quinta-feira, 30 de abril de 2015

QUINTA FEMININA: A calça comprida incorporada ao universo feminino

Marlene e sua ousadia no filme "Marrocos"
Um acessório tão comum no vestuário feminino, a calça comprida já teve seus dias de proibição para as mulheres; aliás, em certos países ainda o é. No entanto, a maioria deles, principalmente no mundo ocidental, deve muito a façanha e  a ousadia da atriz e cantora alemã Marlene Dietrich, que rompendo barreiras usou a peça publicamente nos anos de 1920, na Alemanha. Em um mundo de vestidos bufantes, Marlene brilhou com seus terninos que lhe davam uma aparência masculinizada. Apesar da divergência entre algumas informações, que dão à escocesa Fanny Wright o título de ser a primeira mulher no mundo a usar a peça em público.

A escocesa Fanny Wright
Talvez por ser mais conhecida, Marlene Dietrich chocou a sociedade ao vestir um look de alfaiataria masculina no filme Marrocos, de 1930, fazendo sátiras sobre o machismo. Em 1920, Chanel apostou em uma das mais marcantes de suas inovações: uma calça larga, inspirada nos marinheiros, que facilitava os movimentos e era confortável, mas era usada somente pelas mulheres mais ousadas. Marlene Dietrich, que fez do terninho seu emblema, zombou das convenções, pois as mulheres da época não usavam calças e isso ajudou a mudar uma visão ultrapassada que vigorava na época.

A lei francesa

Após a Revolução Francesa, foi criada uma lei em Paris que proibia mulheres de usarem calças. O absurdo é que a lei foi revogada há pouco mais de dois anos. E foi alvo de críticas do senador Alain Houpert, que pediu e conseguiu sua anulação, argumentando que seu "valor simbólico" feria as sensibilidades modernas e ofendia o princípio da igualdade entre os sexos.

Segundo a lei, as mulheres que usassem calças em público podiam ser presas pela polícia. Claro que ela já não era cumprida há muitos anos, por nenhum dos lados.

No Brasil

Na historia da moda, São Paulo pode ser considerada a capital da ousadia e irreverência com os mais variados estilos, mas foi em Cuiabá que Maria Taquara, na década de 40 entrou para a história, sendo a primeira brasileira a usar calça comprida. Antes se uma mulher ousasse vestir calças era como uma afronta ao gênero masculino, e por conta disso Maria Taquara é considerada uma mulher à frente do seu tempo, contestadora das normas vigentes da sua época. Mesmo ciente de que o uso de calça comprida era um vestuário exclusivamente masculino, ela não pensou duas vezes em usar a peça durante suas andanças pelas ruas de Cuiabá, causando escândalo à sociedade.

Ainda proibido

Algumas religiões, até mesmo no Brasil, proíbem o uso de calças às mulheres que frequentam suas igrejas ou templos. Em muitas partes do mundo, ainda hoje, calças para as mulheres são malvistas e em algumas sociedades, proibidas. No Sudão, o Código Penal proíbe o uso de "equipamentos obscenos" em público. Esta lei tem sido utilizada para prender e processar as mulheres vestindo calças.

As mulheres muçulmanas são proibidas de usarem calças compridas mesmo debaixo do véu; e permitido chicotear, bater ou agredir verbalmente as mulheres que usarem calça comprida. 

Foto: Internet

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Cão-guia, muito mais do que um amigo

Qualquer distração pode comprometer o trabalho do cão-guia
Um aliado na vida daquele que não enxerga, o cão-guia tem um dia criado em sua homenagem e é comemorado internacionalmente todo dia 25 de abril. O papel desses seres especiais não é apenas locomover, mas ajudar a integrar o cego na sociedade. 

Os primeiros relatos das tentativas de treinar os animais para a atividade são de 1780, na França. Em média, treinar um cão para esse trabalho demora dois anos e custa o equivalente a R$ 25 mil no Brasil. 

Os deficientes visuais cadastrados em algumas entidades filantrópicas, como o Projeto Cão-Guia e a Escola de Cães-Guia Helen Keller não pagam pelo animal, mas precisam enfrentar a fila de espera de tempo indeterminado. Há em Balneário Camboriú (SC), um centro de treinamento especializado em formar treinadores de cães-guia e instrutores que vão orientar a dupla (o cego e o animal) a trabalhar em equipe. O centro conta com recursos do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver Sem Limites, da Secretaria dos Direitos Humanos. Faz parte do projeto, a criação de outros centros pelo país.

Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística, o IBGE, há no país mais de 6 milhões de pessoas com grande dificuldade para enxergar e cerca de 530 mim são cegas.

A Lei 11.126/05, conhecida como a Lei do cão-guia, determina que é "assegurado à pessoa com deficiência visual usuária de cão-guia o direito de ingressar e permanecer com o animal nos veículos e nos estabelecimentos público e privados de uso coletivo". 

Campanha

A Via Quatro, concessionária que opera a Linha 4-Amarela de metrô, promoveu campanha com veiculação nos monitores das estações e trens de um vídeo para promover o Dia Mundial do Cão-Guia. A iniciativa é realizada em parceria com o Instituto Iris, dedicado a doar cães-guia para pessoas com deficiência visual.
O filme de 15 segundos, exibido nos 675 monitores dos trens e 260 das estações, serviu de convite aos passageiros a participarem de encontro com voluntários do instituto, deficientes visuais  e seus cães-guia na avenida Paulista, em frente ao Parque Trianon. Oportunidade para um momento de interação com os cães, "de folga" de seu trabalho diário.
O evento teve o objetivo de apoiar a causa da ONG, que doa os animais treinados sem nenhum custo para deficientes visuais. Hoje, existem 100 cães-guia para 500 mil cegos no Brasil.
No dia 29, quem passar em frente ao Parque Trianon poderá interagir com os cães, já que eles estarão “de folga” de seu trabalho diário.

Raças preferidas

Além de saúde perfeita, o animal tem que ser isento de agressividade para se tornar um cão-guia. Várias raças podem ser usadas na função, tais como boxer, dálmata e pastor-alemão, mas o que realmente importa é o temperamento. Por isso, 90% dos animais treinados são das raças labrador e golden retriever, reconhecidas como muito dóceis e trabalhadoras. 

Informações para aquisição, patrocínio ou voluntariado
Interessados em patrocinar ou ser voluntário nos projetos podem entrar em contato com as instituições.

Escola de Cães-Guia Helen Keller
www.caoguia.org.br
Instituto Íris
www.iris.org.br
Projeto Cão-Guia - ONG Integra
(61) 3345-5585/ 3443-0005
caoguiadf@gmail.com
www.projetocaoguia.com.br



terça-feira, 28 de abril de 2015

Espírito Santo investiga título de especialização de médicos

Dermatologia é a que mais tem especialistas sem registro
Pacientes do Espírito Santo podem estar sendo enganados, ao acharem tratar-se de um especialista o médico pelo qual são examinados. É que o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo, o CRM-ES, resolveu investigar médicos que estão se passando por especialistas e fazendo propaganda como dermatologistas, ortopedistas e psiquiatras. Fingindo ter a especialidade, eles enganam pacientes na hora de consultas e exames. O caso aconteceu lá, mas serve para deixar pacientes em todo o país em alerta quanto ao risco que estão correndo.

Segundo o corregedor do CRM-ES, Thales Gouveia Limeira, a dermatologia é a primeira colocada no ranking dos especialistas sem registro “Para se classificar como especialista, é necessário ter o registro junto ao Conselho Regional de Medicina. Se faz sem esse registro, é propaganda irregular. Não pode ser feito”, afirmou Limeira no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia e cita também que neste ano, foram 10 casos de médicos que assinaram termo de ajuste de conduta (TAC) com o CRM-ES por causa de propaganda irregular. No ano passado, foram 40 casos. Quando o médico acusado assina um termo de ajuste de conduta, o processo fica paralisado “Se a conduta se repetir em um ano, o processo volta a correr e a punição é efetivada. Então, é uma forma de corrigir as condutas que estejam inadequadas. Em alguns casos, o médico tem o título; apenas não fez o registro da especialidade junto ao CRM.

FIQUE ATENTO
No site do Conselho Regional de Medicina do Espirito Santo – www.crm-es.org.br – e no site do Conselho Federal de Medicina, o CFM – www.cfm.org.br – é possível consultar as especialidades dos médicos na guia Serviços de Busca, clicando no “Busca de Médico.
É possível procurar pelo nome do médico ou inserir o número do registro. Após isso, basta clicar em buscar, que serão apresentadas todas as especialidades do profissional. Ou fazer a busca pela especialidade. Por exemplo, selecionar a especialidade Dermatologia e todos os médicos com registro serão apresentados ao paciente para a consulta.
Foto: Internet

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Pais devem reduzir o número de horas gastas com a televisão

Não é de hoje que se sabe o quão prejudicial é para as crianças assistir televisão, principalmente para as que ainda estão nos jardins de infância, tornando-se ruim para o desenvolvimento intelectual e a saúde física. Pois, um mais recente estudo da Universidade da Virgínia, dos Estados Unidos, mostrou que até mesmo uma hora sentado na frente da televisão pode demais.

O estudo, divulgado na Revista NewsWeek, descobriu que as crianças pequenas, do jardim às primeiras séries, que assistiram cerca de uma hora de televisão por dia eram pelo menos 50% mais propensos a ter excesso de peso, em comparação com aquelas que assistiram menos de uma hora.

No estudo, os cientistas compararam três grupos de crianças. as que assistiram a menos de uma hora por dia, as que assistiram de uma a duas horas e as que assistiram mais do que duas horas diárias. Crianças que assistiram de uma a duas horas foram mais pesadas do que as que assistiram a menos de uma hora, e quase tão pesadas quanto aquelas que assistiram a mais de duas, segundo o autor do estudo, Dr. Mark DeBouer.

Com base nesses resultados, o meio científico recomenda não mais do que uma hora de televisão por dia, cujos limites devem ser impostos pelos pais. Além de substituir o tempo de televisão por atividades físicas e educacionais. A Academia Americana de Pediatria atualmente sugere que as crianças assistam menos de duas horas, o que para DeBouer pode ser muito. Hoje, o tempo média gasto com a televisão é de 3 horas e 18 minutos.

No então, o curioso foi que o mesmo estudo não obteve correlação entre o computador e o gasto calórico. A explicação para o aumento de peso com a televisão, para os estudiosos é que assistir televisão reduz o gasto energético, diminui o sono e aumento de oportunidades de comer em função dos comerciais de alimentos não-saudáveis durante a programação.

Ilustração: Internet


domingo, 26 de abril de 2015

Psicofobia: você sofre desse mal?

Preconceito faz com que portadores de transtornos se isolem
Se você é do tipo de pessoa que costuma julgar como frescura a pessoa que por ventura sofra de uma doença psiquiátrica como a depressão, cuidado pois você pode sofrer de psicofobia e nem se dar conta.

Entende-se por psicofobia o preconceito por portadores de deficiência e transtorno mental.

Ao longo da história, doentes mentais foram acusados de bruxaria ou de serem possuídos pelos demônios ou até mesmo servos do diabo. Nos tempos modernos, quando foi desenvolvida a Psiquiatria e a Psicologia verificou-se que essas pessoas tinham doenças mentais e não demônios ou quaisquer outras explicações acima mencionadas. O preconceito contra os portadores de doenças mentais ainda é muito grande e apenas a informação sobre o assunto pode diminuí-lo.

Em matéria, a Revista Época explicou a origem do termo. Pouco antes de morrer, o humorista Chico Anysio decidiu entrar na luta contra o preconceito que cerca as doenças mentais. Ele sofria de depressão e, num sábado à tarde, recebeu em casa o médico Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, a ABP, para gravar um depoimento.

Durante a conversa, Chico fez um comentário e uma sugestão:


- Antigamente, existiam carros usados. Agora chamam de "seminovos". As coisas hoje tem esses nomes. Crie um nome para o preconceito.


O conselho do comunicador não foi esquecido. Muitas reuniões depois, a ABP lançou o termo "psicofobia". Atualmente, ele é adotado para designar atitudes preconceituosas e discriminatórias contra as deficiências e os transtornos mentais. O uso da palavras se disseminou. Avanços já foram feitos e a psicofobia pode virar crime. O senador Paulo Davim (PV-RN) propôs uma emenda para incluir esse tipo de preconceito no projeto de lei de reforma do Código Penal Brasileiro. Cerca de 23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum atendimento em saúde mental no Brasil, segundo uma estimativa conservadora da Organização Mundial da Saúde. Quem sofre de depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outras doenças, sabe que o preconceito se manifesta de formas variadas e perversas.


Muita gente acredita que os doentes mentais são violentos. As notícias sobre crimes ajudam a perpetuar essa crença. 93% das pessoas com doença mental não são violentas, mas isso nunca é notícia, segundo o professor Wagner Gattaz, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.



Por dentro do Projeto de Lei que torna Psicofobia crime

A psicofobia trata-se de um projeto de lei que tem por base os Direitos Humanos, visto esta emenda criminal lidar com a Dignidade da Pessoa.


Quem sofre de depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outras doenças, sabe que o preconceito se manifesta de formas variadas e perversas. Assim, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, a ABP, Antônio Geraldo da Silva, saiu em campo e levou uma proposta de criminalização da psicofobia até o parlamento. O senador Paulo Davim reconheceu que os números apresentados são alarmantes e é preciso agir rápido para evitar que o preconceito contra os portadores de transtornos e deficiências mentais se torne mais um problema de direitos humanos.


Em Audiência Pública ocorrida no Senado Federal, ele solicitou emenda para redação nos arts. 472, 475 e 476 e ao título da Seção I do Capítulo VI do Título XVI do Projeto de Lei para que a pena seja prisão de dois a quatro anos ao preconceito e discriminação contra o gênero, crimes contra pessoas com transtorno mental ou deficiência. O projeto encontra-se na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, aguardando designação do relator.

Há ainda tramitando no Senado, um Projeto de Lei de nº264 que pretende instituir o dia 12 de abril, como o Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia.

sábado, 25 de abril de 2015

Biblioteca Mario de Andrade comemora 90 anos e reverencia os 70 anos de morte de seu patrono

Sonho realizado do patrono Mario de Andrade, morto há 70 anos
Mesmo diante do desafio de levar os navegantes da internet para conhecer o acervo de mais de 3 milhões de títulos, o novo diretor da Biblioteca Mario de Andrade, localizada na região central de São Paulo, adotou como estratégia a liberação do sinal de wi-fi para todos os que estão trabalhando, estudando ou de passagem ao redor da biblioteca.

Luiz Bagolin, professor do Instituto de Estudos Brasileiros, o IEB, da Universidade de São Paulo, e diretor da biblioteca, em entrevista ao Jornal da USP, contou que a Mario de Andrade recebe diariamente 1.200 pessoas, o que faz dela a biblioteca de maior frequência no país. “Dispomos de uma das mais relevantes coleções públicas de periódicos da América Latina. Temos também um acervo representativo de arte, que foi criado pelo crítico e escritor Sérgio Milliet, diretor da biblioteca de 1943 a 1959". São as metas de Mário de Andrade, patrono da biblioteca, e do crítico Sérgio Milliet que o professor Bagolin vem procurando resgatar ao firmar a sua integração no cotidiano da cidade. E explica que em 2013, recebeu o convite do então secretário de Cultura, Juca Ferreira, para fazer o diagnóstico da situação da biblioteca, que passou por uma grande reforma em 2008. “Mas logo que entreguei o relatório com os planos de ações para reestruturá-la, fui surpreendido com o convite para ser o diretor. O primeiro desafio foi expandir a biblioteca até a periferia de São Paulo, valorizando os movimentos e a cultura dos bairros através de uma programação de música, cinema, teatro e exposições de arte.”

Acervo conta com milhares de livros, periódicos e documentos
Importante também é o processo de catalogação on-line de toda a coleção de obras raras, que conta com o um acervo com mais de 50 mil volumes de livros, 20 mil volumes de periódicos e 10 mil documentos, incluindo manuscritos, alguns de fotografias originais, gravuras, desenhos, cartões-postais e moedas. Entre as preciosidades estão nove exemplares de incunábulos, ou seja, livros impressos antes de 1500, e várias obras raras sobre o Brasil, algumas com poucos exemplares no mundo. Há ainda álbuns fotográficos originais dos séculos 19 e 20, como os de Marc Ferrez, Militão de Azevedo e Washington Luís.

Outro desafio do diretor Luiz Bagolin é o tombamento do prédio da Biblioteca, do acervo de obras raras e da praça Dom José Gaspar pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. “O edifício é tombado pelo Conpresp e pelo Condephaat. Mas estamos nos mobilizando para conseguir o tombamento na esfera federal”.

O sonho do patrono, morto há 70 anos

Localizado no coração da cidade, na rua da Consolação, o prédio – hoje modernizado e restaurado – foi inaugurado em 1942, na gestão do prefeito Prestes Maia e do diretor da biblioteca Rubens Borba de Moraes. O projeto foi criado pelo arquiteto francês Jacques Pilon para abrigar a Biblioteca Municipal de São Paulo, fundada em 1925, que funcionava na rua 7 de Abril. O crescimento do acervo e dos serviços impulsionaram a mudança para o novo edifício, que nasceu de um sonho de Mário de Andrade. Nos anos 30, ele dirigiu o Departamento de Cultura da Municipalidade Paulistana, que se tornaria a atual Secretaria Municipal da Cultura. Naquela época, o escritor já defendia a ideia de uma biblioteca que abrigasse a história cultural da cidade e do Brasil.

Para comemorar os 90 anos de fundação da Biblioteca Mário de Andrade e reverenciar os 70 anos da morte de seu patrono, a cidade ganha uma programação cultural diversificada que traz, como bem define o diretor Luiz Bagolin, as diversas narrativas do livro. “Estamos com uma programação intensa”, observa Tarcila Lucena, supervisora de Ação Cultural. Seminários, palestras, shows, peças de teatro vão ser exibidos no decorrer de todo o ano, tendo como referência o pensamento multicultural de Mário de Andrade.
Os eventos da programação de 90 anos da Biblioteca Mário de Andrade são gratuitos e estão sendo realizados no edifício da biblioteca, na rua da Consolação, 94, telefone (11) 3775-0002.
Foto do prédio: Gabriela Biló/Futura Press/Folhapresse
Foto interior: Trip advisor

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Nos últimos 60 anos, mais de 1 milhão de pessoas já participou de um ato de linchamento

Uma mulher bate no filho em praça pública. Um homem estupra uma mulher e seu retrato-falado é espalhado pela cidade. Um marido espanca a esposa. 


Angelo Agostini retrata linchamento ocorrido em São Paulo, em 1888
Essas três manchetes que corriqueiramente lemos nas diversas mídias tem muito mais em comum do que a gravidade dos crimes. Ambas são responsáveis por desenvolver um sintoma de uma enfermidade da sociedade brasileira, onde nos últimos 60 anos, mais de 1 milhão de brasileiros já participou de um ato ou de uma tentativa de linchamento. A análise é do sociólogo José de Souza Martins, que dedicou mais de três décadas ao estudo dos linchamentos no país. Em entrevista a Revista Fapesp, destaca que “a frequência dos linchamentos no Brasil pede que se conheça o fenômeno do justiçamento popular, que é endêmico entre nós”, diz o autor de Linchamentos: a justiça popular no Brasil (Contexto, 2015), pesquisa realizada com apoio da FAPESP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Incorporou ao estudo muitas outras ocorrências, minutadas inclusive no noticiário jornalístico, e três estudos de campo, realizados no interior de São Paulo, no oeste de Santa Catarina e no sertão da Bahia. Indexou, ao longo dos anos, 2.028 casos, concentrados especialmente entre 1945 e 1998: nesses, 2.579 indivíduos foram alcançados por tentativas e linchamentos consumados; apenas 1.150 (44,6%) foram salvos, em mais de 90% das oportunidades pela polícia. Outros 1.221 (47,3%) foram engolidos pela fúria popular, espancados, atacados a pauladas, pedradas, pontapés e socos, nessa ordem e nessa progressão, até casos extremos de extração dos olhos, extirpação das orelhas e castração. Entre eles, 782 (64%) foram mortos e 439 (36%) feridos, segundo revela o estudo pioneiro. Para Martins, os números indicam que o linchamento se tornou um componente da realidade social brasileira, perdendo gradativamente sua caracterização como um fato anômalo.

As raízes do linchamento remetem à Lei de Lynch, que originou a palavra “linchamento” no século XVIII que aqui aportou no século XIX. “No Brasil, o primeiro linchamento registrado data de 1585. Na época não era designado como ‘linchamento’, mas indicava uma prática já presente em diversos países que levava a multidão, por variados motivos, a matar alguém”

Martins explica que linchamento é uma forma de justiçamento covarde. A vítima da vítima do linchamento já está morta ou violentada. Um grupo se reúne para fazer justiça em prol de uma vítima e reage a algo que, entre eles, se tornou moralmente insuportável”, explica. “Quem lincha intui que está cometendo um crime. Se o linchamento acontece durante o dia, o número de participantes é menor. À noite, porém, o número de linchadores quase dobra e a crueldade aumenta.

No novo livro, o sociólogo traz considerações inéditas a partir do cruzamento dos 189 campos investigados. Identifica, por exemplo, a “durabilidade do ódio” – em 70% dos casos, dura aproximadamente 20 minutos; depois, pode se estender por 24 horas; noutros casos, é possível se prolongar por mais de um mês ou um ano, tal o impacto do crime primeiro, provocador. “Em geral, o linchamento não é um crime premeditado. É cometido ainda sob o estado de emoção provocado pelo crime originário”, diz. Além disso, o autor aponta um “índice de crueldade”, ilustrado, por exemplo, no contraste entre negros e brancos: “Se a motivação for a mesma, o autor, branco ou negro, é alvo de linchamento. Entretanto, se o linchado for negro, a crueldade é maior, incluindo ações como arrancar os olhos, as orelhas e o pênis do acusado”,

Até agora, Martins encontrou 7,8% dos casos como linchamentos de um inocente – um índice alto, na sua interpretação. Diante de uma sociedade fraturada, a impressão final é que qualquer um estaria sujeito aos impulsos violentos da multidão. 


A charge do linchamento



O chargista Duke mostrou a triste realidade sobre os linchamentos que têm acontecido no Brasil como o que matou a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, Guarujá, litoral paulista.

A interpretação da charge aponta para um sentimento difuso de que a inoperância do Estado, a crise ética, moral e total de setores públicos, podem estar subjacentes à prática atual do "fazer justiça com as próprias mãos". Ou seja, uma percepção de que a Justiça não funciona e que o Executivo e o Legislativo são corruptos; que só existe eficiência dos serviços públicos para cobrar impostos e multas. Causas que não justificariam, porém, a sua compreensão que poderia ajudar a recolocar o enfoque nas soluções. Há sinais do retorno à barbárie da Idade Média.

Fonte: Site Dom Total e Revista Fapesp



quinta-feira, 23 de abril de 2015

QUINTA FEMININA: Cecilia Payne, a jovem que mudou conceitos na astronomia

Sua tese mudou os conceitos da astronomia
Com apenas 25 anos de idade, a inglesa Cecilia Payne (1900-1979) foi a primeira pessoa a ter doutoramento na área da astronomia, por sua tese Atmosferas estelares, uma contribuição para o estudo da observação da temperatura alta nas camadas revertidas de estrelas. E que provou que o Sol tinha a mesma composição da Terra. Assunto até então não entendido pela astrofísica, Payne apoiou-se na física quântica e na estrutura do átomo para explicar as linhas espectrais das estrelas, além de afirmar que elas eram compostas de aproximadamente 90% de hidrogênio. Antes disso, na Universidade de Cambridge, estudou botânica, química e física, numa época em que as mulheres se interessavam basicamente por literatura. Aluna brilhante, sempre elogiada, voltou-se para a física (foi aluna de Ernest Rutherford), mas após ouvir palestra apresentada por Sir Arthur Eddington sobre relatividade, decidiu tornar-se astrônoma

Essa ideia estremeceu a comunidade científica da época, que se recusava em dar crédito a uma moça jovem. Henry Norris Russell, importante astrônomo americano havida defendido que era o ferro o elemento mais abundante na composição, com cerca de 66%. Para ele, era claramente impossível não haver hidrogênio no Sol. Em carta à própria Cecília, em janeiro de 1925, Russell disse estar convencido que havia algo "seriously wrong" com a teoria dela. Disse ainda que era claramente impossível ("clearly impossible") que o hidrogênio fosse milhões de vezes mais abundante que os metais. Foi apenas em 1929, e mais de setenta páginas de doutoramento depois, que Russel admitiu estar enganado e deu crédito a Payne. Por ser muito respeitado, Russell teve a oportunidade e o equilíbrio para convencer os colegas dos resultados obtidos. Só então Cecilia Payne passou a ser reconhecida pela comunidade científica. Ainda assim, em alguns círculos, a fama foi dada a Russell, por ser quem, afinal, convenceu os colegas. Mas a tese de Cecilia Payne desempenhou papel seminal em todo o desenvolvimento da astrofísica, por conter em cada página muitas sugestões para trabalhos práticos.

A jovem inglesa, filha de intelectuais, foi para Harvard e lá foi obrigada a conviver com o típico machismo da época. O ambiente era dominado pelos homens, e ela era proibida de chegar perto dos aparelhos eletrônicos. Para piorar, ao tentar terminar sua tese de doutoramento, e por Harvard não ter diploma para Astronomia, tentou se candidatar pelo Departamento de Física, mas foi barrada pelo diretor do Departamento que não a aceitou por ser mulher. Um tempo depois, o Departamento foi criado e Payne foi a primeira pessoa a se doutorar em Astronomia em Harvard.


Junto ao marido e dois de seus três filhos
Em viagem à Alemanha em 1933, Cecilia conheceu o astrônomo russo Sergei Gaposchkin. Ela percebeu que Sergei, exilado ali, estava deslocado. Conseguiu que ele fosse trabalhar em Harvard. Casaram-se em 1935 e tiveram 3 filhos. Trabalharam juntos em várias pesquisas astronômicas. Além dos livros abaixo citados, Cecilia escreveu 351 artigos.

Em 1956, Cecilia Payne tornou-se a primeira mulher catedrática em Harvard. Aposentou-se do ensino em 1966. Em 1977, dois anos antes de sua morte, foi homenageada pela Sociedade Astronômica Americana, recebendo o "Prêmio Henry Norris Russell"









Fonte e foto: Rea-Brasil Org

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Qual a sua versão a cerca do descobrimento do Brasil?

Tira da fanpage Humor Inteligente satiriza a exclusão dos índios  
A língua oficial do Brasil é a Língua Portuguesa. Até aí, nenhuma novidade. Mas todos os que aqui habitam falam esta Língua? Não. De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, 274 línguas indígenas são faladas no Brasil, por 37,4% dos índios com mais de cinco anos de idade. Do total, seis mil deles falam mais de duas línguas. O português não é falado por cerca de 130 mil pessoas, ou 17,5% do total. 

Excluídos, esquecidos e ignorados, os índios sempre foram tratados como não brasileiros, cujos valores, culturas e crenças aos poucos foram ignoradas pela sociedade atual. 

Descobriram um Brasil que já havia sido descoberto há tempos. Muito tempo. Passamos a nos reconhecer enquanto sociedade a partir dos costumes trazidos pelos exploradores. E foi essa a versão que tivemos do descobrimento do Brasil. Nunca soubemos e nunca iremos saber qual seria versão a cerca do descobrimento dos que aqui já habitavam.

O nordeste foi a primeira área de desembarque dos colonizadores no país, que proibiram os índios de falar suas línguas e impuseram a escravidão. Foi essa a região que recebeu a frota de Cabral, o Pedro Álvares. As etnias indígenas mais numerosas e a maior parte dos índios que ainda falam língua própria está concentrada em terras indígenas reconhecidas pelo governo. Ao todo, vivem nessas áreas 571 mil índios de 250 etnias, de um total de 896 mil.

No processo de colonização, a língua Tupinambá, por ser a mais falada ao longo da costa atlântica, foi incorporada por grande parte dos colonos e missionários, sendo ensinada aos índios nas missões e reconhecida como Língua Geral ou Nheeengatu. Até hoje, muitas palavras de origem Tupi fazem parte do vocabulário dos brasileiros. Em meio a essa diversidade, apenas 25 povos têm mais de cinco mil falantes de línguas indígenas: Apurinã, Ashaninka, Baniwa Baré, Chiquitano, Guajajara, Guarani (Guarani Nandeva, Guarani Kaiowá, Guarani Mbya) Galibi do Oiapoque, Ingarikó, Kaxinawá, Kubeo, Kulina, Kaingang, Kayapó, Makuxi, Munduruku, Sateré-Mawé, Taurepang, Terena, Ticuna, Timbira, Tukano, Wapixana, Xavante,  Yanomami, Ye'kuana.

A Fundação Nacional do índio, a Funai, afirmou existir por parte da entidade um esforço de valorização da língua indígena por meio da educação, e que os dados inéditos daquele Censo de 2010 favorecerão estratégias para mantê-las em prática. Vamos aguardar. 


terça-feira, 21 de abril de 2015

Sergio Buarque de Holanda e a arte de reescrever suas obras

Crítico literário que se assumiu historiador de ofício
Muitos escritores, com suas obras acabadas e satisfeitos com o resultado, pode ser que não pensam em um dia reescrever a fim de dar um novo final ao trabalho. Não era o caso do historiador Sergio Buarque de Holanda (1902-1982), que raramente ficava satisfeito com o que escrevia e não raro dava novas formas e fins a textos antigos ou em preparação.

Em 2015, completa-se 70 anos que o intelectual Sérgio Buarque lançou seu primeiro livro na pele de historiador, Monções, que trata das expedições fluviais saídas de São Paulo rumo ao Oeste durante o período colonial. O escritor tentou, durante boa parte da vida, reescrever o livro, sem, no entanto, ter logrado por completo esse objetivo. No início deste ano chegou às livrarias uma nova edição de Monções, que, mais do que comemorar a efeméride, permite ao leitor espiar o refazer constante que o historiador imprimiu à sua obra. Organizada ao longo dos últimos dois anos pela historiadora Laura de Mello e Souza e seu ex-aluno André Sekkel Cerqueira, a nova versão reúne em dois volumes, de forma inédita, o que de mais significativo o pensador escreveu sobre a expansão paulista.

Matéria na Revista da Fapesp explica que dos seis capítulos originais que compõem Monções, Sérgio Buarque chegou a reescrever o primeiro Os caminhos do sertão, o segundo O transporte fluvial e o quinto As estradas móveis. Além de mudanças de estilo, os três capítulos foram alongados, com mais dados e documentação colhidos pelo historiador. Ganharam, respectivamente, 40, 17 e 37 páginas a mais. Monções talvez seja o caso mais emblemático dessa busca incessante de Sérgio Buarque por atualizar e aprimorar seus livros à luz de novos documentos ou interpretações da história. Nos anos 1970, depois de ter levantado muito material sobre a expansão paulista ao Oeste e de ter retrabalhado algumas partes de Monções, Sérgio optou por fazer outra obra sobre o tema em vez de reescrever esse livro”, afirma André Cerqueira. O esboço dessa outra obra foram os textos incompletos e inconclusivos que, reunidos, deram corpo a O extremo Oeste. 

Historiador da nova geração que há 15 anos estuda a obra de Sérgio Buarque, Thiago Lima Nicodemo – que se formou e fez pós-graduação na Universidade de São Paulo e, desde o ano passado, é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a Uerj – reforça a ideia de que o mestre esteve sempre a espichar, cortar e emendar seus textos. “Ele queria dar coerência ao seu projeto intelectual”, diz Nicodemo, de 35 anos. “E era perfeccionista mesmo.” Segundo o pesquisador, Sérgio Buarque procurava reforçar o caráter histórico de suas obras mais antigas, nas quais o tom dominante tinha sido dado pelo olhar de crítico literário e ensaísta, por meio da inclusão de notas e documentos retirados de novas leituras e arquivos. “Depois de publicar Monções, Sérgio Buarque refez Raízes do Brasil sob essa perspectiva”, afirma ele. “Nas versões posteriores do livro, ele procurou enfraquecer o caráter ensaístico de Raízes, dando coesão ao seu novo viés de historiador profissional", disse ele no artigo. 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Homens representam a maioria entre a população em situação de rua em SP

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a população em situação de rua não é, em sua maioria, usuária de drogas ou que tem problemas mentais. Pesquisa realizada pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa Centro de Estudos Rurais e Urbanos, o CERU, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, FFLCH da Universidade de São Paulo, a USP, mostra uma realidade por muitos desconhecida. Essa população corresponde a um universo predominantemente masculino e heterogêneo. As mulheres conseguem mais facilmente se incorporar às casas de família, como agregadas ou empregadas domésticas, ao passo que os homens encontram mais dificuldade de se incorporar à sociedade. Além disso, mulheres com menos de 50 anos de idade, quando diante dessa situação, acabam caindo na prostituição, não recorrendo aos abrigos. Em geral, as que ficam na rua apresentam problemas mentais.

A pesquisa foi coordenada pela pesquisadora Maria Helena Rocha Antuniassi, uma das diretoras do CERU, e realizada entre 2009 e 2011, sendo editada em livro, lançado em dezembro do ano passado. E foi feita sob demanda para a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, SMADS, à época comandada por Alda Marco Antônio, vice-prefeita do governo Kassab (2003-2009), a pesquisa pretendia conhecer a trajetória da população em situação de rua, especialmente dos albergados: aqueles que utilizam os serviços de acolhimento da SMADS. A pesquisa buscou inspiração em estudos socioantropológicos que tratam da população em situação de rua e procurou olhar tal fenômeno de forma reflexiva e crítica. O objetivo desse apoio bibliográfico era utilizar estudos acadêmicos nacionais e internacionais para compreender problemas sociais vivenciados nas grandes cidades.

Com base nas conclusões acerca das pessoas em situação de rua, a então secretária municipal da SMADS, Alda Marco Antônio, editou a portaria 46/2010/SMADS, e o prefeito Haddad implementou o Programa de Metas 2013-2016 da Prefeitura, que propõe a superação da extrema pobreza na cidade de São Paulo. Além disso, a SMADS abandonou o termo “população de rua” e incorporou o conceito de população em situação de rua, que abrange de forma mais específica as pessoas que ainda têm condições de lutar pela sua cidadania para não cair na total exclusão, que significa o morar na rua.

Em 1991, o número da população em estado de rua era de 3.392 pessoas; vinte anos depois, atingia 14.478, segundo censo feito pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). A população masculina corresponde à 84%, pois carregam o papel de provedor da família, o qual é abalado pelo histórico prisional e pelo desemprego. Essa quebra de expectativa leva à ruptura familiar, uma das principais causas do fenômeno.

domingo, 19 de abril de 2015

Foto de casal de índios é bloqueada pelo Facebook, mas desbloqueada horas depois

Foto tirada em 1909 por Walter Gabe e publicada na fanpage do Minc
E na data de hoje comemora-se o Dia do Índio. Excluídos de suas terras, catequizados contra suas vontades, onde exploradores ignoraram crenças, costumes e valores. Ainda há quem considere a data, motivo para comemoração. E como se não bastassem os séculos que fizeram os brasileiros esquecerem sua própria historia, essa semana, o Ministério da Cultura se viu obrigado a adotar providências legais cabíveis contra a prática de censura e de ataque à liberdade de expressão por parte da rede social Facebook de bloquear a foto de um casal de índios Botocudos, publicada na fanpage do MinC. No entanto, na noite da última sexta-feira, a rede social voltou atrás e desbloqueou a foto com a índia com seios expostos.

Em nota, o Ministério explicou que a foto censurada, em domínio público, integra um post de divulgação do lançamento do Portal Brasiliana Fotográfica, lançado às vésperas do Dia do Índio, resultado de uma parceria entre a Fundação Biblioteca Nacional e o Instituto Moreira Salles e que contará com mais de duas mil imagens históricas dos séculos XIX e XX. Um patrimônio cultural do país, portanto.


Ao tomar conhecimento da censura à fotografia, que exibe o dorso nu de uma indígena, o MinC entrou em contato com o Facebook, alertando para a ilegalidade e solicitando o imediato desbloqueio da fotografia. No entanto, a empresa até a tarde de sexta-feira, mantinha a decisão de censurá-la, argumentando que não está submetida à legislação nacional e que tem regras próprias que adota globalmente.

O Ministério da Cultura entende que o Facebook, ao aplicar termos de uso abusivos e sem transparência, tenta impor ao Brasil, e às demais nações do mundo onde a empresa opera, seus próprios padrões morais, agindo de forma ilegal e arbitrária.
 
Tal postura fere a Constituição da República; o Marco Civil da Internet; o Estatuto do Índio e a Convenção da Unesco sobre Proteção e Promoção da Diversidade e das Expressões culturais. Também desrespeita a cultura, a história e a dignidade do povo brasileiro.

Segundo o ministro Juca Ferreira, se os índios não podem aparecer como são, o recado que fica é que precisam se travestir de não indígenas para serem reconhecidos. Isso é de uma crueldade sem fim.

A assessoria de imprensa do Facebook, em nota, informou não ser fácil encontrar o equilíbrio ideal entre permitir que as pessoas se expressem criativamente e manter uma experiência confortável para a nossa comunidade global e culturalmente diversa.

Foto: Reprodução
  
  
  

sábado, 18 de abril de 2015

Curso de treinamento em ressuscitação para o público em geral

De acordo com o Comitê de Emergências Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia,a SBC, a cada ano, 350 mil óbitos são relatados por causas cardiovasculares no Brasil e o atendimento a uma parada cardíaca tem que ser rápido. E nem sempre, ou quase nunca, há a presença de um profissional capacitado ao lado da pessoa que apresenta dos primeiros sinais do problema.

Pensando em capacitar o público leigo, a SBC abriu inscrições gratuitas para o curso de treinamento em ressuscitação cardiovascular voltado para leigos, chamado de TECA L. E também destinado a atender casos de parada cardiorrespiratória, infarto, derrame ou obstrução das vias respiratórias, o chamado engasgo. 

Voltado especificamente para atender o cidadão comum, que não é médico nem enfermeiro, a identificar o que aconteceu quando uma pessoa cai de repente com o chamado "ataque". Para que sejam tomada as medidas iniciais necessárias para manter a respiração e o coração batendo até a chegada do socorro profissional. 

O professor Antonio Carlos de Carvalho, que participou do desenvolvimento do programa e é diretor do Comitê lembra que a população brasileira ainda não está conscientizada de que as doenças do coração são líderes como causa de mortes no Brasil.

Vagas gratuitas e limitadas


Os cursos TECA L duram um dia, as turmas são de 28 alunos e a SBC fornece todo o material, inclusive manequins especiais para os alunos treinarem a massagem cardíaca.
Inscrições pelo site http://educacao.cardiol.br/teca/inscricoes.asp
Mais informações das 9 às 17h pelo telefone 21-3478-2700 ou 11-3411-5500
O curso dura 4 horas e o aluno tem acesso ao manual completo, gratuitamente

Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC
Foto: Blog Tua Saúde

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Charlie Chaplin, o ícone e seus dramas pessoais

Olhos azuis o impediram de ganhar concurso para sósias dele mesmo
Se vivo estivesse, Charles Chaplin teria completado no dia de ontem 126 anos de idade. Embora ele seja mais lembrado pela sua contribuição para o cinema mudo, tornando-se um ícone deste estilo, com clássicos como The Kid (1921) e Luzes da Cidade (1931), com uma vida pessoal tão divertida e estranha quanto de seus personagens.

Desesperado para começar a atuar, aos 10 anos de idade, ele conseguiu um trabalho numa trupe de dança chamada Eight Lancashire Lads. Em paralelo, teve que trabalhar como fabricante de brinquedos e polidor de sapatos para se sustentar, depois que o pai abandonou a família. Aos 12,  estreou numa produção de Sherlock Holmes.

Chaplin teve várias amantes, e entre elas, namorou Joan Barry, atriz de 22 anos, quando ele tinha perto dos seus 50 anos. Esta relação durou anos e terminou quando Barry começou a perturbá-lo, pois ele não a quis mais e ela constantemente perseguia-o com ciúmes. Em maio de 1943, ela informou a Chaplin que estava grávida e exigiu que ele assumisse a paternidade. Ele tinha certeza que não era o pai, pois ela teve outros homens durante a separação. Então, exames comprovaram que Chaplin não era o pai, porém na época, os exames não eram muito válidos e a lei exigia que, por ele ter sido o último parceiro com quem ela apareceu em público, a lei entendia que mesmo ele não sendo o pai biológico, ele teria que assumir a criança, mesmo sem ser no cartório, e ele foi obrigado a custear as despesas da criança e ele se viu forçado a pagar US$ 75 por semana até que o filho de sua ex fizesse 21 anos.

Certa vez, em 1975, dois anos antes de sua morte, seus lindos olhos azuis impediram que ele ganhasse um concurso de sósia de si mesmo, na França. Achando que seria o vencedor, ele teve que se conformar com o terceiro lugar. A teoria? Seus olhos azuis não são vistos em filmes em preto e branco; logo não identificaram o verdadeiro entre os demais.

Chaplin morreu enquanto dormia, em 25 de dezembro de 1977, na Suíça. Vários meses depois, ladrões roubaram o corpo do astro de cinema na intenção de pedir resgate para sua família. Seus restos mortais foram deixados em um campo, em maio de 1978, pelos criminosos que confessaram o crime. E Chaplin foi enterrado novamente, dois dias depois em Corsier, na Suíça, sob uma camada de concreto entre ele e a terra. 

Fonte: Revista NewsWeek e Wikipédia
Foto: Internet



quinta-feira, 16 de abril de 2015

QUINTA FEMININA: Rio Grande do Norte abriu as portas para o direito ao voto feminino

Nasceu no RN e faleceu em BH, em 1972
Para as brasileiras, o Estado do Rio Grande do Norte tem um valor significativo na luta pelos direitos femininos. Foi lá onde primeiramente uma mulher pode votar. Devido a conflitos entre a legislação do Estado e a Constituição Federal Brasileira, o governador José Augusto Bezerra de Medeiros sancionou a lei de número 660, em 25 de outubro de 1927, que estabelecia não haver mais distinção de sexo para o exercício eleitoral. Por intermédio de seu marido, a professora Celina Guimarães Viana se inscreveu para votar.

Nascida em Natal, no ano de 1890, Celina Viana tornou-se a primeira eleitora brasileira, ao votar em 5 de abril de 1928, na cidade de Mossoró, interior daquele estado. Aprovada a Lei e pouco tempo depois da conquista de Celina, a estudante mineira Mietta Santiago, na época com 20 anos e regressando da Europa, conseguiu o direito do voto através de uma sentença judicial inédita nas cortes brasileiras. Assim, um movimento nacional de mobilização começou no país, com a participação de ativistas, escritoras, militantes, políticas, trabalhadoras e outras pessoas que fizeram o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, conceder às mulheres o direito ao voto. O episódio tem importância mundial, pois mais de uma centena de países ainda não permitia à mulher o direito de voto. Na própria Inglaterra civilizada o voto, apesar de permitido antes, só foi regulamento após Mossoró inscrever sua primeira eleitoral. Foi lá também, no Rio Grande do Norte, que as brasileiras conseguiram eleger a primeira prefeita do Brasil. O fato aconteceu em 1929, quando Alzira Soriano elegeu-se na cidade de Lages.

O decreto de Vargas, número 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, instituiu o Código Eleitoral Provisório, que beneficiava algumas mulheres. De acordo com o documento, eleitor é todo ‘cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo’. Mas só permitia o voto apenas de mulheres casadas (com autorização do marido), e de viúvas e solteiras com renda própria. As restrições só foram eliminadas no Código Eleitoral de 1934, com o pleno exercício do voto feminino, mas sem obrigatoriedade. Somente a partir de 1946 as mulheres passaram a ser obrigadas a votar.

América do Sul

A também brasileira Rita Ribeira foi a primeira mulher da América do Sul a votar, o que aconteceu em julho de 1927, no Uruguai, durante um plebiscito. Na ocasião, foi permitida a participação de qualquer pessoa, independente do sexo, ou naturalização. Por outro lado, o voto feminino no Uruguai só foi regulamentado em 1932.

No mundo

O primeiro país a oferecer às mulheres o direito de votar foi a Nova Zelândia, no ano de 1893. Na América Latina, o primeiro país a regulamentar o voto feminino foi o Equador, no ano de 1929.


Pouca representação

A baixa representatividade no Congresso Nacional chega a ser aviltante. No Senado, hoje, são 13 senadoras no total de 81 cadeiras (16%). Na Câmara, são 51 deputadas, ou 10% dos 513 membros.

Foto: Internet

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Erros de interpretação nas dosagens de medicamentos são comuns entre os pais

Dados norte-americanos revelam que por ano, cerca de 70 mil crianças sejam internadas por conta de overdoses não intencionais de medicamentos, principalmente entre os menores, onde uma pequena dosagem para mais ou para menos pode levar a consequências severas. No Brasil, não há dados sobre a quantidade de crianças intoxicadas por medicamentos. Por conta disso, a Academia Americana de Pediatria, a AAP, divulgou, semana passada, novas orientações para a medicação de crianças, com foco a corrigir os tais erros de dosagens.

A indicação da AAP é evitar as colheres não sejam usadas como medida para os medicamentos. Um dos erros comuns, é dar as crianças em colheres o que foi prescrito em ml e vice-versa. Além disso, existe também a falta de padrão no tamanho desses utensílios; algumas colheres de faqueiros antigos são maiores. E muitos pais confundem entre os vários tipos: de café, chá, sopa ou sobremesa. O autor do artigo da AAP, o pediatra Ian Paul, explicou que uma colher de sopa equivale a três colheres de chá. Se um pai usa uma colher de tamanho errado, muitas vezes isso pode levar a uma dosagem tóxica. O Brasil enfrenta o mesmo problema. Por aqui, muitas bulas ainda trazem a dosagem em mililitros com a medida correspondente em colheradas.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, ainda não estipulou como compulsória a utilização de dosadores, nem a padronização da dosagem em mililitros. Normalmente, antibióticos e outros medicamentos com alto risco de intoxicação, como descongestionantes, já vêm com uma seringa ou com um copinho, mas isso ainda não é regra. Por isso, o indicado é sempre perguntar ao médico, qual é a dose em mililitros, caso ele prescreva em colher. Também é importante tomar cuidado redobrado com os medicamentos em suspensão, aqueles que precisam ser diluídos. A água deve ser adicionada na medida certa.

Veja quais são as novas recomendações da AAP

- Deve ser adotada uma linguagem padrão adotando ml como a única abreviatura apropriada para mililitro. Medicamentos líquidos devem ser dosados com quantidades arredondadas, como 0,1 , 0,5 , ou 1 ml;

- No rótulo deve ser claramente indicada a periodicidade das doses. Expressões em linguagem comum como "uso diário" devem ser usadas no lugar de abreviaturas médicas como "qd" (do latim, quaque die, uma vez por dia) - o que poderia ser interpretado como "qid" (no passado, esta era uma forma comum adotada pelos médicos para descrever dosagem quatro vezes ao dia);


- O pediatra deve revisar as doses, em ml, com as famílias, no momento em que são prescritas;

- Dispositivos de dosagem não devem ter marcações extras, que podem ser confusas; eles também não devem ser significativamente maiores do que a quantidade recomendada no rótulo, para evitar erros;

- Os fabricantes devem eliminar rótulos, instruções de dosagem e dispositivos que contenham unidades fora do sistema métrico.

Fonte: Assessoria de Imprensa do Conselho Regional de Farmácia - SP