segunda-feira, 25 de maio de 2015

ABP emite nota de repúdio contra atitude da senadora Vanessa Gradiotim

Xingar alguém de retardado, débil mental ou autista pode esconder mais que preconceito, e sim uma ignorância. E contra comportamentos deste tipo, a Associação Brasileira de Psiquiatria, a ABP, divulgou nota de repúdio ao Senado Federal contra a senadora Vanessa Gradiotim (PCdoB) por chamar de autista o senador Ronaldo Caiado (DEM) durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, ocorrido no último dia 12.

Na nota, a ABP coloca-se radicalmente contra a psicofobia, que é qualquer ato  de preconceito ou discriminação contra os portadores de transtornos e deficiências mentais. (conforme matéria divulgada neste blog).

Posteriormente, em sua página em uma rede social, e pessoalmente ao senador, a senadora Vanessa pediu desculpas "pelo sofrimento que suas palavras trouxeram a milhares de famílias" e garantiu que será uma militante pela causa dos autistas.

Mesmo com o pedido de desculpas da senadora e sua retratação, a ABP reforça que o Projeto de Lei do Senado 236/2012 e uma emenda ao Código Penal aguardam aprovação para tornar a psicofobia crime em todo o Brasil.

"Usar termos psiquiátricos como xingamentos é a forma mais espúria de preconceito. Estranhamos que uma senadora - que tem a nobre profissão de farmacêutica - tenha usado a palavra desta maneira e esperamos que ela realmente entre conosco na campanha contra o preconceito em geral e não apenas em relação ao autismo", assina a nota o presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva.

Outros casos

No Blog Transversos, a autora Andréa B. de Oliveira, militante da causa autista e mãe de uma criança portadora da síndrome, citou casos no meio político onde a palavra autista foi empregada de forma pejorativa. Eis alguns :

- Vladimir Safatle, doutor em Filosofia: Governo Alckimin é autista, 2015;
- Gilmar Mendes, então advogado-geral da União, em 2000: Os juízes estão anestesiados, o autismo é um mal complicado do Poder Judiciário;
- Governo e Congresso tem comportamento autista, Renato Lessa, então professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, em 2005;
- Ana de Hollanda (à época ministra) é meio autista, sociólogo Emir Sader prestes a presidir a Fundação Casa de Rui Barbosa, em 2011;
- Em 2014, o senador Roberto Requião, candidato ao governo do Pará, numa tentativa de desqualificar Beto Richa, afirmou que o psdbista era autista e conduzia um governo autista, durante um debate.

"Chamar alguém ou um governo de autista com a intenção de dizer que ele está alheio a realidade ou que só vê o que quer é uma ignorância gritante, e só traz mais angústia e sofrimento para quem vive as dificuldades da inclusão no país das injustiças sociais. Quando a intenção é o insulto ou o escárnio, a revolta é inevitável", explica a militante Andréa, e continua: "o autismo é transtorno de espectro muito amplo e que não determina a personalidade, ou seja, cada autista é único, como qualquer outro indivíduo, mesmo que tenham os mesmos sintomas ou reajam da mesma forma numa ou outra situação. Autistas não são robôs ou robotizados, não são formatados, como muitos pensam".

Fonte: ABP
Fonte: Blog Transversos


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