"Compreender a realidade de São Paulo, estimula a pensar sobre novas possibilidade de se resolver o problemas de violência, que vai além da dualidade 'polícia e prisão'" |
Até 1960, as taxas de homicídios sempre foram inferiores a 10 por 100 mil habitantes. Os crimes aconteciam por motivos passionais. A partir da segunda metade dos anos 1960, esse cenário foi modificado. Foi com o surgimento dos esquadrões da morte, da Polícia Militar e da Rota nas periferias - quando eram mortas pessoas ameaçadoras ou vistas como potencial ameaça. O homicídio passa a ser visto como uma solução, desencadeando processos de multiplicação, porque quando o homicídio é tolerado, pessoas que se sentem vulneráveis passam a matar ao invés de chamar a polícia. Iniciam-se vinganças, e então os homicídios se multiplicam.
Alteração
Nos anos 2000, de acordo com o pesquisador, o conceito sobre violência é revisto, inclusive entre os homicidas, que entendem que os jovens da periferia vivem uma situação de autoextermínio. Para ilustrar este cenário, até as letras de hip-hop abordam o tema. "Eles não querem mais que irmão mate irmão. Os assassinatos causam prejuízo para o crime. Essa revisão sobre o que anda acontecendo cria a possibilidade de um novo contrato, feito dentro das prisões e gerado a partir do aprisionamento em massa. É nesse momento que o PCC passa a mediar os conflitos, controlando as pessoas dentro e fora das prisões."
A partir daí, surge o tráfico de drogas, estabelecendo parcerias. Dentro das prisões, o tráfico de drogas é o principal crime que permite aos criminosos continuarem faturando e a política de aprisionamento em massa acaba gerando um novo gerenciamento do crime. O celular transforma o presídio em um escritório criminal. O assassinato que só causa prejuízo para o crime foi deixado de lado e o lucro passa a ser gerado com o tráfico.
A capital é considerada a segunda menos violenta do País, perdendo apenas para Florianópolis, em Santa Catarina. Há de se considerar também outros fatores para essa redução no número de homicídios. O envelhecimento das pessoas, a diminuição do número de armas em circulação, o aumento do aprisionamento e a melhora das técnicas policiais.
Fonte: Agência USP
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