domingo, 1 de novembro de 2015

A barbárie que caminha com o tempo

Era comum fotos de linchamento
serem transformadas em cartões-
postais, exclusivamente de negros
     Diariamente, lemos, vemos ou ouvimos casos de linchamento ocorridos no Brasil e no mundo. E muitos não devem saber é que a origem da palavra é atribuída ao coronel Charles Lynch, que praticava o ato por volta de 1782, durante a Guerra da Independência dos Estados Unidos ao tratar dos pró-britânicos. Apesar de alguns autores remeterem a palavra ao capitão Willian Lynch, do Estado da Virgínia, que manteve um comitê para manutenção da ordem durante a revolução, por volta de 1780.

     Independente do autor, a lei de Lynch deu origem à palavra linchamento, em 1837, designando o desencadeamento do ódio racial contra os índios, principalmente na Nova Inglaterra, apesar das leis que os protegiam. Bem como contra os negros perseguidos pelos "comitês de vigilância" que deram início ao Ku Klux Klan. No sul, é a desconfiança da lei e a reivindicação de anarquia que favorecem o seu desenvolvimento.

     Ainda que a etimologia da palavra deixe dúvidas sobre sua paternidade, o ato já ocorrida desde a Idade Média na Europa e, no século 19 na Irlanda e na Rússia.

     Nos Estados Unidos, antes da Guerra Civil, o linchamento era usado principalmente contra defensores dos direitos civis, ladrões de cavalos e trapaceiros. E seu uso se expandiu por volta de 1880, para grupos de status social supostamente mais baixo, como negros, judeus, índios e imigrantes asiáticos. 

     A prática do linchamento ficou particularmente associada ao assassinato de negros no sul dos Estados Unidos no período anterior às reformas dos direitos civis da década de 1960. Mais de 85% dos estimados 5 mil linchamentos do período posterior à guerra civil ocorreram nos estados do sul, mas o problema era nacional, com um ápice em 1892, quando 161 negros foram linchados. As práticas de linchamentos, assistidas por uma grande multidão de pessoas, eram variadas, mas todas tinham em comum o ódio racial.

     No Brasil, os linchamentos já apresentaram uma conotação diretamente racial, assim como nos Estados Unidos, sobretudo no século 19. Até hoje esta prática ainda é usada em vários países. A diferença é que passou a se desenvolver em outras classes sociais. Se antigamente era usada pelos conservadores e a elite, hoje, é bem mais comum entre os mais pobres, em casos de crimes graves. O que se observa é que estes crimes são cometidos por indivíduos descrentes do poder dos aparelhos judiciais. Estas pessoas tentam restabelecer a ordem perdida. 

     Práticas deste tipo expressam uma cultura de hierarquização da sociedade, onde alguns grupos estão excluídos da proteção das leis e podem ser mortos, sem maiores consequências. Os linchamentos no Brasil expressam a existência de uma sociedade seletiva, que não atinge a todos de maneira igual.

Fonte: Wikipedia
Foto: Blog Menezes Ciência

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