domingo, 22 de maio de 2016

Molusco de 2mm é encontrado na Bacia de Campos

       Trata-se do Grippina coronata, um molusco bivalve - tem um concha dividida em duas partes - coletado na Bacia de Campos pela Petrobrás e encaminhado à Universidade de Campinas. O G. coronata pertence à família Spheniopsidae, que ainda não havia sido registrada para o Brasil. Segundo o professor Flavio Dias Passos, do Departamento de Biologia Animal do IB-Unicamp, algumas espécies dessa família já tinham sido descritas para a Nova Zelândia, oeste da África, América do Norte e Pacífico, mas até então, na América do Sul, não.

       Através da pesquisa, descobriu-se que a espécie é carnívora, algo não tão comum para os bivalves. Tem um grupo grande de bivalves que é carnívoro, só que até então os pesquisadores não sabiam  que os Spheniopsidae se enquadravam nesse grupo. E o que surpreende é que eles são muito pequenos, e ainda assim, carnívoros.

       Esses animais vivem enterrados, em substratos que podem ser areia ou lodo no fundo do mar e provavelmente se alimentam de larvas de outros crustáceos, ou de animais ainda menores, com tamanho de frações de milímetro.

Estudo

       Para analisar o molusco muito pequeno foi preciso fazer uso de técnicas invasivas para eliminar a concha. E expor a parte interna traz o risco de danificar seriamente o animal, que é extremamente delicado. "A gente geralmente não disseca, porque como o animal é muito pequeno, seria problemático, poderia causar alguma lesão na parte interna. Então, põe-se numa solução levemente ácida que descalcifica a concha, deixando a parte mole exposta", explica o pesquisador Fabrizio Marcondes Machado. Para o futuro, a ambição é conseguir estudar esses animais minúsculos ainda vivos. Através do estudo, foi possível descobrir que, como esses animais não têm dentes, a presa entra viva, cai no esôfago e no estômago. E o estômago é modificado nos bivalves carnívoros. Além de produzir enzimas muito potentes para a digestão, ele tem um revestimento protetor de quitina, para que a presa, ao se debater, não acabe rompendo o órgão. O diferencial do estudo foi observar a parte mole, porque a concha dos moluscos é a parte mais conhecida. Todo mundo gosta e coleciona.

Fonte: Unicamp 

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