Dados norte-americanos revelam que por ano, cerca de 70 mil crianças sejam internadas por conta de overdoses não intencionais de medicamentos, principalmente entre os menores, onde uma pequena dosagem para mais ou para menos pode levar a consequências severas. No Brasil, não há dados sobre a quantidade de crianças intoxicadas por medicamentos. Por conta disso, a Academia Americana de Pediatria, a AAP, divulgou, semana passada, novas orientações para a medicação de crianças, com foco a corrigir os tais erros de dosagens.
A indicação da AAP é evitar as colheres não sejam usadas como medida para os medicamentos. Um dos erros comuns, é dar as crianças em colheres o que foi prescrito em ml e vice-versa. Além disso, existe também a falta de padrão no tamanho desses utensílios; algumas colheres de faqueiros antigos são maiores. E muitos pais confundem entre os vários tipos: de café, chá, sopa ou sobremesa. O autor do artigo da AAP, o pediatra Ian Paul, explicou que uma colher de sopa equivale a três colheres de chá. Se um pai usa uma colher de tamanho errado, muitas vezes isso pode levar a uma dosagem tóxica. O Brasil enfrenta o mesmo problema. Por aqui, muitas bulas ainda trazem a dosagem em mililitros com a medida correspondente em colheradas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, ainda não estipulou como compulsória a utilização de dosadores, nem a padronização da dosagem em mililitros. Normalmente, antibióticos e outros medicamentos com alto risco de intoxicação, como descongestionantes, já vêm com uma seringa ou com um copinho, mas isso ainda não é regra. Por isso, o indicado é sempre perguntar ao médico, qual é a dose em mililitros, caso ele prescreva em colher. Também é importante tomar cuidado redobrado com os medicamentos em suspensão, aqueles que precisam ser diluídos. A água deve ser adicionada na medida certa.
Veja quais são as novas recomendações da AAP
- Deve ser adotada uma linguagem padrão adotando ml como a única abreviatura apropriada para mililitro. Medicamentos líquidos devem ser dosados com quantidades arredondadas, como 0,1 , 0,5 , ou 1 ml;
- No rótulo deve ser claramente indicada a periodicidade das doses. Expressões em linguagem comum como "uso diário" devem ser usadas no lugar de abreviaturas médicas como "qd" (do latim, quaque die, uma vez por dia) - o que poderia ser interpretado como "qid" (no passado, esta era uma forma comum adotada pelos médicos para descrever dosagem quatro vezes ao dia);
- O pediatra deve revisar as doses, em ml, com as famílias, no momento em que são prescritas;
- Dispositivos de dosagem não devem ter marcações extras, que podem ser confusas; eles também não devem ser significativamente maiores do que a quantidade recomendada no rótulo, para evitar erros;
- Os fabricantes devem eliminar rótulos, instruções de dosagem e dispositivos que contenham unidades fora do sistema métrico.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Conselho Regional de Farmácia - SP
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