No próximo dia 17 de setembro, o Centro de Documentação e Memória, o Cedem, da Universidade Estadual Paulista, a Unesp, promoverá o cine-debate Yami no Ichinichi - o crime que abalou a colônia japonesa no Brasil (2012), de Mario Jun Okuhara.
O filme é um retrato das graves violações de direitos humanos perpetrados contra a população japonesa no Brasil, durante a ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945) e o governo constitucional de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951). As restrições impostas contra pelo Estado impediram qualquer forma de comunicação em língua japonesa.
Yami no Ichinichi revelou casos de tortura e morte reconhecidos, agora, pela Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva. E ficou evidente a perseguição de caráter político contra 172 imigrantes japoneses, detidos no Instituto Correcional da Ilha Anchieta, Ubatuba, litoral de São Paulo, de 1946 a 1948. Foram imputadas aos indiciados, as acusações de crime contra a segurança nacional e de infração dos artigos do decreto-lei nº383, de 1938.
O documentário possibilitou o resgate desse período da História desconhecido por brasileiros e até descendentes de japoneses, propiciando o pedido de retratação pública ao Estado - sem cunho pecuniário -, como reconhecimento oficial dos valores intrínsecos de um povo e sua contribuição para o processo histórico de formação do Brasil.
Sobre o Yami no Ichinichi
O filme relata um episódio dramático cujas consequências marcaram profundamente a colônia japonesa no Brasil. O documentário, fruto de intensa pesquisa, mostra a brutal repressão contra os estrangeiros que, iniciada no Estado Novo, prosseguiu no ano de 1946 sobre a população japonesa. As restrições impostas pela ditadura, além de impedir a comunicação na língua japonesa, proibia aos imigrantes terem conhecimento da situação do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Desta forma, uma violenta discórdia foi desencadeada dentro da comunidade japonesa no Estado de São Paulo, provocando mortes e ferimentos.
Yami no Ichinichi traz a saga de Tokuichi Hidaka que, em 1946, aos 19 anos de idade, foi um dos autores do assassinato do coronel Jinsaku Wakiyama, em crime atribuído a uma entidade denominada Shindo Renmei (Liga dos Caminhos dos Súditos). Hidaka, que vive hoje na cidade de Marília, interior de São Paulo, entregou-se a polícia com o restante do grupo e cumpriu 18 anos de prisão. Em liberdade, sofreu a punição da colônia japonesa, sendo discriminado, condenado ao ostracismo, sem ter a chance de contar sua versão. Décadas mais tarde, Hidaka parte em busca dos amigos e das pessoas daquele período para reconstruir a memória da época e encontrar o sentido da sua vida no Brasil.
Ainda no documentário, é possível ver Hidaka, com 85 anos e uma memória invejável, dar detalhes da sua passagem por Anchieta. Para quem leu o livro Corações Sujos ou assistiu ao filme, já estará familiarizado sobre o tema central deste documentário.
Clique aqui e assista ao filme Yami no Ichinichi - o crime que abalou a colônia japonesa no Brasil.
Fonte e imagem: Unesp
Fórum Verdade
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