sábado, 14 de março de 2015

Mil Novecentos e Sessenta e Quatro ou Dois Mil e Quinze?

Algumas manchetes das edições dos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, durante o mês de março: 

- Dia 06 - Governo inicia estudos para pagar aluguéis
- Dia 07 - Vai subir a gasolina: pequenos ajustes
- Dia 08 - Gasolina mais cara
- Dia 12 - JG diz que comício de amanhã não será ameaça à democracia
- Dia 13 - Exército de prontidão no país
- Dia 14 - JG surpreende o país: refinarias encampadas
- Dia 15 - Presidente assina decreto que tabela aluguéis
- Dia 16 - JG quer delegação de poderes e plebiscito
- Dia 17 - Reformas somente dentro da Constituição
- Dia 20 - SP parou para defender o regime
- Dia 20 - Enquanto há liberdade
- Dia 25 - Governo anuncia reformas dos secretariados

Os fatos acima são de 1964, num país presidido por João Goulart. E no dia primeiro do mês seguinte, a manchete "Exército domina o Vale do Paraíba" foi estampada nos jornais daquele 1º de abril de 1964. Começava  regime militar.









Os momentos que antecederam o inicio do regime militar no Brasil, mostravam uma instabilidade política durante o Governo João Goulart, ocorrência de greves e manifestações políticas e sociais, motivada por uma crise política que se arrastou desde a renúncia de Jânio Quadros. O governo de João Goulart foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras, como por exemplo, os empresários, banqueiros, igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista, num período em que o mundo vivia o auge da Guerra Fria.

A promessa de João Goulart em fazer a Reforma de Base, marca de um estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo a preocupação nos Estados Unidos, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe. O que eles temiam era que Jango implantasse um governo socialista no país. Os partidos de oposição da época, como a União Democrática Nacional, a UDN, e o Partido Social Democrático, o PSD, acusavam o presidente de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.

No dia 19 daquele ano, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. A "Marcha da família com Deus pela liberdade" reuniu milhares no centro de São Paulo. No último dia do mês, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país e se refugia no Uruguai. Os militares tomam o poder. Daí em diante, foram Atos Inconstitucionais, que resultaram em torturas, mortes, prisões e desaparecidos políticos.

Que fique na historia o período de retrocesso que o Brasil viveu com a Ditadura Militar.


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