sábado, 21 de novembro de 2015

Obra de 1711 recebe o selo Memória do Mundo

A peça é um item de cofre, que foi microfilmado e
digitalizado, para facilitar a consulta pelos usuários
     O livro Cultura e Opulência do Brasil, publicado em 1711 por um jesuíta sob o pseudônimo André João Antonil, é a primeira obra impressa do acervo de Obras Raras da Biblioteca Nacional a receber o registro  do programa Memória do Mundo - Brasil, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco. Trata-se da primeira obra fundadora  do estudo da economia brasileira.

      Criado desde 1992, o programa Memória do Mundo tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância de se preservar e dar acesso ao patrimônio documental da humanidade. O registro para integrar o programa pode ser concedido em âmbito nacional, regional ou internacional.

      A candidatura, submetida para análise do comitê nacional do programa Memória do Mundo em julho deste ano, foi fundamentada em aspectos relativos à importância da obra e à qualidade do exemplar do acervo da Biblioteca Nacional. De acordo com a chefe do Acervo de Obras Raras, Ana Virgínia Pinheiro, é difícil conseguir este registro para uma publicação impressa, "porque concorremos com manuscritos e outros documentos que constituem exemplares únicos."

     O livro reúne informações sobre as principais atividades econômicas da colônia (cana-de-açúcar, tabaco, mineração e pecuária). É, também, um retrato detalhado dos hábitos e costumes da população da época, contando inclusive com uma recomendação do autor sobre o tratamento das pessoas escravizadas: os senhores de engenho deveriam adotar aquela que ficou conhecida como a "política dos três P (pão, pano e pau).

     A publicação do jesuíta italiano - cujo nome verdadeiro era João Antônio Andreoni -, foi recolhida  por ordem de D. João V por ser considerado incoveniente para a Coroa Portuguesa, pois continha informações estratégicas sobre as riquezas do Brasil, como por exemplo, a localização das minas de ouro e prata. No mundo todo, há apenas sete exemplares, pois o restante da tiragem foi destruída à época. O exemplar é considerado um cimélio, ou seja, peça extremamente rara.

          O conteúdo do livro possibilita estudos sobre escravidão, relações familiares, questões de gênero e muitos outros temas relacionados à vida no Brasil Colônia.

Fonte e foto: Biblioteca Nacional

     

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