sexta-feira, 29 de maio de 2015

Estudo liga o presidente emérito da FIFA ao regime militar

João Havelange, aos 99 anos, presidente emérito da FIFA
O brasileiro João Havelange ocupou a presidência da FIFA, entidade máxima do futebol, de 1974 à 1998. Mas para conquistar o cargo, ele contou com um financiamento poderoso: o regime militar. A conclusão é fruto de um trabalho de pesquisa de mestrado do geógrafo Aníbal Chaim, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, a FFLCH, da Universidade de São Paulo, a USP.

Em dezembro de 1968, dez dias antes de editar o Ato Inconstitucional nº 5 - considerado o mais autoritário ato inconstitucional - o presidente Arthur da Costa e Silva reuniu-se com Havelange para, através do futebol, legitimar o regime militar, desenvolvendo com o esporte políticas sociais. "A ditadura precisava apresentar para a sociedade, como contrapartida ao clima instaurado pelo regime, um projeto claro de crescimento político e de desenvolvimento do país. E isso implicaria maior investimento social e também no esporte. E foi nesse contexto que a ditadura olhou para o futebol, como uma possibilidade para alavancar esses projetos", segundo o professor Adrian Gurza Lavalle, professor da FFLCH. E para isso, exigiu que o Brasil ganhasse a Copa do Mundo, que ocorreria dali a dois. "Havelange, um homem muito influente e, desde sempre, com muitos contatos no meio do futebol, não só aceitou, como também exigiu dinheiro para fazer o trabalho e garantir o título", comentou o mestrando em entrevista à Agência USP.


Posse do presidente Costa e Silva
Pouco tempo depois, foi criada a Loteria Esportiva, a principal fonte de financiamento, e de onde Havelange tirou dinheiro para realizar a maioria de suas atividades. Finalmente veio a Copa de 1970, e com ela, a taça para o Brasil. A partir daí, seu objetivo não seria mais seguir o projeto dos militares. Então, candidata-se à presidência da FIFA a fim de ganhar prestígio político junto a demais federações mundo afora. E parece ter conseguido.

Fonte: Agência USP
Foto 2: Folhapress

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