domingo, 19 de junho de 2016

A transmissão do vírus da raiva por morcegos ainda causa preocupação

A raiva é conhecida desde a Antiguidade, mas foi em 1885,
que Louis Pasteur desenvolveu o tratamento antirrábico pós-
exposição. Hoje, os morcegos são grandes transmissores
da doença
     O Brasil alcançou um bom nível  de controle da raiva urbana, mantida por cães e gatos, mas a doença em herbívoros e animais silvestres ainda é um grande desafio para os serviços públicos e privados voltados para a saúde animal e humana. Nos últimos anos, no Estado de São Paulo, foram registrados casos de raiva em cães e gatos em que o vírus isolado foi o do tipo mantido por morcegos. Estas ocorrências destacam a necessidade da preocupação com a vigilância epidemiológica da raiva em animais domésticos de companhia e de produção, bem como nos silvestres.

      As variantes de vírus rábico de morcegos podem ser transmitidas ao homem não só pelas diferentes espécies de morcegos, mas também por cães, gatos, bovinos e outros mamíferos infectados por morcegos. No Brasil, foram identificadas cinco variantes antigênicas: variantes 1 e 2, isoladas dos cães; variante 3, de morcego hematófago; e variantes 4 e 6, de morcegos insetívoros. Com a utilização de ferramentas de biologia molecular podem ser identificadas ainda as linhagens genéticas características de cachorro do mato e a de sagui de tufo branco. As vacinas antirrábicas, sejam para uso humano ou animal, até o momento oferecem proteção às diferentes variantes do vírus.

     No período de 2006 a 2015, foram registrados no Brasil 32 casos de raiva em seres humanos. Somente no Estado de São Paulo, no ano de 2015, foram quase 200 casos em animais, a maior parte deles em bovinos (110), equinos (36) e morcegos não hematófago (43).

Em caso de suspeita

      Caso ocorra a suspeita de um animal acometido pela doença, o dono ou responsável deve notificar imediatamente o caso à vigilância epidemiológica municipal da Secretaria Municipal de Saúde ou à Unidade de Vigilância em Zoonoses, quando existir. Se o animal estiver vivo, deve ser observado com segurança, em ambiente isolado, para o acompanhamento da evolução do quadro. Quando a doença é causada por variantes de morcegos, é mais frequente a manifestação da forma paralítica da raiva. Por isso, os médicos veterinários devem estar atentos. A forma paralítica pode se manifestar sem fase de excitação e manifestações de agressividade; o animal apresenta sinais de paralisia e evolui para o óbito.

      Já na doença transmitida pela variante canina, cães e gatos, manifestam excitação, agressividade, dificuldades de deglutição, sialorreia, incoordenação motora, convulsão, paralisia, coma e morte. O período de incubação é, em média, de alguns dias a 2 meses e o curso da doença de 5 a 7 dias. O animal pode eliminar vírus pela saliva por volta de cinco dias antes da manifestação dos sintomas.

      Se alguma pessoa for exposta a uma situação de risco de infecção pelo vírus rábico em decorrência de mordedura, lambedura de mucosa ou arranhadura provocada por animais mamíferos deve imediatamente realizar a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão ou outro detergente, o que diminui comprovadamente o risco  de infecção, e procurar atendimento médico para avaliação da necessidade de profilaxia pós-exposição ao vírus da raiva.

Fonte: Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo

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