Exemplar da espécie Heraclides anchisiades capys, que apresenta semelhanças com a Parides |
Por outro lado, as borboletas palatáveis, sob pressão da predação, também desenvolveram táticas de sobrevivência. São mais rápidas, e o padrão de cores indica esse comportamento.
Parides anchises nephalion, que tem o estilo imitado pela Heraclides |
Os pesquisadores estudaram duas espécies: a Heraclides anchisiades capys e Parides anchises nephalion. A primeira é muito rápida e palatável. Já a segunda, não palatável, é lenta e muito venenosa. Acontece que, apesar das diferenças e de não haver nenhum grau de parentesco, elas são muito parecidas em padrão de coloração. A primeira exibe um padrão de asas parecido com o estilo da Parides, esta uma habitante das regiões tropicais das Américas. Mas isso não é exclusivo da Heraclides, muitas outras imitam a Parides; um exemplo clássico de mimetismo, onde a palatável imita a não palatável e ganha vantagens com isso. Mas de todas que imitam a Parides, a Heraclides é uma das mais rápidas e a que possui a maior distribuição geográfica nas Américas.
A Heraclides parece associar o seu padrão a sua coloração à aparência de uma borboleta muito tóxica, como estratégia de defesa para afugentar predadores. A ave que ignorar o padrão de cores tóxicas e tentar predar a Heraclides acabará perseguindo uma borboleta muito rápida e gastando energia sem conseguir alimento. Ao usar o mimetismo para enganar as aves, essa borboleta minimiza ao máximo as chances de predação e pode se voltar à tarefas como alimentação e reprodução. A veloz imita a tóxica e, dessa forma ganha vantagens adaptativas ao associar a sua velocidade a uma característica (a toxicidade) identificada pelas aves como gosto ruim.
A Parides é uma das borboletas mais venenosas da América tropical. Seu voo é lento e a padronagem se assemelha à veloz Heraclides. Uma vive nos trópicos e a veloz nas Américas prova que último ancestral comum das velozes e palatáveis Heraclides mimetizou a impalatável Parides e a vantagem adaptativa advinda deste mimetismo levou a espécie a se espalhar pelas Américas. E o estudo evidencia que a distribuição geográfica mais limitada da Parides parece sugerir uma outra possibilidade. Uma borboleta muito venenosa imitaria outra muito rápida e de ampla distribuição também para minimizar as chances de predação.
Fonte: Agência Fapesp
Fotos: Ruby-spotted Sweallowtail
Horacio Alberto Dali - FotoNat
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