A mulher que dedicou a vida trabalhando pela paz mundial, morreu dois meses antes do início da Primeira Guerra Mundial |
Quando tinha 30 anos de idade, ainda solteira, o que era quase que inadmissível para uma mulher na sua idade, decidiu arrumar um emprego. Foi trabalhar como dama-de-companhia na riquíssima família von Suttner, em Viena, e acabou se apaixonando pelo filho mais novo da família Arthur von Suttner. Por ordem da família foi obrigada a abandonar o trabalho. Em 1875, foi para Paris trabalhar como secretária do industrial sueco Alfred Nobel e de quem tornou-se amiga. Aliás, foi ela quem influenciou Alfred Nobel a premiar pessoas que fizessem grandes esforços pela paz no mundo, culminando no Prêmio Nobel da Paz, criado em 1901.
Pouco tempo depois, retornou à Viena para casar-se, secretamente, com Arthur von Suttner. Mas por pressão da família, foram obrigados a deixar Viena e partiram para Cáucaso, onde se mantiveram por nove anos ministrando aulas de música e publicando livros.
O primeiro livro, Inventarium einer Seele - Inventário de uma Alma, foi escrito com base nas ideias corroboradas por autores evolucionistas como Darwin e Spencer. Em 1885, depois do perdão da família, retornaram para a Áustria-Hungria, onde Bertha von Suttner escreveu a maioria de seus livros, incluindo muitas novelas.
O romance Abaixo as Armas obteve muito sucesso, sendo traduzido para diversas línguas. Foi a partir daí, que iniciou no movimento pacifista. Ajudou a organizar o primeiro Congresso Internacional de Paz, em Viena. Fundou a Sociedade Austríaca dos Amigos da Paz e foi eleita Vice-Presidente do Escritório Internacional da Paz, durante o 3º Congresso Mundial da Paz, em Roma. Comprometeu-se com Alfred Nobel a mantê-lo informado do processo mundial de paz.
Prêmio Nobel
Em 1902, mesmo debilitada e após a morte do marido, Bertha continuou a trabalhar em prol da paz mundial. Em 1905, foi a primeira mulher a receber o Nobel da Paz. Até hoje, dentre as 129 premiações, 88 homens e apenas 16 para as mulheres foram laureadas com um Nobel da Paz, a mais recente delas foi a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, em 2014, tornando-se a pessoa mais nova a receber a honraria. Alguns prêmios foram concedidos à entidades e organizações sociais; além disso, em alguns anos não ocorreram premiações.
Em 1913, afetada pelo câncer, a baronesa Bertha von Suttner falou durante o Congresso Internacional da Paz, em Haia, ocasião em que foi homenageada. Neste mesmo ano, o livro Abaixo as Armas! foi adaptado para o cinema. Em maio de 1914 ainda participou dos preparativos para o 23º Congresso Mundial da Paz. Mas morreu antes, em 21 de junho de 1914, há dois meses do início da Primeira Guerra Mundial. Foi cremada e suas cinzas jogadas ao vento.
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