quinta-feira, 12 de novembro de 2015

QUINTA FEMININA: Elizabeth Stanton e Susan Anthony, unidas na luta pela liberdade feminina norte-americana

Elizabeth Stanton focava-se mais nas
questões humanas do que
propriamente no voto, insistindo nos
direitos naturais, expressos na
Declaração da Independência
     Se por um lado, as mulheres ainda têm muito o que conquistar, por outro, as conquistas já alcançadas devem-se à feministas guerreiras, lutadoras e que morreram defendendo a causa em que acreditavam: o direito pleno e absoluto pela igualdade entre os gêneros. Elizabeth Cady Staton, escritora, conferencista e reformista, foi uma delas. E graças a ela, as norte-americanas são eternamente gratas. 

     Elizabeth Cady nasceu em 12 de novembro de 1815. Estudou no seminário feminino Troy. Em outubro de 1839, conheceu o abolicionista Henry Brewster Stanton e se casaram no ano seguinte. Juntos foram para Londres para a Convenção Mundial Anti-escravidão. Lá conheceu Lucrecia Mott, criadora da Convenção Anti-escravidão das Mulheres Americanas. A Convenção de Londres começou com polêmicas; alguns homens não queriam a presença das mulheres; outros as aceitavam apenas se permanecessem nas galerias. Mott e Staton, indignadas, decidiram que fariam algo quando retornassem aos Estados Unidos. Assim nascia o movimento pelos direitos das mulheres.

     Em 1847, os Stanton mudaram-se para Nova York. Com a amiga Lucrecia, e outros dois amigos, as sufragistas decidiram convocar uma reunião para tratar dos direitos das mulheres. Para formalizar o ato, Elizabeth redigiu The Declaration of Rights and Sentimentals (uma declaração de direitos e opiniões), adotando a filosofia dos direitos naturais da Declaração da Independência. 


Uma parceria e amizade que durou 51 anos
     Quatro anos depois, 1851, Elizabeth conheceu Susan Brownell Anthony. Solteira, Susan tinha disponibilidade de tempo para ajudar a organizar o movimento. E conhecimento não lhe faltava, por crescer num ambiente em que seu pai lutava pela causa abolicionista. E por causa de suas habilidades de comunicação e marketing, Susan discursava os textos que Elizabeth redigia. Anthony também reuniu assinaturas para petições, organizou reuniões e arrecadou dinheiro. 

     Enquanto isso, a ousada Elizabeth fazia mais do que redigir discursos. Em 1854, dirigiu-se ao Senado, declarando que o contrato matrimonial deveria ser tratado como qualquer outro contrato, com privilégios e obrigações mútuos. Ela insistia  que as mulheres deveriam poder possuir propriedade, pois muitos maridos perdiam os bens de suas esposas e os seus próprios.


Amigas e defensoras dos direitos
das mulheres. Livro retrata a luta
e as conquistas destas duas feministas

     A Guerra Civil abalou o movimento feminista. Stanton privilegiou o trabalho em defesa do fim da escravidão e admitiu deixar as questões feministas em segundo plano durante o período de guerra. Após o fim da guerra, e separada do marido, Stanton tornou-se mais ativa no movimento feminista. Editou o jornal Revolution e formou a Associação pelo Sufrágio Feminino da América. 

     Com o tempo, Elizabeth Stanton foi abandonando as batalhas de organizações para dedicar-se à palestras. Por uma década, durante os anos de 1870, foi muito solicitada como palestrante e celebridade. Passava o verão com seus filhos, e no início das aulas, partia para um circuito de palestras por mais três meses.

Voto

     Em 5 de novembro de 1872, 16 mulheres de Rochester, incluindo Susan, decidiram votar, sob o risco de serem multadas  e presas. Anthony conseguiu inscrever-se depois persuadir os funcionários, ao ler as emendas da Constituição que protegiam o direito ao voto. Mesmo assim, os funcionários subsequentes decidiram que seu voto eram ilegal, e em novembro foi detida quando estava em casa. Susan recusou-se a pagar a multa e o juiz resolveu arquivar o caso, para evitar controvérsias. Em 1878, o senador da Califórnia A.A. Sargent apresentou o seguinte: O direito dos cidadãos americanos ao voto não deve ser negado ou diminuído pelos Estados Unidos ou qualquer outro Estado por conta do sexo. Mais tarde, a proposta ficou conhecida como a emenda Anthony. Mas Elizabeth e Susan dedicavam-se mais à causas humanas, e não apenas  no voto.

     O movimento crescia e, em 1890, as principais sufragistas decidiram acabar com as divisões e a Associação Nacional pelo Sufrágio Feminino uniu-se à Associação Americana pelo Sufrágio Feminino., ficando conhecida como Nacional-Americana, tendo Staton sido eleita como a primeira presidente.

     Por conta de seu elevado peso, Stanton passou a ficar mais confinada na cobertura de oito quartos que dividia com seus filhos. Seu aniversário de 80 anos foi comemorado no Metropolitan Opera. Ela sentou-se numa cadeira rodeada de rosas. Ainda assim, coordenava um comitê de sete acadêmicos que trabalharam na criação da Woman's Bible., a bíblia feminina, onde podiam recorrer quando tinham que protestar  contra sua degradação política e civil. 

     Susan Anthony, em 1902, fez uma visita a Stanton, que já estava com a saúde debilitada. Então, escreveu a última carta a amiga: Nos conhecemos há 51 anos, e estivemos ocupadas durante cada um deles, despertando o mundo para que reconhecesse os direitos da mulher. Quando iniciamos essa luta, otimistas e com a esperança e a vivacidade da juventude nem sonhávamos que meio século depois seríamos obrigadas a deixar o final da batalha nas mãos de outra geração de mulheres. Mas nossos corações estão  cheios de alegria por saber que elas entram nesta luta equipadas com educação superior, experiência profissional, com o direito pleno de falarem em público - direitos que não possuímos cinquenta anos atrás. Existe ainda praticamente um ponto a ser alcançado - o sufrágio. Estas fortes, corajosas e capazes jovens tomarão os nossos lugares e completarão nosso trabalho. Há um exército delas. O velho preconceito foi tão atenuado, a opinião pública tão liberalizada, e as mulheres demonstraram  com tanta habilidade sua capacidade que não há sombra de dúvida de que elas alcançarão a vitória para a nossa causa.

     Elizabeth Stanton faleceu em 26 de outubro de 1902, aos 86 anos. E Anthony viveu por mais três anos, falecendo quando tinha também 86 anos de idade. Ela usava um broche com quatro estrelas de diamante, as únicas quatro estrelas, representando os estados onde havia sufrágio feminino.

Fonte: Instituto Ordem Livre
Fotos: Internet

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