quinta-feira, 26 de maio de 2016

QUINTA FEMININA: Amélia Rodrigues e o despertar da consciência para os problemas brasileiros

Educadora ou poetisa, a
personalidade de Amélia visava
contudo a educação
       Nascida no dia 26 de maio de 1861, a baiana Amélia Rodrigues foi uma educadora, escritora, teatróloga e poetisa brasileira. Começou a escrever poesias aos 12 anos de idade. Como professora, lecionou nos municípios de Arraial da Lapa, posteriormente em Santo Antônio da Purificação e depois para Salvador. Lá, um de seus alunos, em 1905, foi selecionado para lecionar inglês pelo sistema do filósofo Spencer. Amélia Rodrigues não só o ajudou a compreender o pensamento daquele filósofo, como complementou o seu aprendizado.

      Aposentada, não abdicou de seu ideal de ensinar. Retornou ao Magistério de forma ainda mais marcante. Fundou o Instituto Maternal Maria Auxiliadora, que mais tarde transformou-se na Ação dos Expostos.

      Dedicou-se ao jornalismo como colaboradora de publicações religiosas. Escreveu algumas peças teatrais, entre as quais Fausta e a Natividade. É autora dos poemas Religiosa Clarisse e Bem me queres. Além de mostrar claramente sua ideologia abolicionista, produziu ainda obras didáticas, literatura infantil e romances. Usou do conto e do romance, da dramaturgia, da tradução, do apostolado, para mais e melhor ser mestra. Nasceu para lutar, onde houvesse luta, paladina do ideal pelas melhorias humanas. Humanista por índole, por educação, por ante-visionismo político, no seu tempo, sob o puro liberalismo político, a educadora foi aberta ao problema social e usou da poesia para alertar a todos sobre o destino triste da criança sem escola e sem amparo da sociedade. Assim em Réu de Amanhã.

      O dia inteiro pelas ruas anda
      Enxovalhado, roto, indiferente, mãos nos bolsos,
      Olhar impertinente,
      Um machucado chapeuzinho à banda,

      Cigarro à boca, modos de quem manda,
      Um dandy da miséria
      Alegremente  a procurar ocasiões somente
      Em que as tendências bélicas expanda.

      E tem doze só!...flor do monturo,
      Que lhe arranca o veneno ao seio impuro
      E os tentáculos do mal, que entorno avança?!

      Quem vai fazer-lhe  a peregrina esmola
      De atirá-lo à oficina, ao templo, à escola,
      Mudando essa ameaça numa esperança?!...

      Amélia tem nos seus livros, em prosa ou em verso, a nota quente do patriotismo. Nos tempos da Abolição defendeu os escravos. A figura da educadora é notável pela sua participação cívica. Conferencista, é muio vasto seu discurso público em favor de uma nacionalidade fruto da democracia e da liberdade, ou em prol dos menos favorecidos materialmente, ou ainda, com o devotamento de um cristã que além de qualquer doutrina, punha em prática os ideais do humanismo. Amélia Rodrigues morreu no dia 22 de agosto de 1926, aos 65 anos de idade

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