quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Vacina contra picada de abelhas entra em fase de testes

Assim que a abelha ferroa, ela libera o ferrão e morre. Por
isso, os pesquisadores extraíram o veneno com a ajuda de um
coletor elétrico, o que evita a morte da abelha
     Em 2014, segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados cerca de 14 mil casos de pessoas picadas por abelhas. Preocupados com a gravidade que estes acidentes causam, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista, a Unesp, de Botucatu, desenvolveram um soro para neutralizar o efeito causado pela grande quantidade de toxinas que são transmitidas durante as picadas das abelhas.

     Para produzir a vacina, eles extraíram o veneno das abelhas através de um coletor elétrico. De acordo com professor e vice-coordenador do Centro de Estudos de Venenos de Animais, o Cevap, "quando a abelha ferroa, ela libera o ferrão e, em seguida, morre, porque ocorre o rompimento do último segmento do seu abdômen. Quando colocamos o coletor elétrico, a abelha toma um choque, contraindo assim a musculatura acessória do aparato do veneno. Isso facilita a liberação do veneno e evita a morte da abelha."

     Após a extração, o veneno é colocado numa placa de vidro até sua total evaporação. O veneno seco é encaminhado para outra análises. Além disso, também foram estudados os horários de extração e o tempo de coleta, para que não houvesse nenhum desequilíbrio entre as colmeias. Os pesquisadores analisaram se os alimentos consumidos pelas abelhas, quando presentes nas vegetações silvestres, plantações ou em cativeiro, alimentadas artificialmente, poderia causar alguma influência no veneno. A partir daí, foi possível concluir que a composição do veneno modifica-se de acordo com a alimentação ingerida por elas.

     Com base nessas informações, os pesquisadores desenvolveram um soro mais abrangente e mais representativo para toda a população. E o material foi encaminhado para o Instituto Vital Brasil, do Rio de Janeiro, onde será possível escalonar a produção do soro. Em seguida, foram feitos testes clínicos para atestar a segurança e eficácia do medicamento. Em janeiro de 2016, está previsto a conclusão da etapa final da avaliação da estabilidade do soro. Para somente depois, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, iniciar os testes em humanos. 

     No Brasil, a espécie mais comum é um hibrido africanizado resultante das espécies africanas e europeias que apareceram por aqui na década de 50. A característica principal da espécie nativa foi a herança genética adquirida das africanas, ou seja, o intuito de defesa. Por este motivo, esta espécie somente ataca para defender seu território. E quando ferroa, libera um feromônio capaz de atrair demais abelhas, e dependendo da quantidade de toxinas transmitidas, pode levar uma pessoa, mesmo que não seja alérgica, ao óbito.

Fonte: Unesp

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