segunda-feira, 6 de junho de 2016

Atendimento policial às mulheres violentadas precisa ser revisto

Antropóloga defende um atendimento policial mais
humanizado às vítimas nas delegacias de polícia,
tratamento ausente também naquelas voltadas à defesa
dos direitos da mulher
      Com tantos casos de violência contra a mulher, ainda hoje falta humanização no atendimento policial brasileiro prestado a estas vítimas . Recentemente, no caso do estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro, o delegado, até então responsável pelo caso, foi substituído pelo modo como inquiriu a menor.

      De acordo com a antropóloga da Universidade da São Paulo, Ana Lucia  Pastore, o atendimento dado à jovem deixou muito a desejar. "A polícia brasileira é a mais criticada do mundo, seja ela civil ou militar. Só o fato de haver essa divisão entre as polícias é algo extremamente questionável. Na maior parte dos países, a polícia é unificada".

      E mesmo na Delegacia de Defesa da Mulher, a mulher não encontra o apoio que deveria ser esperado neste atendimento específico. "Estas delegacias foram criadas com uma promessa que não se cumpriu plenamente. Porque se imaginava que haveria mais sensibilidade num atendimento feito por mulheres. E o que se vê são delegadas, e até mesmo juízas, muito duras com as próprias mulheres. Não há um atendimento humanizado". Portanto, sejam homens ou mulheres, todos os profissionais de justiça devem estar devidamente preparados para melhor atender vítimas ou acusados. 

      Para a profissional, não será a pena de morte, ou uma polícia mais punitiva que irá solucionar casos de justiça. "É justamente o contrário. Um atendimento com profissionais mais preparados, formados, de preferência em múltiplas áreas, mostra-se muito mais eficaz, como se vê mundo afora". E pode-se dizer que isso tem um potencial enorme em razão do Brasil ser um país machista. "Não importa o comportamento da vítima, quem ela é, o que faz, com quantos homens se relaciona. Há uma cobrança de moralidade às mulheres, que não acontece com as vítimas quando são homens.

Fonte: Rádio USP
Foto: Câmara dos Deputados

      

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