Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a população em situação de rua não é, em sua maioria, usuária de drogas ou que tem problemas mentais. Pesquisa realizada pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa Centro de Estudos Rurais e Urbanos, o CERU, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, FFLCH da Universidade de São Paulo, a USP, mostra uma realidade por muitos desconhecida. Essa população corresponde a um universo predominantemente masculino e heterogêneo. As mulheres conseguem mais facilmente se incorporar às casas de família, como agregadas ou empregadas domésticas, ao passo que os homens encontram mais dificuldade de se incorporar à sociedade. Além disso, mulheres com menos de 50 anos de idade, quando diante dessa situação, acabam caindo na prostituição, não recorrendo aos abrigos. Em geral, as que ficam na rua apresentam problemas mentais.
A pesquisa foi coordenada pela pesquisadora Maria Helena Rocha Antuniassi, uma das diretoras do CERU, e realizada entre 2009 e 2011, sendo editada em livro, lançado em dezembro do ano passado. E foi feita sob demanda para a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, SMADS, à época comandada por Alda Marco Antônio, vice-prefeita do governo Kassab (2003-2009), a pesquisa pretendia conhecer a trajetória da população em situação de rua, especialmente dos albergados: aqueles que utilizam os serviços de acolhimento da SMADS. A pesquisa buscou inspiração em estudos socioantropológicos que tratam da população em situação de rua e procurou olhar tal fenômeno de forma reflexiva e crítica. O objetivo desse apoio bibliográfico era utilizar estudos acadêmicos nacionais e internacionais para compreender problemas sociais vivenciados nas grandes cidades.
Com base nas conclusões acerca das pessoas em situação de rua, a então secretária municipal da SMADS, Alda Marco Antônio, editou a portaria 46/2010/SMADS, e o prefeito Haddad implementou o Programa de Metas 2013-2016 da Prefeitura, que propõe a superação da extrema pobreza na cidade de São Paulo. Além disso, a SMADS abandonou o termo “população de rua” e incorporou o conceito de população em situação de rua, que abrange de forma mais específica as pessoas que ainda têm condições de lutar pela sua cidadania para não cair na total exclusão, que significa o morar na rua.
Em 1991, o número da população em estado de rua era de 3.392 pessoas; vinte anos depois, atingia 14.478, segundo censo feito pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). A população masculina corresponde à 84%, pois carregam o papel de provedor da família, o qual é abalado pelo histórico prisional e pelo desemprego. Essa quebra de expectativa leva à ruptura familiar, uma das principais causas do fenômeno.
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