quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

QUINTA FEMININA: Tia Ciata e o início do samba

A baiana Tia Ciata conquistou o respeito na cidade do Rio de
Janeiro, algo incomum para os moradores negros da época
     Hilária Batista de Almeida, ou popularmente conhecida como Tia Ciata, foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira, considerada por muitos como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca. E ontem, 2 de dezembro, foi dia de comemorar este gênero musical.

     Nascida em Santo Amaro da Purificação, em 1854, também ficou conhecida como uma das principais animadoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas. Ela era a dona de uma casa onde se reuniam sambistas. Foi lá que se deu a criação do primeiro samba, Pelo Telefone, gravado em disco, e assinado por Donga e Mauro de Almeida. Tia Ciata era a mais famosa dentre as Tias Baianas que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais, no início do século. 


Seu marido morreu em
1910, época em que ela
já havia conquistado o
seu lugar de estrela no
universo do samba
     Quando tinha 22 anos, levou o samba de Roda baiano para o Rio de Janeiro. Logo na chegada ao Rio, conheceu Norberto da Rocha Guimarães, de quem engravidou, mas cujo romance não foi adiante. Para sustentar a filha Isabel, começou a trabalhar como quituteira, sempre paramentada com suas vestes de baiana. Era na comida que ela expressava suas convicções religiosas, ou seja, sua fé no candomblé, religião proibida e perseguida naqueles tempos. O tabuleiro era famoso e farto.

     Mais tarde, Tia Ciata casou-se com João Batista da Silva, e deste casamento resultaram 14 filhos. Recebia todos os finais de semana em sua casa, nos pagodes, como eram conhecidas as festas dançantes, regadas à música da melhor qualidade e seus quitutes.

     Foi em sua casa que se reuniram os maiores compositores e malandros, como Donga, Sinhô e João da Baiana, para os saraus. A casa da Tia Ciata na Praça Onze era tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, o cortejo era obrigado a passar diante de sua casa.


A nata do samba carioca reunia-se na casa da Tia Ciata

     Além da venda dos doces, Tia Ciata alugava as roupas de baiana para os teatros, a fim de serem usados como figurinos das peças e para o Carnaval dos clubes. Nesta época, mesmo os homens, se vestiam com as suas fantasias, se divertindo nos blocos de rua. E por isso, muitos moradores da Zona Sul, da alta sociedade, passaram a frequentar a casa de Tia Ciata. Era nestas festas que ela dava consultas com seus orixás. Sua casa é uma referência na história do samba, do candomblé e da cidade.

     Durante o Carnaval, armava uma barraca na Praça Onze, reunindo dede trabalhadores até a fina flor da malandragem. E por lá, eram lançadas as músicas, as conhecidas marchinhas, que ficariam famosas no Carnaval do Rio de Janeiro.

     Tia Ciata morreu em 1924, mas até hoje é parte fundamental da memória do samba.

Fonte: Wikipedia

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