Quem pensa que música e ambiente hospitalar não combinam é porque não conhece o projeto Músicos do Elo, criado há 15 anos na França pelo maestro e compositor brasileiro Victor Flusser, com o objetivo de humanizar ambientes hospitalares e de acolhimento de idosos, e com isso melhorar a qualidade de vida das pessoas internadas. A iniciativa já foi implantada em países como Portugal, Itália e Alemanha, e há cerca de um ano chegou ao Brasil.
O trabalho visa não somente os pacientes, como também aos familiares e profissionais. Além de cantar e tocar um repertório variado, os músicos atuam sobre a qualidade do ambiente sonoro dos locais, propondo estratégias para diminuir ruídos que incomodam a todos.
Um
dos primeiros resultados foi a publicação, em junho de 2013, do livro Músicos do Elo – Músicos atuantes humanizando
hospitais, no qual Flusser explica como o projeto foi concebido e
posto em prática na Europa. Para ele, no Brasil a humanização nos hospitais, na maioria das vezes, ainda é feita com base
em brincadeiras, no contar de histórias e no trabalho de
palhaços. A música, o teatro e a dança acabam não sendo muito explorados. Fusser vive há 30 anos na França.
Aqui no Brasil, o trabalho dos Músicos do Elo pode ser conhecido na casa de repouso Aldeia de Emaús, em Sorocaba, interior de São Paulo. Lá vivem 38 idosos que uma vez por semana recebem a visita dos integrantes do projeto. O responsável pela iniciativa de lá é o médico Fernando Antonio de Almeida, professor da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a PUC, no campus de Sorocaba. Ele coordena um projeto cujo objetivo é propor às faculdades de medicina e aos serviços hospitalares um modelo de humanização, além de estabelecer um padrão de formação para músicos, que se tornariam agentes dessas mudanças.
Para Paola Canineu, médica geriatra e diretora da Aldeia Emaús, desde que os idosos passaram a se envolver com os Músicos do Elo, o ambiente na casa teve melhoras significativas. Mesmo porque o contato constante com a música pode ajudar, em alguns casos, a reduzir a dose de certos medicamentos, tais como neurolépticos e antidepressivos.
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