segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Da bomba ao homem: a contagem regressiva que evita danos irreparáveis

     Monges budistas costumam indicar a prática da meditação como meio de nos capacitar a cultivar aqueles estados mentais que são conducentes à paz e ao bem-estar, e a erradicar aqueles que não o são. E através de seu estudo, podemos desenvolver três tipos de sabedoria: a que surge de ouvir, de contemplar e de meditar. Quando plenamente desenvolvidas, essas sabedorias erradicam por completo toda a negatividade e toda a confusão da mente, o que pode ser traduzido em qualidade de vida.

     Em linhas gerais, é pensar duas, três, dez vezes, antes de se deixar levar por impulsos irracionais que lá na frente poderão nos causar aborrecimentos desagradáveis. A título de ilustração, podemos imaginar que até mesmo uma bomba (ela, a mais terrível das criações humanas) tem seus minutos de tolerância antes da explosão. Como se a contagem regressiva fosse a oportunidade que ela, a bomba, tem para analisar se vale ou não a pena seguir com o seu propósito. E digamos que, quando falham é porque refizeram os seus planos e, com isso, evitaram danos irreparáveis.

     Então, se até as bombas têm a sua contagem regressiva, quantas horas de diálogo são necessárias para, nós humanos, evitarmos acender nosso estopim? Se é que devemos acendê-lo.

     Vivemos numa sociedade onde os indivíduos estão constantemente conectados - e não apenas no mundo virtual. Dependemos do trabalho do outro. E quantas vezes, por causa dessa dependência, você já deixou de lado sua razão? Um serviço mal feito que lhe obriga prestar inúmeras queixas nos órgãos responsáveis. Um atendimento público ineficiente. O serviço incompleto do colega que lhe impediu concluir o seu trabalho. Pedimos uma vez. Contamos até dez. Reclamamos. Contamos até vinte. Brigamos, verbal ou fisicamente. Discutimos, elevamos o tom. Deixamos de lado nossa razão e somos tomados pela emoção, manifestada através da nossa irracionalidade. Passada a explosão, o estrago está feito. Laços de amizade foram desfeitos, e crimes cometidos.

     Não somos poucos. Atingimos a marca de sete bilhões de terráqueos, com interesses e objetivos iguais: nascer, crescer, prosperar. Mas cada qual usando de caminhos próprios para alcançá-los. E para conseguir sobreviver em meio a este caos, caso as práticas budistas acima citadas não se tornaram hábito, talvez, por enquanto, o melhor seja não ter um isqueiro por perto. Mesmo porque a lista dos que nem chegam a contar, pode ser pequena, mas capaz de estragos incalculáveis.

     

     

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