Voltando aos gays, não vejo ninguém dizer que tem uma amigo heterossexual. Mas ter amigo gay, é bradar aos quatro cantos que se tem um amigo gay.
E não é que a coluna da escritora Danuza Leão, deste mês na Revista Claudia, é mais uma a elencar esteriótipos sempre ligados aos gays. Em sua crônica, cita os motivos pelos quais uma mulher deva ter um amigo gay. Algo parecido com uma editora de moda quando indica o tal do pretinho básico que toda mulher deva ter em seu guarda-roupa, ou closet, ou armário. Ops, armário! Outra expressão ligada a eles, os gays. Tudo bem, é uma crônica, é a visão de Danuza, mas não deixa de ser mais um texto que associa os homossexuais a um universo que não representa a maioria.
Rançoso e carregado de estereótipos, o texto de Danuza enfatiza que gays são divertidos e bem informados. Nada ruim, mas um elogio que os obriga a estar constantemente com o humor elevadíssimo. Portanto, caros leitores gays, nem ousem levantar amanhã com o pé esquerdo. Humor sempre. Deixem o mau-humor para os heteros.
Ainda na visão de Danuza, todo gay "se monta". Sim, moda é com eles. Gay não pode andar como homem, tem que andar como gay (?). "Se for preciso, arranjam umas pestanas postiças, um camafeu na casa da avó, um xale espanhol ou uma boá de plumas vermelhas num piscar de olhos". Na certa, deve ter muita mulher consultando o Google pra saber o que é um boá. Mas todo e qualquer gay tem que saber o que é um boá, não é Danuza?
Danuza, os gays são gays pela sua orientação sexual. São pessoas com qualidades e defeitos, igual a qualquer heterossexual. Vão à praia, fazem supermercado, pagam contas, acordam de mau-humor, riem, choram, estudam, trabalham, vão ao cinema, dançam, curtem Elvis, Madonna, Rock progressivo, Funk, Sertanejo, Abba, futebol, esportes radicais, novela... Daria para elencar um montão de coisas que eles fazem. A grande, ou melhor, enorme diferença é que ainda são obrigados a lutar por direitos que aos heteros já foram conquistados. Morrem por serem gays. Discriminados são por serem gays. Por conta de uma sociedade que os coloca à margem de um mundo imaginado e construído para atender aos interesses dos heterossexuais.
Vai chegar o dia, não sabemos quando, em que viveremos num mundo acolhedor, e o que menos irá interessar será a orientação sexual dessa ou daquela pessoa. Livre serão todos. Para pensar, falar e demonstrar seu amor. Sem rótulos. Serão apenas Pedros, Paulos, Anas, Claudias, Elisas. Com seus nomes de registro ou aquele de sua escolha, de acordo com o gênero escolhido.
Fotos: Internet
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