animal estudado pelo Centro de Pesquisa do Genoma Humano e Células-Tronco da Universidade de São Paulo, e levaram a uma descoberta de uma alteração genética que promove a compensação à doença. No futuro, essa descoberta poderá ser a base de um novo tratamento para quem sofre de distrofia muscular de Duchenne.

     Diagnosticados com a doença desde filhotes, ao longo de 8 anos, os pesquisadores encontram o responsável que protege a musculatura desses cachorros. Trata-se do gene Jaggedi. Em Ringo e Suflair, este gene está mais ativado e produz mais proteínas que o normal, o que desencadeia um mecanismo que ajuda a mascarar a distrofia.

     A descoberta é inédita e revela que é possível haver um músculo funcional em um animal de grande porte, apesar da distrofia. A raça Golden Retrivier são o modelo animal mais parecido com os humanos e suportam cargas comparáveis com as que carregamos.

Entendendo a doença

     A distrofia é causada por uma falha no gene que produz a distrofina, uma proteína fundamental para manter a fibra muscular inteira. A falta desta proteína  leva à perda progressiva de musculatura, inclusive do coração e do diafragma. Em pessoas, a forma mais grave - e mais frequente - da doença é a distrofia muscular de Duchenne. Ela é diagnosticada, em geral, em meninos de 3 a 4 anos de idade. Com cerca de 12 anos, a maioria deles não consegue mais andar. A degeneração muscular continua, levando à morte precoce.

     É raro a doença acometer meninas, porque o gene da distrofina está no cromossomo X e elas precisariam herdar os dois cromossomos com defeito. É uma doença que ainda não tem cura, e os cuidados são apenas paliativos, como fisioterapia e remédios.

     A pesquisa foi publicada na revista Cell, periódico de maior índice de impacto nas áreas de biologia molecular e bioloquímica.

Fonte e foto: USP

    

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Roupas infantis com rastreador. Você concorda?

Um dos modelos da nova coleção. E ao lado, os
rastreadores de localização
     Uma marca de roupas infantil criou uma coleção composta de peças e acessórios inteligentes equipados com os sistemas GPS e GPRS. A linha Smart Chothes tem uma tecnologia avançada de segurança e rastreamento. Ou seja, os pais conseguem monitorar e acompanhar, em tempo real, cada passo de seus filhos.

     A marca vende esse tipo de roupas tanto para bebês quanto para pré-adolescentes. Algumas das funções é delimitar uma área segura para a criança. Há também o botão de SOS, para ser acionado caso a criança sinta-se em perigo. Além de contar com um monitoramento de som, que permite ouvir claramente os sons do ambiente em que a criança está e o histórico do caminho percorrido.

     Os pais ou responsáveis podem acessar o sistema do rastreador através de um aplicativo, site ou SMS, utilizando apenas sua senha de cadastro.

     Cada peça possui um chip para cadastramento no site, informando o primeiro nome da criança, telefone do responsável e algumas informações essenciais para sua saúde, como tipo sanguíneo, alergias, medicações. As informações só poderão ser acessadas pela polícia e pelo responsável.

     O lançamento da coleção high-tech está previsto para acontecer, ainda este mês, na Edição de Outono-Inverno da Feira Internacional de Moda e Decoração Infantil Ópera, no Espaço Pró-Magno, em São Paulo.

Realidade

     O desaparecimento de crianças é um drama que persegue milhares de famílias pelo mundo. Somente no Brasil, mais de 40.000 crianças somem por ano sem deixar vestígio. E esta ideia levanta mais uma vez o debate sobre a liberdade e a privacidade das pessoas.

Fonte: Portal Vírgula e Portal Administradores
Foto: Reprodução

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A comoção, a solidariedade e o esquecimento

Quando a imprensa deixa de noticiar, o caso
"deixa de existir". Um exemplo, foi a comoção,
agora esquecida, à morte do leão Cecil por
caçadores, em uma área de preservação no
Zimbabwe
     Estudantes do curso de Jornalismo costumam ouvir - ou costumavam - de seus professores que o jornal de ontem embrulha o peixe do dia seguinte. Queriam estes - os professores -, passar para seus discípulos que o escândalo, a manchete sensacionalista ou a tragédia, poderiam ser esquecidos tão logo a notícia fosse lida. E sim, antigamente, os jornais eram essenciais nas peixarias.

     Em tempos de internet, ainda que os sites de busca podem facilmente trazer de volta informações passadas, a velocidade com a qual novas notícias chegam, tornam a manchete da manhã velha já ao final do dia.

     Há alguns dias, as redes sociais foram tomadas por mensagens de solidariedade à França. Os atendados contra a capital francesa causou a comoção suficiente para durar por quantos dias? Somos envolvidos pela comoção midiática e acreditamos ser perpétua a dor que por ora sentimos. Mas não é.

     Há cerca de um ano, uma criança recém-nascida foi abandonada em uma caixa de papelão em Cuiabá, capital do estado do Mato Grosso. Após o caso ganhar repercussão, em questão de dias surgiu uma fila de 100 pessoas interessadas em adotar a criança. Na época, elas foram orientadas a procurar o Juizado da Infância para assim entrarem na fila de adoção. Percebam que nenhuma destas 100 pessoas (um número muito expressivo) havia antes demonstrado interesse em adotar uma criança. O interesse nasceu a partir da historia daquela criança. Quantos dos 100 se inscreveram no Cadastro Nacional de Adoção? Difícil saber. E os que se inscreveram, aceitarão outra criança ou queriam apenas àquela, cuja historia de abandono comoveu centenas de pessoas?

     Outro exemplo, mas muito longe de ser igualado ao exemplo acima, é o número alto de pessoas que se interessam em adotar um cachorro de rua, quando este é protagonista de um ato heroico, como salvar crianças da fúria de outro animal. Sabemos que as Organizações Não-governamentais não dão conta de atender os centenas - por que não milhares - de animais abandonados em todos os cantos do Brasil. E o que faz as pessoas terem vontade em adotar aquele bichinho e não outro igualmente abandonado?

Vítimas de racismo, atriz e jornalista, ambas
funcionárias da maior emissora de televisão do
país, arrastaram uma legião de seguidores,
solidários a elas. Aqueles que se intitularam
"somos todos Maju", ainda continuam o sendo?
     Passados alguns dias dos fatos, a comoção desaparece e os casos vão para o arquivo morto de nossas mentes. E então outros, igualmente trágicos, ocuparão o espaço vazio deixado pela notícia anterior. A imprensa deixa de falar, e nós não nos lembramos mais. A solidariedade e a comoção findam-se tão logo desligamos o computador.

     E quanto às peixarias, preocupadas com os hábitos de higiene de seus estabelecimentos, há tempos substituíram o papel jornal por outro de melhor qualidade. E a nós, temos que deixar de sermos peixes de aquário e ampliarmos nossa solidariedade no grande mar de injustiças no qual o Brasil e o mundo são presas e predadores.

Fotos: Rádio Ilha FM
           Blog do Valente                                                                                   

domingo, 15 de novembro de 2015

Conselhos realizam fiscalização em instituições que utilizam animais como cobaias

Enquanto não se proíbe o uso de animais, a
fiscalização é necessária para garantir o bem-estar dos
animais
     Desde a última quarta-feira, dia 11, fiscais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, CRMVSP e membros do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, o Concea, órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, estão realizando visitas de orientação técnicas em instalações que mantêm animais com fins de ensino ou pesquisa científica.

     A primeira visita foi às instalações do curso de Medicina Veterinária das Faculdades Metropolitanas Unidas, a FMU. Ainda em São Paulo, outras seis instituições sorteadas serão visitadas neste mês, e sempre com a participação das Comissões de Ética no Uso Animal de cada local.

     As visitas conjuntas fazem parte de um acordo de cooperação entre os dois Conselhos que visa à conjunção de esforços técnicos para o monitoramento das instalações animais das instituições que produzam, mantenham ou utilizem animais para fins de ensino ou pesquisa. Além de verificar os requisitos editados quanto ao funcionamento das instalações utilizadas e quanto ao pessoal envolvido na manipulação dos animais, bem como com relação ao registro dos procedimentos realizados.

     Os técnicos do CRMVSP avaliarão a presença do médico-veterinário responsável técnico e o seu papel na preservação do bem-estar dos animais. Após estas visitas técnicas, os fiscais deverão indicar ao Concea possíveis infrações que encontrarem e que possam resultar em processos administrativos.

     Está também programada para o dia 25 de novembro, a publicação de manuais de bem-estar animal para as diferentes espécies. E que após 90 dias da divulgação, deverão ser iniciadas fiscalização em biotérios e demais instalações.

Biotérios


Biotério é o local onde são criados e mantidos animais, com a
finalidade de serem usados como cobaias em experimentação
animal
     A utilização de animais laboratórios é uma questão muito polêmica. Animais de várias espécies, sendo camundongos os mais intensamente utilizados, são empregados em experiências científicas e testes a fim de comprovar a eficiência de produtos como vacinas, cosméticos, medicamentos, etc.

     De acordo com o artigo da bióloga Paula Louredo, a questão sobre os direitos do animais e sua utilização em experimentos científicos vem sendo discutida desde muitos anos, mas em 1860, um fato ocorrido foi decisivo  para o estabelecimento de limites no uso de animais como cobaias em experimentos de laboratório. O fisiologista francês Claude Bernard dizia que o uso de animais vivos era indispensável para experimentações e, por isso, ele mantinha um laboratório e um biotério nos porões de sua própria casa. Cansadas de ouvir os gritos de animais que diariamente eram torturados, a esposa e a filha de Claude o abandonaram e fundaram a primeira sociedade francesa em defesa dos animais. A partir daí, diversas outras sociedades protetoras dos animais também foram fundadas, assim como leis específicas para este tipo de uso dos animais.

     Em 1959, o zoologista Willian M.S. Russel  e o microbiologista Rex. L. Burch publicaram um livro em que estabeleceram  os três Rs das pesquisas em animais: replace (substituir), reduce (reduzir) e refine (refinar). Para eles, em substituição aos animais, pode-se utilizar culturas de células, simuladores e modelos matemáticos. Ainda, de acordo com os pesquisadores, os experimentos devem ser mais bem planejados e as instalações adequadas, com pesquisadores capacitados para fazerem pesquisas em animais.

Fonte: CRMVSP
             Brasil Escola

sábado, 14 de novembro de 2015

Muito mais que brinquedos, um excelente aprendizado

Kit Pequeno Arquiteto dispõe de peças com as quais se
pode criar a arquitetura de cidades
    Sair do convencional e presentear a criançada com brinquedos clássicos pode ser mais do que um estilo de vida diferenciado e proporcionar a elas momentos de aprendizagem. Porque por trás destes jogos há técnicas que podem auxiliar no desenvolvimento intelectual e motor da criança. Além do que eles custam bem baratinhos; quando comparados aos brinquedos atuais.

     Um dos clássicos, que a partir dele muitos garotos tornaram-se grandes arquitetos, foi o kit Pequeno Arquiteto. Em tempos de games para montar e administrar cidades, o único jeito de ser arquiteto é colocar a mão na massa, ou nos tijolinhos. Um conjunto de peças de madeira com blocos, telhados de diferentes formatos, pontes, torres com relógios e mais. Não possuem encaixes como o moderninho Lego, o que deixa as construções não tão perfeitas quanto o seu sucessor.

     

    Outro "antiguinho" e que é possível de ser encontrado é o famoso Aquaplay, apresentado  em várias versões. Dentro do tubo transparente preenchido com água há objetos que se movimentam com a ação de botões que bombam a água.

     E opções não faltam. Há jogo de basquete (como na foto ao lado), de futebol, nave, pescaria... O lado positivo é que o brinquedo estimula o desenvolvimento da coordenação da criança.

 Aprendendo e brincando


     O velho conhecido Resta Um, presente desde o tempo da corte de Luis XV e em muitas culturas tem como objetivo remover peças de um tabuleiro "comendo" umas às outras, para conseguir deixar sobrar apenas uma peça. Matemática associada ao raciocínio lógico.

     Através dele, a criança pode competir com outros participantes e isso a leva querer superar os próprios desafios em tentar deixar restar o menor número de peças possíveis.

Para toda a família


     
     Com origem atribuída aos frequentadores das praias da Itália, em meados de 1976, o Vai-e-Vem é um brinquedo de estrutura e funcionamento simples, do tipo que pode ser feito em casa. Para ser jogado em dupla, cada qual fica com um par de alças, e ao afastar rapidamente as cordas, a bola se move para o lado do outro jogador. E assim ela "vai" e "vem" de um lado para outro.

Exposição


Uma das peças de Torres Garcia em exposição na Mário
de Andrade
     Dentro desse universo de brinquedos simples, mas interativos, a Biblioteca Mario de Andrade abriga, até o dia 15 de dezembro, a exposição El niño aprende jogando, do artista uruguaio Joaquín Torres Garcia (1874-1949). Através de objetos, brinquedos, desenhos, anotações e conferências de seus cadernos artístico-pedagógicos, a mostra expõe pela primeira vez ao público brasileiro as diversas facetas por trás do conceito de "brinquedos transformáveis" criados pelo artista nas primeiras décadas do século 20 durante sua estadia na Espanha.

     Concebidos a partir de uma vontade tanto de educar quanto de divertir os próprios filhos, os objetos apresentam uma oportunidade única para educadores, pais e filhos travarem contato com as ideias revolucionárias sobre educação que permeavam a obra do artista. Entendendo a criança como possuidora natural de um pensamento livre e sem preconceitos que necessitava a todo custo ser preservado para torná-la um adulto mais liberto, Torres Garcia pensava o educador não como reprodutor nocivo de práticas sociais preestabelecidas, mas como um estimulador daquele espírito livre. 

Biblioteca Mário de Andrade
Rua da Consolação, 94
Telefone: 11-3775-0002

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Ler&Ser: A Garota No Trem - Paula Hawkins

     Todas as manhãs, Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d'água, pontes e aconchegantes casas.

     Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes - a quem chama de Jess e Jason -, Rachel é capaz de descrever  o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess - na verdade Megan - está desaparecida.

     Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.

     Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas. A Garota No Trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.

Foto: Divulgação

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

QUINTA FEMININA: Elizabeth Stanton e Susan Anthony, unidas na luta pela liberdade feminina norte-americana

Elizabeth Stanton focava-se mais nas
questões humanas do que
propriamente no voto, insistindo nos
direitos naturais, expressos na
Declaração da Independência
     Se por um lado, as mulheres ainda têm muito o que conquistar, por outro, as conquistas já alcançadas devem-se à feministas guerreiras, lutadoras e que morreram defendendo a causa em que acreditavam: o direito pleno e absoluto pela igualdade entre os gêneros. Elizabeth Cady Staton, escritora, conferencista e reformista, foi uma delas. E graças a ela, as norte-americanas são eternamente gratas. 

     Elizabeth Cady nasceu em 12 de novembro de 1815. Estudou no seminário feminino Troy. Em outubro de 1839, conheceu o abolicionista Henry Brewster Stanton e se casaram no ano seguinte. Juntos foram para Londres para a Convenção Mundial Anti-escravidão. Lá conheceu Lucrecia Mott, criadora da Convenção Anti-escravidão das Mulheres Americanas. A Convenção de Londres começou com polêmicas; alguns homens não queriam a presença das mulheres; outros as aceitavam apenas se permanecessem nas galerias. Mott e Staton, indignadas, decidiram que fariam algo quando retornassem aos Estados Unidos. Assim nascia o movimento pelos direitos das mulheres.

     Em 1847, os Stanton mudaram-se para Nova York. Com a amiga Lucrecia, e outros dois amigos, as sufragistas decidiram convocar uma reunião para tratar dos direitos das mulheres. Para formalizar o ato, Elizabeth redigiu The Declaration of Rights and Sentimentals (uma declaração de direitos e opiniões), adotando a filosofia dos direitos naturais da Declaração da Independência. 


Uma parceria e amizade que durou 51 anos
     Quatro anos depois, 1851, Elizabeth conheceu Susan Brownell Anthony. Solteira, Susan tinha disponibilidade de tempo para ajudar a organizar o movimento. E conhecimento não lhe faltava, por crescer num ambiente em que seu pai lutava pela causa abolicionista. E por causa de suas habilidades de comunicação e marketing, Susan discursava os textos que Elizabeth redigia. Anthony também reuniu assinaturas para petições, organizou reuniões e arrecadou dinheiro. 

     Enquanto isso, a ousada Elizabeth fazia mais do que redigir discursos. Em 1854, dirigiu-se ao Senado, declarando que o contrato matrimonial deveria ser tratado como qualquer outro contrato, com privilégios e obrigações mútuos. Ela insistia  que as mulheres deveriam poder possuir propriedade, pois muitos maridos perdiam os bens de suas esposas e os seus próprios.


Amigas e defensoras dos direitos
das mulheres. Livro retrata a luta
e as conquistas destas duas feministas

     A Guerra Civil abalou o movimento feminista. Stanton privilegiou o trabalho em defesa do fim da escravidão e admitiu deixar as questões feministas em segundo plano durante o período de guerra. Após o fim da guerra, e separada do marido, Stanton tornou-se mais ativa no movimento feminista. Editou o jornal Revolution e formou a Associação pelo Sufrágio Feminino da América. 

     Com o tempo, Elizabeth Stanton foi abandonando as batalhas de organizações para dedicar-se à palestras. Por uma década, durante os anos de 1870, foi muito solicitada como palestrante e celebridade. Passava o verão com seus filhos, e no início das aulas, partia para um circuito de palestras por mais três meses.

Voto

     Em 5 de novembro de 1872, 16 mulheres de Rochester, incluindo Susan, decidiram votar, sob o risco de serem multadas  e presas. Anthony conseguiu inscrever-se depois persuadir os funcionários, ao ler as emendas da Constituição que protegiam o direito ao voto. Mesmo assim, os funcionários subsequentes decidiram que seu voto eram ilegal, e em novembro foi detida quando estava em casa. Susan recusou-se a pagar a multa e o juiz resolveu arquivar o caso, para evitar controvérsias. Em 1878, o senador da Califórnia A.A. Sargent apresentou o seguinte: O direito dos cidadãos americanos ao voto não deve ser negado ou diminuído pelos Estados Unidos ou qualquer outro Estado por conta do sexo. Mais tarde, a proposta ficou conhecida como a emenda Anthony. Mas Elizabeth e Susan dedicavam-se mais à causas humanas, e não apenas  no voto.

     O movimento crescia e, em 1890, as principais sufragistas decidiram acabar com as divisões e a Associação Nacional pelo Sufrágio Feminino uniu-se à Associação Americana pelo Sufrágio Feminino., ficando conhecida como Nacional-Americana, tendo Staton sido eleita como a primeira presidente.

     Por conta de seu elevado peso, Stanton passou a ficar mais confinada na cobertura de oito quartos que dividia com seus filhos. Seu aniversário de 80 anos foi comemorado no Metropolitan Opera. Ela sentou-se numa cadeira rodeada de rosas. Ainda assim, coordenava um comitê de sete acadêmicos que trabalharam na criação da Woman's Bible., a bíblia feminina, onde podiam recorrer quando tinham que protestar  contra sua degradação política e civil. 

     Susan Anthony, em 1902, fez uma visita a Stanton, que já estava com a saúde debilitada. Então, escreveu a última carta a amiga: Nos conhecemos há 51 anos, e estivemos ocupadas durante cada um deles, despertando o mundo para que reconhecesse os direitos da mulher. Quando iniciamos essa luta, otimistas e com a esperança e a vivacidade da juventude nem sonhávamos que meio século depois seríamos obrigadas a deixar o final da batalha nas mãos de outra geração de mulheres. Mas nossos corações estão  cheios de alegria por saber que elas entram nesta luta equipadas com educação superior, experiência profissional, com o direito pleno de falarem em público - direitos que não possuímos cinquenta anos atrás. Existe ainda praticamente um ponto a ser alcançado - o sufrágio. Estas fortes, corajosas e capazes jovens tomarão os nossos lugares e completarão nosso trabalho. Há um exército delas. O velho preconceito foi tão atenuado, a opinião pública tão liberalizada, e as mulheres demonstraram  com tanta habilidade sua capacidade que não há sombra de dúvida de que elas alcançarão a vitória para a nossa causa.

     Elizabeth Stanton faleceu em 26 de outubro de 1902, aos 86 anos. E Anthony viveu por mais três anos, falecendo quando tinha também 86 anos de idade. Ela usava um broche com quatro estrelas de diamante, as únicas quatro estrelas, representando os estados onde havia sufrágio feminino.

Fonte: Instituto Ordem Livre
Fotos: Internet