quinta-feira, 5 de maio de 2016

QUINTA FEMININA: Nellie Bly e o pioneirismo no jornalismo investigativo

Sua marca registrada seriam os disfarces e espionagens
para conseguir furos de reportagem
       Ela nasceu Elizabeth Jane Cochran no dia 5 de maio de 1864. Mas foi com o nome de Nellie Bly que esta norte-americana ficou conhecida no jornalismo, tornando-se pioneira das reportagens investigativas. 

       De família rica e à frente do seu tempo, Nellie não concordava com a falta de direitos às mulheres de sua época. Então, aos 18 anos de idade, depois de ler o artigo Para que servem as mulheres?, e revoltada com o machismo nele presente, escreveu uma carta ao editor do jornal Pittsburgh Dispatch. Suas palavras o impressionaram e Elizabeth foi contratada pelo periódico, embora tivesse que adotar um pseudônimo para proteger sua identidade. Nascia aí Nellie Bly, título de uma canção popular de Stephen Foster.

      As primeiras matérias da jovem jornalista trataram do desamparo legal das mulheres - casadas e separadas. Mas para ela isso ainda era pouco. Ela queria sentir, literalmente, na própria pele, as realidades sociais da época. Foi então que surgiu o jornalismo investigativo, meio pelo qual ela podia se disfarçar e, assim, passar pelas mesmas experiências que desejava relatar. No entanto, foi quando escreveu sobre exploração infantil e as péssimas condições de trabalho em que se encontravam as trabalhadoras de uma empresa, Nellie acabou sendo transferida para a seção de eventos sociais depois que o dono da empresa ameaçou tirar os anúncios do jornal. Insatisfeita, tirou licença do jornal e foi para o México, de onde acabou sendo expulsa por causa de seus artigos sobre pobreza e casos de corrupção daquele país.


         De volta aos Estados Unidos, pediu emprego no jornal New Yoork World, cujo dono era simplesmente Joseph Pulitzer, autor do livro A Escola de Jornalismo, e criador do Prêmio Pulitzer. Por lá, Nellie pode realizar matérias marcantes; a primeira delas rendeu uma reformulação no sistema de saúde norte-americano. E não parou por aí. A audaciosa Nellie, com o apoio de seus editores, fingiu-se de louca e foi internada em um sanatório feminino, onde passou dez dias colhendo informações, enquanto comia refeições estragadas, dormia em colchões infestados de insetos e "recebia tratamento médico" comparável a tortura de enfermeiras abusivas. E lá encontrou mulheres sãs, que haviam sido abandonadas pela família ou pelo marido por diversos motivos. Nellie só conseguiu sair do manicômio com a intervenção dos advogados do jornal. Por esta experiência, mais tarde escreveu o livro Ten Days in a Mad-House. 

       Em novembro de 1889, aos 25 anos, Nellie convenceu seus editores a aceitarem sua ideia de dar volta ao mundo. O objetivo era fazer o percurso da personagem de Julio Verne em Volta ao Mundo em 80 Dias, só que em menos tempo. E conseguiu, realizou a travessia em 72 dias.

Tempos de aposentadoria

       Apesar da fama internacional, em 1895, Nellie se aposentou assim que casou-se com o milionário Robert Livingston Semean, quarenta anos mais velho que ela, ficando viúva nove anos depois. Nesta condição, se viu obrigada a assumir o comando das empresas. Adotou mudanças radicais, como a diminuição da jornada de trabalho, criou centro recreativo e biblioteca para os operários, medidas que não deram certo e a levaram à falência. 

       Viajou à Inglaterra para espairecer. E por lá, em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, foi a única mulher a cobrir a guerra no campo de batalha. Chegou a ser presa por suspeita de espionagem.

        Tempos depois, já em solo norte-americano, seu último trabalho foi no New York Evening Journal. Só abandonou o jornalismo em 27 de janeiro de 1922, quando morreu de pneumonia aos 57 anos de idade.

Fonte: Blog Uma de Copas

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