terça-feira, 7 de junho de 2016

As diferenças entre os gêneros no cuidado com a saúde

Ainda que sejam mais doentes, as mulheres descobrem
dmais cedo os diagnósticos, tendo mais tempo
para tratar das doenças
       Os homens apresentam altas taxas de mortalidade prematura, vivendo em média seis anos a menos que as mulheres. São mais suscetíveis a doenças graves e crônicas. E estão mais sujeitos  a comportamentos que colocam em risco à própria saúde. Ainda assim, os estudos sobre diferenciais de gênero em saúde ainda estão concentrados na saúde da mulher. Um estudo desenvolvido na cidade de Campinas pela doutoranda Tassia Fraga Bastos teve como objetivo identificar os diferenciais de saúde entre 957 homens e mulheres de 20 a 59 anos.

       Os resultados apontaram  diferenças entre os sexos, com maiores desvantagens das mulheres, em quaisquer das condições socioeconômicas, quanto à presença de doenças crônicas - como hipertensão, diabetes, problemas circulatórios, asma, bronquite, reumatismo, artrose - e em todos os problemas de saúde referidos - que constituem queixas e sintomas externados pelas pessoas, como dor de cabeça, dor nas costas, problemas emocionais, que delineiam as condições de saúde. Nos homens, manifestaram-se desvantagens nos indicadores comportamentais relativos à saúde (tabagismo, consumo abusivo do álcool e consumo alimentar inadequado) e em todas as causas de mortalidade analisadas. A pesquisa confirmou o paradoxo de gênero. Nas mulheres, maior prevalência de comportamentos saudáveis e, por outro lado, mais morbidades; nos homens maior prevalência de comportamentos prejudiciais à saúde e morbidade menor.

       De acordo com Tassia, de fato as mulheres apresentam mais doenças que os homens, ocorrendo o inverso em relação à mortalidade. Ao se investigar as causas de mortalidade masculina a constatação foi de que várias delas poderiam ser evitadas, além daquelas decorrentes de homicídios e acidentes de trânsito, se fossem prevenidas corretamente. Um exemplo é a diabetes e hipertensão, menos identificadas nos homens, mas causam mais doenças neles do que nas mulheres. A explicação pode estar no fato de que as mulheres frequentam mais regularmente os serviços de saúde e descobrem precocemente os diagnósticos para estes males. Ou seja, os homens descobrem as doenças em estágios mais avançados.

      Como forma de mudar este quadro, os serviços de saúde pública deveriam ampliar as ações de prevenção e promoção de saúde que incluam os homens. Mesmo porque eles estão morrendo mais cedo, ainda que nas pesquisas eles não se mostram mais doentes que as mulheres, o que não significa que não sejam portadores de morbidades. As políticas públicas precisam atentar para isso.

       O estudo de Tassia utilizou dados do Inquérito Domiciliar de Saúde de Campinas, realizado em 2008 e 2009, desenvolvido junto ao Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde, situado no Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas, a Unicamp.

Fonte: Unicamp

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