terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Aumentam os casos de microcefalia. E surgem os boatos sobre a doença

O Aedes Aegypti, que transmite dengue e chikungunya,
também pode transmitir o zika vírus
     Boatos são notícias que correm publicamente, de boca em boca, sem procedência conhecida e sem veracidade confirmada. Geralmente, está associada à tragédias ou difamações; dificilmente haverá um boato citando bons acontecimentos. E com o crescente número de crianças que estão nascendo com microcefalia, já era de se esperar que vários boatos em torno dos casos fossem criados, o que contribui para aumentar ainda mais o pavor sobre um assunto delicado. 

     Informações equivocadas têm circulado na internet e aplicativos de celular associando o Zika vírus à doenças neurológicas que acometem idosos e crianças, à vacina de rubéola e ao mosquito transgênico, causando ansiedade e até pânico em quem acredita nelas.

Mosquitos transgênicos

    Segundo o entomologista Paulo Roberto Urbinatti, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, não existe nenhuma pesquisa científica comprovando a associação dos mosquitos geneticamente modificados com os casos de microcefalia. Os mosquitos transgênicos foram criados para combater o Aedes Aegypti. Em cidades pequenas onde eles foram soltos na natureza, como em Juazeiro, no interior da Bahia, houve o controle do vetor e consequentemente a transmissão da doença.

Vacina contra a rubéola

     Segundo as falsas notícias que circulam na internet, um lote vencido  de vacinas contra a rubéola teria sido aplicado em gestantes, e isso teria ocasionado microcefalias nos bebês dessas mulheres. Isso não é possível acontecer, justamente pelo fato de que a vacina da rubéola ser contraindicada à gestantes. Ela é aplicada apenas em crianças aos 15 meses de vida e em mulheres em idade fértil, com a recomendação de que não engravidem nos 30 dias posteriores à vacinação. 

     No entanto, caso a gestante seja infectada pela doença no primeiro trimestre da gravidez e desenvolva a síndrome da rubéola congênita, ela poderá transmitir a doença ao feto, e este possivelmente terá malformações que vão desde microcefalia, glaucoma congênito, retardo mental, surdez e até o óbito.

Síndrome de Guillain-barré

     O Zika vírus pode ter associação com o aumento da Síndrome de Guillain-barré, no caso, no nordeste brasileiro, porém ainda não existe confirmação científica. As pessoas passaram a acreditar nessa ligação porque surgiram mais casos da Síndrome no mesmo período em que cresceu a epidemia do Zika vírus.

     De acordo com Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e infectologista aposentado da Faculdade de Medicina da USP,  essa conexão poderia ser feita porque certas enfermidades de comprometimento neurológico estão ligadas a vírus e bactérias em geral.

Fonte: USP

    

     

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