quinta-feira, 1 de outubro de 2015

QUINTA FEMININA: Rosa Parks, símbolo da luta pelos direitos civis dos negros

 A "mãe" da luta pelos direitos civis da
comunidade negra
     O ano era 1955. Na volta para casa, naquele 1º de dezembro, a costureira negra norte-americana recusou-se a ceder o seu lugar no ônibus a um branco, tornando o seu gesto o estopim do movimento que foi dominado boicote aos ônibus de Montgomery, e que deu início à luta antissegregacionista. 

     Rosa Louise McCauley nasceu no estado norte-americano do Alabama, em 1913. E devido a problemas de saúde na família, foi obrigada a interromper os estudos para trabalhar como costureira. Quando seus pais se separam, mudou-se para a cidade de Montmomery. Em 1932, casou-se com Raymond Parks, membro da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (em tradução livre), na qual Rosa tornou-se militante.

O fato

     Desde 1900, o transporte público naquela cidade era legalmente segregado por raça - muitos estados sulistas também tinham leis parecidas. A decisão era apoiada inclusive por cortes estaduais.


Depois de reformado, o ônibus tornou-se atração no Museu
Henry Ford, no estado do Michigan
     Na noite daquele dia, Parks, então com 42 anos de idade, entrou no ônibus na avenida Cleveland. Pagou a passagem  e sentou-se na primeira fileira de assentos reservados para negros nos veículos. Na terceira parada, vários passageiros entraram. O motorista notou que pessoas brancas estavam em pé. Para resolver o "problema", ele mudou o sinal de colored (pessoas de cor) para atrás da fileira onde Parks estava. Ele então exigiu que os passageiros negros sentados levantassem para que os passageiros brancos pudessem sentar. Três pessoas negras levantaram-se, enquanto que Rosa recusou-se a obedecer a ordem. Ao ser questionada, defendeu-se dizendo: Eu não deveria ter que me levantar. O homem chamou a polícia e mandou prender Rosa Parks.

     Parks foi acusada de violar a lei de segregação do código da cidade de Montgomery, apesar dela, tecnicamente, não ter se sentado em um assento reservado para brancos. Foi solta no dia seguinte, após o pagamento de fiança pelo presidente da Associação.

Início do movimento

     Após o episódio, diversos ativistas de direitos civis decidiram usar o caso de Rosa para chamar atenção para a causa de encerrar a segregação racial nos Estados Unidos. Convocaram um boicote aos ônibus de Montgomery. Nos eventos que se seguiram, alguns líderes religiosos e ativistas se destacaram, entre eles, os reverendos Ralph Abernathy e Martin Luther King. E durante 381 dias, os mais de 40 mil usuários negros de ônibus da cidade e arredores mantiveram o boicote. Em 1956, a Suprema Corte americana julgou inconstitucional a segregação racial em transportes públicos. Houve intensa comemoração por parte da comunidade negra.

Conflito com a supremacia branca

     Ainda que a decisão da Suprema Corte tenha sido instituída, os acontecimentos que se seguirão não foram nada bons para Rosa Parks. Como ícone do movimento, sanções eram feitas a ela e a outros líderes, resultando em dificuldades para conseguir emprego. Ela sofreu ameaças de morte por parte de grupos de supremacia branca, e se mudou para a Virgínia; mais tarde para Detroit. Mas o racismo e a segregação persistiram. No entanto, Rosa nunca abandonou a militância.

     Em 1992, publicou sua autobiografia. Na mesma década, recebeu uma comenda das mãos do então presidente Bill Clinton. Viúva e com enormes dificuldades financeiras, em 2002 ela foi despejada de seu prédio. Recebeu ajuda da Igreja Batista, e devido à comoção nacional, o banco decidiu perdoar sua dívida e ela voltou para o seu apartamento.

     Debilitada por doenças mentais, seus últimos dias foram sofridos, mas sempre se recordava com prazer dos seus feitos. Rosa faleceu em casa, no dia 24 de outubro de 2005. Seu corpo foi velado com honras da Guarda Nacional do estado de Michigan. 

A luta de Rosa Parks tem que continuar...

     O ano é 2015. No Brasil, em um estabelecimento comercial, uma mulher se recusa a ser atendida por um vendedor negro. Outra chama a cobradora do ônibus de macaca folgada. Um senhor não quer ser consultado por um médico negro. O diretora de Recursos Humanos da empresa descarta a candidata negra. Os anúncios de emprego contêm o termo "boa aparência". Etc, etc, etc...

Fonte: Wikipedia

     

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