terça-feira, 7 de abril de 2015

Sul e Sudeste concentram maior número de doadores de órgãos

Campanha começou em setembro de 2014
A taxa de doadores de órgãos subiu de 13,5 por milhão de pessoas para 14,2 milhão, mas ficando abaixo da meta proposta pela Associação  Brasileira de Transplantes de Órgãos, a ABTO, e muito distante da meta para 2017, de 20 doadores por milhão de pessoas. Ainda que o número represente um grande acréscimo nos últimos  anos. A Espanha, considerado  o país que mais registra transplantes, a taxa é de 37 por milhão.

Mesmo que esse número aumente, há uma desigualdade entre os estados do número de equipes preparadas para realizar as cirurgias. Há uma concentração maior de equipes para realizar cirurgias de transplantes na região Sul e Sudeste e quase nenhuma no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Enquanto que São Paulo conta, por exemplo, com 20 equipes para realizar transplante de fígado, o que é muito, em Minas Gerais há apenas 3.

Outro problema que dificulta a realização dos transplantes é a falta de autorização da família para a cirurgia. Medida pela chamada “taxa de negativa familiar”, o índice em 2014 ficou em 46%, apenas 1% menor que em 2013. Talvez por isso, com campanhas ineficazes, o Estado de Goiás registra um percentual de 82% no número de famílias que não aceitam doar os órgãos de um parente. Em Sergipe, o número fica um pouco abaixo, 78% e no Acre, 75%. Segundo Lucio Pacheco, presidente da ABTO, a má distribuição das equipes que realizam transplantes pelo Brasil pode ser uma das respostas para esses altos índices.

Parceria Brasil-Espanha

O governo brasileiro assinou, no final do ano passado, um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde, Serviços Sociais e Igualdade do Reino da Espanha, por meio da Organização Nacional de Transplantes, a ONT. O documento prevê a formação de equipes de transplantadores em campos inéditos ou pouco explorados no Brasil, como o transplante com coração parado (morte circulatória) e de múltiplos órgãos.  A Espanha é referência no desenvolvimento de transplantes no mundo e possui um dos programas públicos mais avançados no processo, desde a doação até a cirurgia. A partir da parceria e projetos-piloto, profissionais do Sistema Único de Saúde, o SUS, terão acesso a experiências bem-sucedidas. Outro caso é o de cirurgias de intestino, que já são realizadas com sucesso na Espanha, mas pouco praticadas no Brasil, estando no estágio do campo de pesquisas, em São Paulo.

Outros itens previstos no acordo são a discussão da legislação e regulação na área de transplantes, a prestação de serviços à população, melhoria do transporte e a garantia de qualidade dos órgãos doados para transplantes, avanços tecnológicos na área, além da organização de reuniões bilaterais, simpósios e outros encontros, com a participação de especialistas. O acordo também vai fortalecer o intercâmbio entre os serviços de saúde e pesquisa.

Campanha


O Brasil é referência mundial no campo dos transplantes e 95% dos procedimentos são realizados no SUS. Trata-se do maior sistema público de transplantes do mundo. Só no primeiro semestre de 2014, o país havia realizado 11,4 mil transplantes. Desse total, 6,6 mil foram cirurgias de córnea, 3,7 mil de órgãos sólidos (coração, fígado, rim, pâncreas, rim/pâncreas e pulmão) e 965 de medula óssea. Em 2013, o Brasil fechou o ano com 23.457 realizados, 11,5% a mais do que em 2010 (21.040).

Em setembro do ano passado, o Ministério da Saúde lançou campanha publicitária de estímulo à doação, que se estenderá até o segundo semestre deste ano, sob o slogan Seja doador de órgãos e avise sua família. Sua família é a sua voz. O objetivo é sensibilizar as famílias sobre a importância da autorização para a retirada de órgãos após a confirmação de óbito por uma equipe médica. Atualmente, 56% das famílias entrevistadas em situações de morte encefálica aceitam e autorizam a retirada de órgãos para a doação.

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