segunda-feira, 20 de junho de 2016

Estudo avalia que adolescentes poderão ter surdez precoce

Antes associado a um problema nas pessoas da terceira idade,
o zumbido nos ouvidos passou a atingir boa parte dos
adolescentes
      Um estudo realizado por pesquisadores da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Ouvido avaliou que certos hábitos, como usar diariamente fones de ouvido e frequentar ambientes muito barulhentos têm causado um aumento na prevalência de zumbido nos ouvidos em adolescentes, o que pode levar à perda auditiva. O trabalho foi publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

      De acordo com Tanit Ganz Sanchez, professora de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e que preside a entidade, se essa geração de adolescentes continuar se expondo a níveis muito elevados de ruído, provavelmente apresentará perda de audição entre 30 e 40 anos. Para realizar o estudo, foram realizados exames de ouvido em 170 adolescentes na faixa etária de 11 a 17 anos, matriculados em um colégio particular tradicional em São Paulo. Além disso, os alunos responderam a um questionário como se tinham percebido zumbido nos ouvidos nos últimos 12 meses e, caso positivo, com qual intensidade, duração e frequência. O dado assustador é que mais da metade (54,7%) respondeu que tinha sentido zumbido nos ouvidos nos últimos 12 meses. O zumbido, até então associado aos idosos, tem se tornado mais prevalente em outros grupos etários, como crianças e adolescentes. Mas, diferentemente dos adultos, os adolescentes não se incomodam e não se queixam para os pais e professores.

       A pesquisa também identificou que os ouvidos dos adolescentes com zumbido são mais sensíveis a altos níveis de som dos que os dos estudantes sem zumbido, o que é natural esperar que sejam lesados antes, mesmo porque o zumbido nos ouvidos seria o primeiro sinal dessa lesão, que pode ser temporária ou definitiva.

Como ocorre o zumbido

       Localizadas no ouvido interno (cóclea), as células ciliadas alongam e encurtam repetidamente quando estimuladas por vibrações sonoras. Quando ocorrem vibrações sonoras de altos níveis, como fogos de artifício ou o som alto de um fone de ouvido, essas células ficam sobrecarregadas e podem sofrer lesões temporárias ou definitivas. A fim de compensar a perda de funções das células lesionadas ou mortas, as regiões vizinhas passam a trabalhar em um ritmo mais acelerado do que o normal, o que dá origem ao zumbido nos ouvidos. Embora, estudos recentes em neurociência, realizados com animais, também sugerem que o zumbido pode ser um reflexo da perda de sinapses (comunicação) das células ciliadas com o nervo coclear e, posteriormente, com o cérebro. "O zumbido nos ouvidos e menor tolerância a níveis de som manifestadas pelos adolescentes do estudo podem ser indícios de perdas de sinapses das células ciliadas que não são detectadas em exames audiométricos", afirmou Sanchez. Por isso, pode parecer que não há lesão na via auditiva, mas, na verdade, a lesão é que não aparece na audiometria, dificultando o diagnóstico.

Como prevenir

        Segundo a pesquisadora, o zumbido nos ouvidos é tratável e passível de prevenção. Uma das formas de se proteger é usar protetor auricular e fazer intervalos de dez minutos a cada hora de exposição a ambientes barulhentos, período que facilita aos ouvidos se recuperarem e não terem lesões definitivas. Além da exposição a alto níveis de ruído, outras causas de zumbido nos ouvidos identificadas em adolescentes são jejum prolongado, abuso no consumo de doces, e de cafeína, presente em bebidas energéticas, como também em café, chá e chocolate.

Fonte: Agência Fapesp

       
      

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