domingo, 31 de maio de 2015

Capacidade de concentração diminuiu, mas aumentou a capacidade de multitarefa

Ponto negativo: dificuldade de relacionamento pessoal
Os seres humanos tem um déficit de atenção menor que de um peixe-dourado. Calma, leia antes de se assustar com o dado. Uma pesquisa da Microsoft Canadá, com 2 mil participantes, descobriu que a capacidade de concentração das pessoas vem caindo muito rápido. Em 2000, a média era de 12 segundos; hoje, conseguimos nos concentrar por apenas 8 segundos. Enquanto que o peixinho mantem sua concentração um pouco mais, 9 segundos. Mas, não se preocupe, pois esta queda não é tão ruim assim; é apenas diferente, porque nossa capacidade de multitarefa vem aumentando. E o cérebro humano, quando bem adestrado, consegue surpreender.

Quer um exemplo? A chamada Hipnose de Estrada. Quando dirigimos perfeitamente bem, por quilômetros e mais quilômetros, e sem perceber. É um fenômeno comum. O cérebro desliga as funções de consciência e continua no "piloto automático".

Vivemos mergulhados em informações. Crianças hoje moldam seus cérebros para achar isso absolutamente natural - o que é ótimo - pois estão aproveitando muito mais o seu tempo. E acabam desenvolvendo habilidades que as tornarão muito mais eficientes. Talvez a moda de tratar tudo como Síndrome de Déficit de Atenção tenha criado uma epidemia de crianças amansadas, medicadas com Ritalina, nos Estados Unidos. Quando na verdade, os pais devessem perceber os tempos são outros. E a maioria esmagadora dos casos pode ser apenas falta de organização e disciplina para ser multitarefa de forma eficiente. E por isso, forçar a mono-tarefa em crianças acostumadas a fazerem cinco coisas ao mesmo tempo, não seja uma boa ideia.

Uma explicação para esse fenômeno é neurológica. O cérebro infantil, super-estimulado funciona a mil. "Qualquer teste de desenvolvimento de inteligência mais antigo concluirá que a criança de hoje é gênio", afirma o neurologista infantil José Salomão Schwartzman, professor de pós-graduação do Mackenzie, de São Paulo. E explica que isso acontece porque a criança tem o cérebro mais exposto a uma quantidade crescente de estímulos desde cedo e estabelece precocemente um número maior de conexões entre neurônios.

Fonte: Thelegraph e Site Universitários (foto)

sábado, 30 de maio de 2015

Arte, criatividade, ousadia, ou...?

O artista de 65 anos, junto de uma de suas obras
Para você, o que é ser criativo? Provavelmente, para muitas pessoas, a criatividade tenha que surgir do nada, de uma folha em branco, para daí transformar-se num projeto revolucionário. No entanto, você pode já ter se deparado com algumas invenções do cotidiano, e tenha se perguntando: por que não pensei nisso antes? Pois bem, lá vai mais uma para você mudar seus conceitos e procurar a criatividade no simples. Pois todo produto criativo é uma combinação de coisas que já existiam. Não é olhando para a parede que você vai criar algo. Aprenda a olhar em volta e usar o que já existe e você terá aprendido a ser criativo.

O artista americano Richard Prince olhou muito bem a sua volta, mais precisamente na tela do seu notebook, smathphone ou tablet. Prestou atenção nas dezenas ou centenas de fotos de anônimos que via pelo seu Instagram - rede social de compartilhamento de fotos - e a partir daí começou a ganhar dinheiro, muito dinheiro. Usou um famoso evento de arte de Nova Iorque, da Gagosian Gallery, no final do ano passado, para vender algumas obras. No caso, as "obras" são as tais fotos que aparecem em seu Instagram e com alguns comentários inseridos por ele. E pasmem. O valor de cada obra está sendo vendida pela bagatela de 90 mil dólares cada. E mais, esse arrecadação toda vai para sua conta sem que ele repasse parte do lucro para a pessoa que posou para a foto e teve sua imagem exposta em uma parede ser saber que isso iria acontecer. E onde fica a lei de direito autoral? Em sua concepção, a modificação transformou seus objetos em arte. Uma boa forma de "fazer arte" e ganhar dinheiro, com o trabalho e imagens dos outros.


Tenho o mesmo direito que ele, que pegou nossas fotos
Em contrapartida, recentemente, uma das modelos das fotos, resolveu atacar de forma inteligente. Colocou a venda, uma das fotos usadas pelo artista pelo módico valor de 90 dólares, bem abaixo dos 90 mil de Richard Prince. "Todo mundo queria saber o que eu pensava sobre o trabalho de Prince. Na verdade, o meu primeiro pensamento é querer saber quem é que compra um trabalho desse a esse preço".

Ousado ou Abusado, Prince reproduziu o anúncio do site em seu Twitter, o que está causando certa polêmica, com críticas pesadas, para desespero das redes sociais.

Segundo Fabio Zugman, em artigo para o portal Administradores, o artista é conhecido por essa ironia com o direito autoral. Quer mais uma ousadia? Há alguns anos, Prince conseguiu imprimir o livro O Apanhador no Campo de Centeio, uma das obras mais importantes da literatura americana. Detalhe, com o seu próprio nome no lugar do autor. Vendeu rapidamente 300 exemplares pelo dobro do preço do original.

Ainda que o processo criativo seja infinito, pode ser que uma determinada hora, se encontre com a ética. Aí, cabe a cada um escolher se ambos podem ou não conviver em harmonia.

Pesquisa analisa comportamento e gostos gastronômicos do brasileiro

Os brasileiros aceitam o uso do celular à mesa
Quem nunca viu em sua timeline do Facebook pelo menos uma única foto de comida postada por um amigo? Isso se não foi você quem a postou na página de um de seus contatos. Seja lá qual for o seu caso, esse tipo de foto só é reflexo de um comportamento tão comum ao nosso comportamento. Segundo o Groupon, os brasileiros são os que mais postam fotos de comidas em redes sociais. O Groupon tornou-se conhecido no mundo todo graças às ofertas de bares e restaurantes que, ainda hoje, são o carro-chefe do negócio.

A pesquisa teve por objetivo analisar as preferências, hábitos e os gostos gastronômicos de cinco países da América Latina - Brasil, Chile, Argentina, Colômbia e México - e aconteceu entre os dias 9 e 14 de abril. Cinco mil pessoas participaram do estudo. E o resultado mostrou que os brasileiros são os que mais gostam de tirar fotos com o objetivo de postá-las em redes sociais. E mais do que isso, 39% concordam com essa prática; nove pontos percentuais acima da média.

Tão comum durante reuniões à mesa - formais ou não -, o uso do celular é muito bem aceito por nós brasileiros, pois somente 14% acreditam ser falta de educação usar o aparelho durante uma reunião. Esse número cai para a metade entre os entrevistados de outros países.

Preferências culinárias

Em todos os países pesquisados, a culinária italiana aparece como a mais preferida. Com 21% dos votos totais, superou grandes rivais, como a argentina e a mexicana, ambas com 14%. No entanto, especificamente por aqui, a comida japonesa está entre as favoritas, escolhida por 20% dos entrevistados, o que nos demais países representa apenas 10% dos apreciadores da culinária nipônica. O sushi vence em quatro dos cinco países. Por aqui, ele só perde para o churrasco.

O relatório final mostrou que os argentinos são os mais propensos a dividir a conta igualmente, 86% deles. Já o Brasil aparece com o maior índice quando a questão é "pagar apenas o que se consome". A taxa é quase o dobro da média, que corresponde a 12%.

Fonte: Site Administadores

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Estudo liga o presidente emérito da FIFA ao regime militar

João Havelange, aos 99 anos, presidente emérito da FIFA
O brasileiro João Havelange ocupou a presidência da FIFA, entidade máxima do futebol, de 1974 à 1998. Mas para conquistar o cargo, ele contou com um financiamento poderoso: o regime militar. A conclusão é fruto de um trabalho de pesquisa de mestrado do geógrafo Aníbal Chaim, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, a FFLCH, da Universidade de São Paulo, a USP.

Em dezembro de 1968, dez dias antes de editar o Ato Inconstitucional nº 5 - considerado o mais autoritário ato inconstitucional - o presidente Arthur da Costa e Silva reuniu-se com Havelange para, através do futebol, legitimar o regime militar, desenvolvendo com o esporte políticas sociais. "A ditadura precisava apresentar para a sociedade, como contrapartida ao clima instaurado pelo regime, um projeto claro de crescimento político e de desenvolvimento do país. E isso implicaria maior investimento social e também no esporte. E foi nesse contexto que a ditadura olhou para o futebol, como uma possibilidade para alavancar esses projetos", segundo o professor Adrian Gurza Lavalle, professor da FFLCH. E para isso, exigiu que o Brasil ganhasse a Copa do Mundo, que ocorreria dali a dois. "Havelange, um homem muito influente e, desde sempre, com muitos contatos no meio do futebol, não só aceitou, como também exigiu dinheiro para fazer o trabalho e garantir o título", comentou o mestrando em entrevista à Agência USP.


Posse do presidente Costa e Silva
Pouco tempo depois, foi criada a Loteria Esportiva, a principal fonte de financiamento, e de onde Havelange tirou dinheiro para realizar a maioria de suas atividades. Finalmente veio a Copa de 1970, e com ela, a taça para o Brasil. A partir daí, seu objetivo não seria mais seguir o projeto dos militares. Então, candidata-se à presidência da FIFA a fim de ganhar prestígio político junto a demais federações mundo afora. E parece ter conseguido.

Fonte: Agência USP
Foto 2: Folhapress

quinta-feira, 28 de maio de 2015

QUINTA FEMININA: Carolina Maria de Jesus, a escritora esquecida do best-seller Quarto de Despejo

Textos inéditos falam da sua condição de mulher negra e pobre
Nascida numa comunidade rural de Minas Gerais, Sacramento, em março de 1914, Carolina Maria de Jesus era filha ilegítima de um homem casado, e por isso desprezada durante toda a sua infância. Talvez por isso, tenha desenvolvido uma personalidade agressiva, o que contribuiu para superar momentos difíceis pelos quais passou. Obrigada pela mãe a frequentar a escola, depois que a esposa de um rico fazendeiro ofereceu-se para pagar seus estudos, Carolina abandonou a escola no segundo ano; mas sabendo ler e escrever. O acesso à literatura deveu-se graças a bondade de um oficial de Justiça mulato de Sacramento que lia trechos de jornais para os negros da cidade que não sabiam ler. Tomou gosto pela leitura. E emprestado de uma vizinha, Escrava Isaura, de Bernado Guimarães, foi o primeiro livro que leu inteiro.

Com a morte da mãe, em 1937, viu-se obrigada a mudar-se para São Paulo. Construiu sua própria casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer coisa que pudesse encontrar. Vendia papel que recolhia todas as noites das ruas. Quando encontrava revistas e cadernos antigos, os guardava para fazer suas anotações. Nascia a escritora. 

Começou a escrever sobre o cotidiano dos moradores da favela do Canindé, umas das primeiras de São Paulo. Incluía também nos escritos, os fatos políticos e sociais que via. Descrevia como a pobreza e o desespero podem levar pessoas boas a trair seus princípios simplesmente para conseguir comida para si e suas famílias. Isso aborrecia seus vizinhos que não eram alfabetizados, e que se sentiam desconfortáveis por vê-la escrevendo; ainda mais sobre eles. Mesmo com todos os percalços, escreveu seu primeiro livro.


O jornalista Audálio, entre Carolina, à esq. e Ruth de Souza, hoje atriz 
Quarto de Despejo foi publicado em 1960, graças a uma matéria do jornalista Audálio Dantas, no jornal Folha da Noite. Em abril de 1958, Dantas cobria a abertura de um pequeno parque municipal. Imediatamente, após a cerimônia, uma gangue de rua chegou e reivindicou a área, perseguindo as crianças. O jornalista viu Carolina de pé, na beira do local gritando "Saiam ou eu vou colocar vocês no meu livro!". A atitude chamou a atenção de Dantas que questionou qual era a intenção dela com aquelas palavras. Ela o levou até sua casa e mostrou-lhe tudo. Ele pediu uma pequena amostra - de um total de 20 cadernos - e publicou no jornal. A história de Carolina eletrizou a cidade.

O livro foi um sucesso de vendas. A tiragem inicial, 10 mil exemplares,  esgotou-se em três dias, outros 90 mil foram vendidos em seis meses. Ainda que escrito numa linguagem simples e deselegante, foi traduzido para treze idiomas e tornou-se em best-seller na América do Norte e na Europa. Mais uma vez, os escritos de Carolina despertaram a fúria dos vizinhos. Chamavam-a de prostituta negra que havia ficado rica por escrever sobre a favela, mas que se recusava a compartilhar os ganhos. Jogavam pedras e penicos cheios nela.

Teve vários relacionamentos amorosos, mas evitou o casamento, por ver muitos casos de violência doméstica. Teve três filhos, de pais diferentes, um deles, um homem branco e rico. Pobre e esquecida, Carolina Maria de Jesus morreu em 1977, aos 62 anos, de insuficiência respiratória.

Mais viva do que nunca 

A historiadora Elena Pajaro Peres desenvolve no Instituto de Estudos Brasileiros, IEB, da Universidade de São Paulo, a USP, pesquisa de pós-doutorado sobre a diáspora africana nos manuscritos de Carolina. Elena identifica um elo com a cultura de Cabinda, hoje província de Angola, que liga a escritora à África Central. O avô de Carolina era um ex-escravo e seus pais vinham dessa região de cultura banto, onde o exercício da formação moral e da busca do caminho reto era feito por meio de diálogos e provérbios.

A presença da escritora em círculos acadêmicos do Brasil e do exterior contrasta com o quase total desconhecimento de seu nome pelo público leitor. Carolina publicou outros três livros em vida, com repercussão menor comparados à obra que a celebrizou. E deixou guardadas mais de 5 mil páginas manuscritas, totalizando 58 cadernos que contêm sete romances, mais de 60 textos com características de crônicas, fábulas, autobiografia e contos,, mais de 100 poemas, quatro peças de teatro e 12 marchinhas de Carnaval, segundo levantamento feito pela doutoranda Raffaela Fernandez, que atualmente trabalha na pesquisa Narrativas de Carolina Maria de Jesus: Processo de criação de uma poética de resíduos, no Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade de Campinas, a Unicamp. 

Carolina entregou muitos escritos a outras pessoas, na esperança de publicá-los. E em suas mudanças, muitos se perderam. Elena Peres conseguiu consultar microfilmes dos seus manuscritos na Biblioteca do Congresso, em Washigton, nos Estados Unidos. Segundo Elena, todo esse material se encontra espalhado, e novos manuscritos podem aparecer.

Bibliografia:

Quarto de Despejo - 1960;
Casa de Alvenaria - 1961;
Pedaços de Fome - 1963;
Provérbios - 1963; 

Publicações póstumas:

Diário de Biita - 1982 - publicado na França, assim como Provérbios. E quatro anos depois, no Brasil.
Onde estaes Felicidades? - 2014

Fonte: Wikipedia e Revista Fapesp
Foto 1: Internet
Foto 2: Acervo IMS

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Ambulatório dos Viajantes, você conhece?

O Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas, HC, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, FMUSP, é um serviço pouco conhecido, e de muita utilidade para os viajantes internacionais. No local, são promovidas palestras, em que os médicos transmitem informações essenciais sobre as principais doenças dos países que serão visitados e orientações sobre vacinas. E esclarecerem dúvidas. Há ainda a possibilidade de um atendimento individual, e caso necessário, ser vacinado.

Dentre os assuntos recorrentes, aqueles relacionados a doenças transmitidas por água ou alimento, picada de mosquito, acidente com animais que podem transmitir raiva, acidentes com animais peçonhentos, violência urbana e até cuidados durante o voo para a prevenção de trombose venosa.

Casos

Segundo alerta do Ambulatório, as pessoas que forem viajar para os Estados Unidos, países da Europa, como França, Alemanha e Inglaterra, Ásia e África, devem tomar cuidado para o risco de transmissão de sarampo nesses lugares.

Mas o Brasil não fica de fora. Em 2014, foi registrado um surto de sarampo no Ceará que se estende até o momento. A maioria dos casos são de pessoas não vacinadas, segundo alerta a médica responsável pelo Ambulatório, a infectologista Karina. T. Miyaji. A vacina do sarampo, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é eficaz em até 99% dos vacinados. São indicadas duas doses para menores de 20 anos de idade. Adultos que não tem certeza de que foram vacinados, devem procurar pelo serviço.

Viajantes, cujo destino é alguns países da África e América Latina, precisam se proteger contra a febre amarela. No Brasil, a doença prevalece no Acre, Amapá, Mato Grosso, Roraima, Amazonas, Goiás, Pará e Distrito Federal. Alguns países exigem o certificado de vacinação de pessoas provenientes de países endêmicos.

Outras vacinas recomendadas são Hepatite B e Difteria-Tétano. A dose de reforço dupla adulto deve ser tomada a cada dez anos.

O serviço é gratuito e pode ser agendado pelo telefone: 11 2661-6392

Fonte: Site USP

terça-feira, 26 de maio de 2015

Documentos revelam a complexidade comercial do tráfico de escravos

O porto hoje. Séculos atrás, ponto de partida de milhares de escravos
Dois conjuntos de documentos encontrados pelo historiador Maximiliano Menz, da Universidade Federal de São Paulo, expõem a complexidade comercial do tráfico de escravos entre Portugal, Angola e Brasil. Os registros estavam na Torre do Tombo, um dos arquivos históricos de Lisboa. 

O primeiro conjunto, consultado pela primeira vez em 2011, são quatro livros de contratos de exportação de escravos comprados em Luanda, de 1763 a 1770, época em que aproximadamente 9 mil africanos saíam por ano de Angola como escravos. Ao longo de três séculos, quase 6 milhões de africanos eram tirados de Angola, para trabalhar nas minas de ouro e nas plantações de cana-de-açúcar do Brasil. A capital, Luanda, então uma colônia portuguesa, ficava o maior porto ligado ao tráfico de escravos.

O segundo conjunto de documentos emergiu em janeiro deste ano, em outra viagem. São cerca de 230 livros dos registros de mercadorias que passaram pela alfândega de Lisboa ao serem embarcadas para Luanda de 1748 a 1807. Nos 28 livros que examinou, o historiador contabilizou cerca de 2 mil lançamentos com nomes de pessoas e mercadorias. E concluiu que, embora os negócios estivessem concentrados nas mãos de grandes negociantes, centenas de pessoas participavam; até mesmo padres, que poderiam enviar vinhos a serem trocados por escravos em Luanda.

Através destes documentos, Menz está ressaltando o papel central dos contratadores portugueses e dos contratos de exportação na geração de mecanismos de crédito e de capitais associado ao tráfico de escravos.

Um deste contratadores era o português Domingos Dias da Silva. Um capitão de navio que transportava tecidos, aguardente, vinhos e armas de fogo para Luanda. Silva vendia as mercadorias, recebia parte do pagamento na forma de papéis chamados letras ou em livranças, que funcionavam como promissórias, e parte na forma de escravos. Depois de entregar os escravos no Brasil, ele trocava as letras por moedas de ouro, enchia os porões de açúcar e voltava para Lisboa, fechando uma viagem que poderia ter começado dois anos antes. Ganhou o suficiente para participar de leilões  de contratos de escravos promovido pelo governo português. Depois de 25 anos, ele se tornara contratador, cobrando impostos em nome do rei, acumulando riqueza e prestígio.

Esse meio de negócio funcionou até Domingos Dias decidir, como contratador mudar as regras. Parou de emprestar para outros comerciantes, por meio das livranças e forçou a compra de mercadorias que ele enviava de Lisboa. Como quase ninguém tinha dinheiro vivo, o negócio não deu certo. Em 1770, o marquês de Pombal, secretário de Estado do reino,  determinou que os impostos sobre a venda de escravos seriam administrados diretamente pela Fazenda real.

Fonte: Revista Fapesp

segunda-feira, 25 de maio de 2015

ABP emite nota de repúdio contra atitude da senadora Vanessa Gradiotim

Xingar alguém de retardado, débil mental ou autista pode esconder mais que preconceito, e sim uma ignorância. E contra comportamentos deste tipo, a Associação Brasileira de Psiquiatria, a ABP, divulgou nota de repúdio ao Senado Federal contra a senadora Vanessa Gradiotim (PCdoB) por chamar de autista o senador Ronaldo Caiado (DEM) durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, ocorrido no último dia 12.

Na nota, a ABP coloca-se radicalmente contra a psicofobia, que é qualquer ato  de preconceito ou discriminação contra os portadores de transtornos e deficiências mentais. (conforme matéria divulgada neste blog).

Posteriormente, em sua página em uma rede social, e pessoalmente ao senador, a senadora Vanessa pediu desculpas "pelo sofrimento que suas palavras trouxeram a milhares de famílias" e garantiu que será uma militante pela causa dos autistas.

Mesmo com o pedido de desculpas da senadora e sua retratação, a ABP reforça que o Projeto de Lei do Senado 236/2012 e uma emenda ao Código Penal aguardam aprovação para tornar a psicofobia crime em todo o Brasil.

"Usar termos psiquiátricos como xingamentos é a forma mais espúria de preconceito. Estranhamos que uma senadora - que tem a nobre profissão de farmacêutica - tenha usado a palavra desta maneira e esperamos que ela realmente entre conosco na campanha contra o preconceito em geral e não apenas em relação ao autismo", assina a nota o presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva.

Outros casos

No Blog Transversos, a autora Andréa B. de Oliveira, militante da causa autista e mãe de uma criança portadora da síndrome, citou casos no meio político onde a palavra autista foi empregada de forma pejorativa. Eis alguns :

- Vladimir Safatle, doutor em Filosofia: Governo Alckimin é autista, 2015;
- Gilmar Mendes, então advogado-geral da União, em 2000: Os juízes estão anestesiados, o autismo é um mal complicado do Poder Judiciário;
- Governo e Congresso tem comportamento autista, Renato Lessa, então professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, em 2005;
- Ana de Hollanda (à época ministra) é meio autista, sociólogo Emir Sader prestes a presidir a Fundação Casa de Rui Barbosa, em 2011;
- Em 2014, o senador Roberto Requião, candidato ao governo do Pará, numa tentativa de desqualificar Beto Richa, afirmou que o psdbista era autista e conduzia um governo autista, durante um debate.

"Chamar alguém ou um governo de autista com a intenção de dizer que ele está alheio a realidade ou que só vê o que quer é uma ignorância gritante, e só traz mais angústia e sofrimento para quem vive as dificuldades da inclusão no país das injustiças sociais. Quando a intenção é o insulto ou o escárnio, a revolta é inevitável", explica a militante Andréa, e continua: "o autismo é transtorno de espectro muito amplo e que não determina a personalidade, ou seja, cada autista é único, como qualquer outro indivíduo, mesmo que tenham os mesmos sintomas ou reajam da mesma forma numa ou outra situação. Autistas não são robôs ou robotizados, não são formatados, como muitos pensam".

Fonte: ABP
Fonte: Blog Transversos


domingo, 24 de maio de 2015

Escola de idiomas de brasileiro é considerada a quarta melhor do mundo

O aprendizado foi importante, mas o network, fundamental
Primeira colocada na Irlanda e quarta, no mundo, no ano de 2014, segundo o site EducationStars.com, que se baseia nas opiniões de estudantes para premiar as escolas mais comprometidas com a qualidade do ensino e satisfação do aluno. A escola de idiomas Seda College tem uma peculiaridade que faz toda a diferença: é presidida por um brasileiro. Fundada em 2009, na cidade de Dublin, Tiago da Silva Mascarenhas uniu esforço, suor, coragem e força de vontade para criar a escola de idiomas. 

Agora, em 2015, a empresa anunciou a expansão de suas atividades para outros países e o Brasil foi um dos contemplados e receberá sua primeira unidade em São Paulo. A escola também tornou-se uma das nove instituição da Irlanda com o selo EAQUALS, responsável por apontar as marcas de maior qualidade e prestígio no ensino de idiomas na Europa. E reconhecida pelo Departamento de Educação daquele país através da ACELS, a mais alta marca de qualidade para escolas de inglês.

As etapas

O empresário chegou à Irlanda no ano de 2006, com 21 anos de idade, para realizar um intercâmbio na cidade. Formado em Finanças com pós-graduação em Controladoria pela Fundação Getúlio Vargas, a FGV, foi através de um Network com pessoas experientes que o empresário avalia como primordial para suas conquistas.

Após dois anos de intercâmbio, conheceu o sócio que tinha a intenção de criar uma escola para alunos internacionais e já havia dado os primeiros passos. Foi quando decidiu embarcar na oportunidade e assumiu o departamento comercial em 2009.

Para ele, criar uma boa reputação, buscar o desenvolvimento dos alunos e sobreviver ao primeiro ano nos negócios foram os principais desafios  para o desenvolvimento da Seda. "Os idiomas locais, inglês e irlandês, no início geraram alguns problemas de comunicação e, claro, isso afetou os negócios. No entanto, estes problemas serviram mais tarde como combustível para a criação da escola de idiomas especializado", avalia.

Hoje a empresa conta com a sede em Dublin, capital da Irlanda, além de outros doze escritórios próprios: México DF e Guadalajara, San Cristobal, Caracas, Maracaibo (Venezuela), Santiago (Chile), Panamá City (Panamá), Kiev (Ucrânia), São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Recife. Todos esses escritórios são controlados por ex-inter-cambistas e ex-alunos da Seda. Tiago explica que o crescimento chegou a um ponto que tornou-se inviável depender dos mesmos parceiros e por isso, decidiram que o melhor seria criar os próprios canais de venda e atendimento aos clientes, facilitado por estarem presentes nos locais de residência dos prospectivos estudantes. Mais de dez mil estudantes de 41 países já passaram pela escola de idiomas. Atualmente, são mais de dois mil alunos por ano.

Para os próximos anos, a empresa planeja a expansão da agência de intercâmbios para a América Latina, que servirá de ponte para 40 destinos e até o final de 2017 estará presente em todos os principais pontos da América do Sul.

Foto: Rede social
Fonte: Site Administradores

sábado, 23 de maio de 2015

Turismo faz das comunidades cariocas um produto cultural

Rocinha se destaca pelas lajes panorâmicas de onde a vista é privilegiada
Antes um problema, hoje um produto cultural. Como mostra estudo da Faculdade de Arquitetura  e Urbanismo, a FAU, da Universidade de São Paulo, a USP, as favelas do Rio de Janeiro foram transformadas em locais que podem ser consumidos pela "sociedade" capitalista. E uma das formas de consumir esse produto pode ser verificado atualmente com seu uso turístico e cultural. O poder público, na impossibilidade de resolver o "problema" urbano, atuou na transformação da imagem das favelas na paisagem urbana.

Em sua tese de doutorado, a autora do estudo Izabel Cristina Reis Mendes analisou programas do governo da esfera estadual e federal; documentos do Ministério do Turismo sobre atividades turísticas em áreas de favelas; ações de ONGs que procuram desenvolver produção cultural nesses lugares; além de visitar pessoalmente algumas do Rio e fazer um levantamento dos museus; centros culturais e atividades de turismo de algumas favelas cariocas; e entrevistar moradores. A pesquisa de campo foi realizada entre 2012 e 2013.

Grande parte dos roteiros turísticos, segundo a pesquisadora, são para os turismólogos considerados como "turismos da pobreza", o que é depreciado pela população local. Mas se a atividade turística é explorada de outra forma, os morados não a julgam de forma totalmente negativa. "Eles não são contra a atividade em si, e sim como ela vem sendo executada", argumenta. E há os que são radicalmente contra este turismo.

Turismo nas comunidades


Lady Gaga, a cantora Fergie, Madonna entre outros visitaram favelas cariocas
Foi na Rocinha, uma das maiores favelas da América Latina, onde ocorreu o primeiro roteiro e o início da prática do turismo. Já o Morro Dona Marta, em Botafogo, um dos primeiros a sofrer processo de pacificação, passou a ser o primeiro também a ter um turismo oficializado pelo poder público. Mas, segundo Izabel, os benefícios não chegaram aos moradores. "A proposta inicial era de que os guias seriam da comunidade e bancados pelo Governo do Estado, mas atualmente nem todos são. As oficinas para treinamento, vistas inicialmente como uma oportunidade de trabalho, não atenderam às expectativas. Alguns moradores relataram constrangimento com este roteiro, como se fizessem parte de um 'zoológico humano' criado para os visitantes". Vale registrar que foi lá que o astro pop Michael Jackson esteve em uma de suas idas ao Rio. Como homenagem à visita, uma praça local leva o seu nome.

Já a Rocinha tem todos os recursos de um bairro convencional: bancos, agências de turismo e diversos outros serviços. Há roteiros de turismo pela favela, operados por empresas externas com guias da comunidade. 


Elevador panorâmico leva ao Mirante da Paz, no Cantagalo
O morro do Cantagalo, em Ipanema, conta com elevador panorâmico e estação de metrô e um circuito de ruas e becos com grafites criado especialmente para o roteiro de turismo. No Complexo de favelas do Alemão, onde foi instalado o teleférico há vários roteiros especializados. Um deles, é o Roteiro do Príncipe, em referência a visita que o príncipe Harry, da realeza britânica, fez ao local em 2012. No bairro do Catete, a favela Tavares Bastos abriga a casa noturna The Maze, local muito frequentado por turistas estrangeiros, cuja língua predominante é o inglês. A favela da Maré possui um centro cultural e um museu.

As favelas menores apresentam certa peculiaridade. Um morador recebe um hóspede em sua casa para este passar alguns dias na favela e vivenciar o cotidiano local. Segundo Izabel, há relatos de um turista que ajudou uma moradora a construir uma horta orgânica; "Houve uma troca. Bem diferente do turista que sobe o morro apenas para tirar fotos".

A conclusão da pesquisadora é que algo inédito na historia das favelas acontece nos dias de hoje, pois elas estão sendo enxergadas como parte das cidades. Apesar dos problemas, passaram a ser integradas à estrutura urbana de outra forma, ainda que o consumo da favela por meio do turismo seja questionável.

Fonte: Site da Universidade de São Paulo
Foto: SiteBarra

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Marca de sorvetes Magnum inova com modelos transexuais em nova campanha

Lançada no Festival de Cannes, a nova propaganda da marca de sorvetes Magnum promete surpreender. Ousada e desafiadora, são quatro vídeos onde transexuais aparecem falando sobre seus ponto de vista, opiniões e escolhas.

Sob o título Be True To Your Pleasure (Seja fiel ao seu prazer), a campanha é uma criação da agência espanhola de propaganda Lola e tem a intenção de mostrar a diversidade de caminhos de vida. Para a empresa, sempre destacada como sinônimo de sofisticação, é uma maneira de celebrar as maneiras que um grupo específico de indivíduos abraça seu prazer pessoal de uma forma particularmente corajosa, em um esforço para inspirar e incentivar todas as pessoas a ser fiel a seu prazer.

Se os protagonistas se definem como pessoas transexuais não fica claro. Mas a ideia da campanha fortalece isso, ou seja você mesmo. James, em depoimento, se identifica tanto como homem quanto como mulher.

História

O sorvete Magnum foi lançado pela subsidiária britânica da Unilever em 1989 na Inglaterra, redefinindo o mercado de sorvete premium na Europa. O nome Magnum havia sido usado pela primeira vez em um sorvete de baunilha no ano de 1958, produzido pela Wall's, que atualmente é a divisão britânica de sorvetes da Unilever. O nome também foi adotado para o novo sorvete pois era associado a coisas de sucesso como o champagne Magnum e o seriado de televisão onde o detetive Thomas Magnum (personagem de Tom Selleck) era a estrela principal. O produto chamado Magnum Classic, que combinava um cremoso sorvete de baunilha com uma espessa camada de chocolate belga, foi introduzido no mercado com ações ousadas, onde várias amostras do sorvete foram distribuídas nas plataformas de embarque do metro de Londres. O sorve rapidamente se tornou uma marca extremamente forte no Reino Unido, reconhecido como um sorvete puro e prazeroso, irresistível por fora e delicado por dentro. Foi também o primeiro a ser posicionado no mercado voltado para o público adulto. 

A partir de 1994, novos sabores foram incorporados ao sorvete; além da versão em casquinha. No Brasil, o sorvete foi lançado em 1993, mas não teve o sucesso esperado e tirado depois de um ano. Com a compra da Kibon pela Unilever, o Magnum foi relançado em 1999. De volta ao mercado brasileiro, a marca cresceu, ganhou novas versões, edições especiais e campanhas publicitárias ousadas que reforçavam o posicionamento de indulgência da marca no mercado brasileiro. Em 2008, ocorreu um novo relançamento da marca no mercado brasileiro, acompanhando o novo posicionamento, embalagens e logotipos globais, sempre apostando em combinações sofisticadas de ingredientes. A divisão da Unilever no Brasil, representada pela Kibon, em 2008, lançou a exposição teaser Um prazer fica ainda maior quando coberto por chocolate belga. Por toda essa ousadia, a nova campanha combina com a marca.


Confira abaixo um dos vídeos da campanha:



Vìdeo: Youtube
Foto: Internet
Fonte: Mundo das Marcas e Site Administradores

quinta-feira, 21 de maio de 2015

QUINTA FEMININA: Valentina Tereshkova: a primeira mulher a ir ao espaço

Heroína nacional após sucesso da missão
Nascia em 1937, no vilarejo de Maslennikovo, a 800 quilômetros a leste de Moscou, a menina pobre e órfã que sem pretensões de progredir nos estudos, certamente jamais sonharia com a fama que a realidade lhe proporcionou. Oriunda de uma família proletária, Valentina Vladimirovna Tereshkova entrou para a escola aos oito anos de idade.

Aos 18 anos, começou a participar de um clube de paraquedistas amadores e deu seu primeiro salto em 21 de maio de 1959. Criou o Clube de Paraquedistas Amadores. Dois anos depois, recebeu a certificação de especialista em tecnologia de fiação. Aos 24 anos, começou a estudar para se qualificar como cosmonauta, no mesmo ano em que o diretor do programa espacial soviético, Sergei Korolev, considerou a possibilidade de enviar mulheres ao espaço, como forma de colocar a primeira mulher em órbita na frente dos Estados Unidos, durante a corrida espacial entre as duas superpotências. 

Em 1962, ela foi admitida como cosmonauta, junto a mais quatro mulheres; apenas ela acabou indo ao espaço, sendo a menos preparada de todas, sem educação universitária, mas uma paraquedista experiente. Condição fundamental para o voo da nave Vostok, que operava automaticamente, dispensando pilotagem, mas o ocupante era ejetado dela após a reentrada, pousando com um paraquedas pessoal

Como Maslennikovo ficava a meio caminho entre Moscou e Baikonur, no Cazaquistão, onde os soviéticos iriam construir uma base de lançamento de naves espaciais. Em junho de 1963, a União Soviética colocou duas espaçonaves simultaneamente no espaço, lançadas com diferenças de dois dias, a Vostok V e a Vostok VI. A primeira pilotada por Valery Bykovsky. Valentina pilotando a Vostok VI completou 48 órbitas ao redor da Terra, no total de 71 horas, quase três dias, apesar das náuseas e vômitos. Depois de permanecerem em órbita a uma distância de 5 km uma da outra, com os pilotos trocando impressões e saudações por rádio entre si e com o controle de terra, ambas as naves aterrissaram  no dia 19 de junho.


E condecorada por líderes soviéticos, russos e estrangeiros
No local onde Valentina pousou, existe hoje um pequeno parque com uma estátua de prata retratando a cosmonauta com os braços abertos, vestida em traje espacial e sem capacete. Seu sinal de chamada na Vostok, "chaika" (gaivota) tornou-se seu apelido entre o povo soviético. Uma cratera na Lua, Tereshkova e um asteróide, 1671 Chaika, foram batizados em sua homenagem.

Atualmente ela vive entre Yeroslavi, perto da filha, fruto do casamento com seu ex-marido, o também cosmonauta Andrian Nikolayev, e da neta, e Moscou, onde exerce mandato parlamentar. Pelo seu feito, receber as duas principais condecorações do país: Herói da União Soviética e a Ordem de Lenin.

Foto: Internet

quarta-feira, 20 de maio de 2015

A cirurgia estética do futuro

Um artigo publicado no Wall Street Journal, pelo médico Patrick J. Byrne, diretor da divisão de plástica facial e reconstrutiva e co-diretor da equipe de transplantes facial do Johns Hopkins Medicine, um dos centros médicos mais conceituados do mundo questiona qual será o futuro da cirurgia estética e reconstrutiva daqui a alguns anos. Para tanto, dois aspectos devem ser levados em conta: quais tecnologias irão existir nas próximas três décadas e o que as pessoas precisarão.

Atualmente, avanços na engenharia de tecidos, transplantes de mão e de face e uma variedade estonteante de produtos biológicos (materiais reconstrutivos derivados de organismos vivos) se tornaram normais na área de cirurgia plástica nos últimos anos. Por isso, acredita-se que em 30 anos, a engenharia de tecidos personalizada permitirá que estruturas físicas (orelhas, traqueias e pele, por exemplo) poderão ser criadas em laboratório e implantadas com sucesso para restaurar funcionalidades e formas. Também será possível controlar melhor o sistema imunológico, o que permitirá o transplante de estruturas complexas (membros, rostos, etc) para um número maior de pacientes, mesmo aqueles que tiveram parte do corpo removidas por causa do câncer. Por outro lado, avanços nos tratamentos de câncer poderão reduzir a necessidade de cirurgias plásticas reconstrutivas.

Acredita-se também que avanços médicos poderão desacelerar ou até mesmo reverter o processo de envelhecimento, incluindo os sinais externos da idade.

No entanto, o desejo de parecer mais jovem e atraente não mudará, a medida que nossa sociedade não apenas envelhece, mas fica mais velha com maior vitalidade do que antes.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

terça-feira, 19 de maio de 2015

Exposição mostra cenas cotidianas das tribos indígenas entre 1825 e 1829

Grupos indígenas que se encontravam ausentes do panorama iconográfico
Até o dia 30 de junho, a exposição O olhar de Hercule Florence sobre os índios brasileiros estará em cartaz na Biblioteca Brasilana Guita e José Mindlin, na Cidade Universitária, da Universidade de São Paulo, a USP. Uma  ótima oportunidade para se conhecer, através de desenhos e aquarelas, cenas cotidianas das tribos indígenas que ocupavam o território brasileiro entre 1825 e 1829. Época em que o jovem Hercule Florence desembarcou no Rio de Janeiro, capital da Corte portuguesa. Com apenas 20 anos, foi pouco depois contratado como segundo-desenhista pelo médico e naturalista George von Langsdorff, o conde de Langsdorff, líder da missão científica que percorreu o interior do Brasil e que realizou, no século XIX, vasto levantamento de dados geográficos e etnográficos do país. Suas notas e desenhos são agora o fio condutor da exposição promovida pelo Instituto Hercule Florence, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura.

A exposição reúne uma seleção de desenhos e trechos do manuscrito L'Ami des arts livré à lui-meme, no qual Florence narra suas experiências da viagem. Além de fotografias e obras de outros viajantes, peças etnográficas dos grupos indígenas e informações sobre como eles estão atualmente.

Para as curadoras da exposição - Gloria Kok do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e Francis Melvin Lee do Insitituto Hercule Florence - o trabalho é um testemunho importante da situação dos grupos indígenas nas primeiras décadas do século XIX, configurando-se como uma fonte documental relevante. A seleção do material priorizou o olhar de Florence e suas descrições sobre a riqueza cultural dos grupos indígenas Coroado-Kaingang, Xavante Paulista (Oti e Ofayé), Kayapó do Sul-Panará, Guaikuru-Kadiwéu, Bororo, Apiaka e Munduruku.

Hercule relata o cotidiano vivido no percurso de mais de 13 mil quilômetros, a maior parte navegando pelos rios Tietê, Paraná, Paraguai, Tapajós e seus afluentes. Há também dados sobre as populações indígenas e reflexões sobre a escravidão e a ocupação territorial do Brasil. 

Quem foi Antonie Romuald Hercule Florence

Nascido em Nice, França, em 1804, Florence desde cedo exibiu talento para o desenho. Tinha uma autodisciplina que o permitiu se aprofundar em estudos de matemática, física e geografia. Ele foi também um dos pioneiros da fotografia. Na mesma época em que a arte era desenvolvida na Alemanha, França e Inglaterra, o desenhista fazia experimentos bem-sucedidos  com a câmera obscura na cidade de Campinas, em São Paulo.

Fonte: Revista Fapesp

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Meninos sofrem mais com o bullying em comparação com meninas

Um estudo feito com 109.104 estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas e privadas - rurais e urbanas - de todo o Brasil, mostra que os meninos (26,1%) são mais vítimas do bullying do que as meninas (16,0%). E mais, 20% dos estudantes já praticaram algum tipo de bullying contra os colegas. Questionados, 51,2% não souberam especificar um motivo que os levam a praticar tal ato. Entre os que apontaram as causas, a maior parte dos casos estão relacionados à aparência do corpo (18,6%), seguida da aparência do rosto (16,2%), raça, cor (6,8%), orientação sexual (2,9%), religião (2,5%) e região de origem (1,7%). Um dado que impressiona é que 7,2% dos alunos que foram vítimas dessa prática são em sua maioria meninos cujas mães tem baixa escolaridade e são negras ou indígenas.

Marta Angélica Iossi, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto e seus co-autores defendem que o bullying manifesta-se por meio de diferentes signos, comportamentos e preconceitos nas relações inter-pessoais entre os estudantes. Ações de educação e promoção de saúde nas escolas são modos diferentes de atuar na atenção primária, que podem resultar na construção de novas formas de estudantes relacionarem-se com o mundo e entre si.

De origem inglesa, a palavra quer dizer valentão, brigão, o bullying compreende comportamentos de diversos níveis de violência; desde que chateações inoportunas ou hostis até fatos francamente agressivos. E que causam dor, angústia, exclusão, humilhação, discriminação, entre outras sensações. Essa prática não deve ser encarada como uma característica normal do desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, e sim um indicador de risco que poderá originar em comportamentos violentos mais graves.

Os dados foram publicados no artigo Causas do bullying: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde na Escola, publicado na última edição da Revista Latino Americana de Enfermagem da Universidade de São Paulo, a USP.

Lei

Atualmente, a PLC 68/2013, que institui o Programa de Combate á Intimidação Sistemática (bullying) em território nacional, está a espera de sanção presidencial. Aprovado pelo Senado no mês passado, voltou à Câmara do Deputados, já que sofreu alterações na Comissão de Direitos Humanos do Senado. O projeto poderá dar bases para ações de prevenção e combate do Ministério da Educação e das Secretarias estaduais e municipais.

Fonte: Site USP

domingo, 17 de maio de 2015

Entre os continentes, a América Latina lidera ranking da criminalidade

Um dado triste e preocupante para a América Latina e também para o Brasil. A cada cinco pessoas assassinadas no mundo, uma é brasileira, colombiana ou venezuelana. A conclusão foi de um mapeamento em 3D feito pelo Instituto Igarapé, sediado no Rio de Janeiro, para descobrir o número de homicídios cometidos em cada país por ano. Os dados assuntos, principalmente se levar em conta a informação de que menos de um quarto da população mundial habita os três países.

Apenas 8% da população de todo o mundo vive na América Latina e Caribe. Honduras, Venezuela e as Ilhas Virgens dos Estados Unidos têm as maiores taxas de homicídios no mundo. A cada 100 mil habitantes, 85,5 são assassinados em Honduras; 53,7 em Honduras e 46,9 nas Ilhas Virgens. Por outro lado, a Grã-Bretanha possui uma das taxas mais inferiores. A cada 100 mil pessoas, 1,2 são vítimas deste tipo de crime; enquanto que nos EUA a taxa é de 4,7.

Por aqui a realidade é diferente. O último levantamento, realizado em 2012, revelou que foram cometidos 56.337 homicídios no País. Venezuela registrou 16.072 mortes e a Colômbia, 15.733. Este mesmo levantamento registrou um total de 437 mil assassinatos no mundo todo.

Um dos fatores apontados, no caso brasileiro, é a desigualdade social que contribui para a elevação das taxas de criminalidade. Já a Colômbia, que apesar de ter reduzido os números, de 381, em 1991 para 30,3 em 2015 com o fim das guerras de drogas, mantém-se entre um dos lugares mais violentos devido as guerrilhas.

Fonte: www.administradores.com.br

sábado, 16 de maio de 2015

Smarthphone ajuda mãe a detectar câncer ocular no filho

Doença pode iniciar-se em um ou em ambos os olhos
Uma mãe atenta aos sinais diagnosticou um tipo de câncer em seu próprio filho através da câmera de um smathphone. Julie Fitzgerald, mãe do pequeno Avery, contou, em notícia divulgada pela TV ABC News, que uma mancha insistia em aparecer no olho esquerdo do garoto após fotos realizadas pelo aparelho. Na dúvida, optou por levá-lo ao oftalmologista que logo constatou o problema. Tratava-se de um retinoblastoma, uma neoplasia maligna que se desenvolve na retina, atinge exclusivamente crianças e não apresenta sintomas na fase inicial.

A maioria dos casos ocorre em crianças pequenas. Esta neoplasia pode ser congênita ou surgir, principalmente, dentro dos três primeiros anos de vida Apenas 10% dos casos apresentam caráter hereditário.

Mas o tumor fica exposto em casos de fotografias digitais com a utilização do flash, uma vez que sua composição molecular, viscosidade e formato refletem a luz incidente no olho.

O caso foi descoberto graças a mãe conhecer uma campanha da Childhood Eye Cancer Trust, especialista em tumores oculares. A campanha estimula a utilização de aparelhos a fim de diagnóstico. Mas, vamos com calma; nem toda mancha branca nos olhos deve ser interpretado como câncer. Caso você perceba alguma alteração nos olhos da criança, não se desespere. Em caso de dúvida, procure um especialista para os exames necessários.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Conselho LGBT se reúne com a Polícia Civil em busca de ações de combate à homofobia

Cartilha da diversidade sexual que será distribuída 
Como medida de combate à homofobia e a promoção da cidadania LGBT, a presidente do Conselho dos Direitos da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Estado de São Paulo, Agatha Lima, reuniu-se com o delegado-geral de polícia adjunto, Julio Gustavo Vieira Guebert e a delegada de polícia divisionária da Assistência Policial de Comunicação Social, APCS, da Delegacia Geral de Polícia, Fabíola de Oliveira Alves, para pedir apoio da Polícia Civil na criação de identidade com prenome social de travestis e transexuais no Estado.

No encontro, que aconteceu no último dia 30, foram ainda discutidas diretrizes para a ampla divulgação dos direitos humanos da população LGBT, em especial quanto à orientação sexual e a identidade de gênero.

O delegado-geral adjunto comprometeu-se a analisar as demandas e questionamentos apresentados pelos representantes do Conselho, prontificando-se a divulgar para toda a rede da Polícia Civil, a cartilha Diversidade Sexual e a Cidadania LGBT, providência já adotada, a fim de reforçar aos servidores públicos a necessidade do respeito à diversidade sexual.  

Também serão elaborados cartazes pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, divulgando a Lei Estadual nº 10.948/01, que pune administrativamente a discriminação homofóbica, que serão distribuídos às unidades de Polícia Judiciária do Estado de São Paulo para conhecimento dos usuários e policiais. 

Fonte: Polícia Civil do Estado de São Paulo

quinta-feira, 14 de maio de 2015

QUINTA FEMININA: O objetivo da criação do Dia das Mães nunca foi comercial

Dia das Mães: objetivo era fortalecer laços e respeito aos pais
Alguns estudos apontam que o Dia das Mães só perde em faturamento para o Natal. Congestionamentos insuportáveis, dificuldade para estacionar o carro, filas e mais filas nas entradas dos shoppings. Todo ano, o cenário não muda nos dias que antecedem o segundo domingo do mês de maio. E este ano não foi diferente; ainda que as vendas tenham registrado o pior desempenho dos últimos sete anos. A loucura tomou conta dos grandes centros comerciais. 

Se viva estivesse, Anna Jarvis, a criadora do Dia das Mães, diante de tais cenas, iria manter a mesma frase dita no ano de 1923 a um jornal norte-americano: "não criei o Dia das Mães para ter lucro". A declaração foi feita dez anos depois da primeira celebração oficial no estado da Virgínia, no dia 26 de abril de 1910. A tristeza na frase de Anna era porque a criação de uma data como essa tinha como objetivo fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais. 

Em 1905, a norte-americana perdeu sua mãe e, por conta disso, foi diagnosticada com um quadro de depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a ideia de perpetuar a memória de sua mãe com uma grande festa, e que acabou servindo de inspiração para Anna iniciar uma campanha e instituir o Dia das Mães como um feriado nacional.

A luta durou três anos. E em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, unificou a celebração em todos os estados norte-americanos, estabelecendo que o Dia das Mães devesse ser comemorado sempre no segundo domingo do mês de maio.

O sonho ela realizou. Mas o Dia das Mães se tornou uma data triste para ela. A popularidade do feriado fez com que a celebração se tornasse um dia lucrativo para os comerciantes, principalmente para os vendedores de cravos brancos, a flor que simboliza a maternidade. Então, ela pediu, sem sucesso, à justiça que a data fosse removida. Infeliz, faleceu  no dia 24 de novembro de 1948, aos 84 anos de idade.

Por aqui, o primeiro Dia das Mães foi promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918.

Foto: Internet

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Simpósio discute novos critérios para a realização da cirurgia bariátrica

Novos critérios podem beneficiar mais pessoas
O XVI Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica discutiu em um de seus simpósios se o Índice de Massa Corpórea, o IMC, deve continuar a ser o único critério para a indicação de uma possível Cirurgia Bariátrica, o que muitos especialistas consideram não ser o ideal. O cirurgião Almiro Ramos defende que a medida não deva ser abandonada, e sim aprimorada. E o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, SBEM, o médico Alexandre Hohl, acrescenta que somente o IMC pode errar ao deixar de lado pessoas que não tem um índice tão alto, mas que possuem comorbidades graves, principalmente metabólicas e que poderiam ter benefícios com a cirurgia.

Para o médico Almiro Ramos, um critério ideal incluiria alguns pontos. Simplicidade, para ser de fácil compreensão. Reprodutível, com medidas precisas e padronizadas passíveis de reproduzir seus resultados. Amplo, baseado na idade, sexo e etnia. E com estabelecimento de prioridade e elegibilidade.

Segundo o que foi apresentado no Congresso, realizado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, a ABESO, os novos indicadores básicos do Escore de Risco Metabólico, que estão sendo estudados e discutidos são: pacientes com diagnóstico de diabetes mellitus do tipo 2 por pelo menos cinco anos, idade mínima de 30 anos, hemoglobina glicada acima de 8%, indicação cirúrgica do médico que acompanha o paciente e IMC acima de 30 kg/m2. O que para o presidente, são muitos os parâmetros nesse novo escore, como por exemplo, avaliar o ponto de corte do IMC.

As propostas discutidas nos fóruns ainda estão sendo discutidas com o Conselho Federal de Medicina, e até agora não há nenhuma posição oficial por parte da entidade.

Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

terça-feira, 12 de maio de 2015

Pesquisa inédita aponta perfil dos profissionais da área da Enfermagem

No mês dedicado a Enfermagem, cujo Dia Internacional é comemorado hoje, 12 de maio, a Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, e o Conselho Federal de Enfermagem, o Cofen, lançaram a  inédita pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil. Trata-se do maior estudo da América Latina sobre a categoria profissional. 

Além de inédita, a pesquisa abrange um universo de mais de 1,6 milhão de trabalhadores, incluindo enfermeiros, técnicos e auxiliares. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, a área da saúde no Brasil compõe-se de um contingente de 3,5 milhões de trabalhadores, dos quais cerca de 1,7 milhão de profissionais atuam na Enfermagem. A pesquisa foi realizada nos 27 estados da Federação e encomendada pelo Cofen, com o objetivo de subsidiar a construção de políticas públicas para o setor.

O estudo inclui desde profissionais no começo de carreira até aposentados. Trata-se de uma categoria presente em todos os municípios, com grande atuação no Sistema Único de Saúde, o SUS, e nos setores público, privado, filantrópico e de ensino. O setor público concentra a maioria das equipes de trabalho, 59,3%, o privado conta com 31,8%. Na filantropia encontra-se 14,6% dos profissionais, e uma minoria, 8,2% está em atividades de ensino. É uma profissão com predominância feminina, composta por 84,6% de mulheres. E a maior parte dos enfermeiros, técnicos e auxiliares, 53,9%, se concentra na Região Sudeste.

Renda

Menos de um salário mínimo por mês é quanto recebe cerca de 1,8% de profissionais da equipe. A pesquisa mostra que um elevado percentual de pessoas, 16,8%, declararam ter renda total mensal de até R$ 1.000. Os setores privado e filantrópico são os que mais praticam salários com valores de até R$ 1.000.

Qualificação

Os trabalhadores de nível médio (técnicos e auxiliares) apresentam escolaridade acima da exigida para o desempenho de suas atribuições, com 23,8% afirmando ter nível superior incompleto e 11,7% com conclusão do curso de graduação. 

Desemprego

A pesquisa mostra também que 65,9% dos profissionais apontaram dificuldade de encontrar emprego. E que 10,1% deles relataram situações de desemprego nos últimos 12 meses.


Fonte: Conselho Federal de Enfermagem 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

CRP coloca-se contrário as medidas de internação compulsória em Ourinhos

Medida divide opiniões e gera polêmica
Medida polêmica e que divide opiniões, há mais de dois anos, o Governo do Estado de São Paulo deu início a uma parceria com o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e a Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, para plantão especial no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas, o CRATOD, para atendimento diferenciado aos dependentes químicos. Em casos extremos, a Justiça pode decidir pela internação compulsória do dependente. Medida mais radical adotou a cidade de Ourinhos, que levou o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP/SP) e a Associação Brasileira de Saúde Mental, a Abrasme, em nota, manifestarem publicamente seu repúdio contra veiculações de matérias de conteúdo positivo que enaltecem o pioneirismo da cidade de Ourinhos por ser uma das cidades da região em adotar internações compulsórias, como medida. Segundo a nota, um importante canal de televisão da região, publicou notícia sobre o drama das drogadições e a atitude da Secretaria de Saúde do município, junto ao MP e a OAB, na construção do projeto de internação compulsória direcionado a população de dependentes químicos.

As entidades entendem que o projeto da cidade "afronta diretamente as duras conquistas do Movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira que, desde a década de 1980, luta contra os processos de exclusão, internação de pessoas em intenso sofrimento psíquico e usuários de álcool e outras drogas em manicômios, hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas".

A nota cita ainda as conquistas do Movimento através da Lei 10.216/01 (leia mais abaixo), que dessa forma, a Secretaria de Saúde de Ourinhos e o Poder Judiciário do município, ao criarem um projeto de internação compulsória direcionado aos usuários de álcool e outras drogas, não apenas promovem um grande retrocesso do Movimento como também infringem a Lei. Porque a prática de internação compulsória como forma de tratamento viola os direitos humanos desses usuários, na medida que desconsidera a complexidade do uso prejudicial  de álcool e outras drogas, deslocando-o de um cenário social e cultural.

Entenda a Lei 10.216/01

A Lei Federal de Psiquiatria de nº 10.216 de 2001 dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas em intenso sofrimento psíquico e redireciona o modelo assistencial em saúde mental , estabelecimento o acolhimento dessa população em Rede de Atenção Psicossocial e em serviços substitutivos à internação como Centros de Internação Psicossocial, os Caps. A internação só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. Dessa maneira, a Lei prevê três modalidades de internação: voluntária, involuntária e compulsória. Vale destacar que a Lei foi construída em meio a mobilizações sociais de luta e resistência que sempre levantaram a bandeira da desospitalização e da garantia de assegurar direitos à saúde com meios substitutivos.

Para o Conselho, salvo as especificidades de cada modelo de internação, a internação compulsória deve ser determinada àquelas pessoas que cometeram algum ato definido como crime pela legislação penal, casos em que essas pessoas serão recolhidas em hospitais de custódia, como manicômios judiciários, ao invés de serem encaminhadas para a prisão.