quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Cães auxiliam na terapia de crianças com transtornos psiquiátricos

Mandiba, o vira-lata "doutor", em seu trabalho terapêutico
     Cachorro é tudo de bom. Mais que uma chamada publicitária, a frase vai além do que se pode interpretar apenas como um afeto entre homens e cães. Está mais do que provado que conviver com um cachorro pode diminuir o estresse, baixar a pressão arterial e amenizar - quando não, sarar - os sintomas da depressão. Eles ajudam no controle do diabetes, quando o seu olfato apuradíssimo detecta a alteração nos níveis de açúcar do doente. E mais, eles podem ser bons terapeutas.

     Na Brinquedoteca do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, a USP, um vira-lata, o Mandiba, é um dos "doutores" da associação TAC -  Terapias Assistidas por Cães. Inicialmente, o objetivo era reduzir a ansiedade das crianças com autismo, desenvolvendo atividades com os cachorros enquanto elas aguardavam as consultas ambulatoriais. Hoje, os cães são parte da terapia. Diante dos bons resultados, a iniciativa acabou se estendendo também às crianças internadas no Hospital-Dia infantil, onde os diagnósticos são diversos: esquizofrenia, déficit de atenção, depressão, transtorno bipolar, entre outros. "Estamos também na geriatria e na área de cuidados paliativos, dando suporte aos acompanhantes e à equipe", explica o fisioterapeuta Vinícius Ribeiro, que é um dos fundadores do TAC, além de dono do Mandiba. Segundo ele, a interação com o cão pode ajudar no processo de recuperação de memórias e tirar a pessoa do isolamento.

    Em geral, de três a sete crianças participam do grupo de terapia com cães.  Uma das características mais importantes dos cães que os qualificam para essa "profissão" é a ausência de expectativas. No caso dos pais ou dos próprios terapeutas, por exemplo, existe a frustração quando o paciente não consegue cumprir uma determinada atividade programada, o que por vezes, bloqueia a espontaneidade das crianças. No caso de uma pessoa, é difícil ter certeza se ela está triste ou alegre, as informações afetivas são mais complicadas. Ao contar uma historia para o animal, a criança não sente a cobrança em relação à pronúncia correta, à entonação ou a fluidez de sua leitura, e consegue desenvolver suas habilidades com mais facilidade.  

Fonte: USP
Foto: Cecília Bastos

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