quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Estudo liga remuneração à qualidade de vida da mulher

"Para diminuir as desigualdades em saúde,
deve-se investir em educação e criar meios
que permitam que as mulheres trabalhem,
mas sem desvalorizar o trabalho doméstico"
     Estudo de doutorado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas, a Unicamp, realizado no município de Campinas, apontou que, mesmo trabalhando fora e acumulando atividades profissionais e domésticas, ainda assim as mulheres remuneradas apresentam melhor saúde mental e bem-estar do que as dona de casa. Ser dona de casa está associada a uma maior prevalência de transtornos mentais comuns e a uma pior qualidade de vida relacionada à saúde. Segundo Caroline Senicato, autora da pesquisa, a ausência de trabalho não-remunerado associou-se aos piores indicadores de saúde mental.

     Porém, entre as mulheres de alto nível sócio-econômico (com melhor escolaridade e maior renda familiar per capita), ter um trabalho remunerado ou ser dona de casa não afetou a qualidade de vida. As que tinham nível sócio-econômico intermediário e baixo, entre as quais as donas de casa, apresentaram pior qualidade de vida relacionada à saúde, sobretudo quanto a aspectos ligados à saúde mental. Muitas mulheres que são donas de casa têm uma jornada de trabalho de 34 horas semanais, muito próxima da jornada das trabalhadoras remuneradas, ma sem receber nada.

Sinais do tempo

     Há 50 anos, os efeitos do trabalho na saúde da mulher eram pouco estudados. As pesquisas se voltavam ao trabalho masculino na indústria. Entre 1970 e 1980, surgiram os primeiros estudos internacionais sobre o efeito do trabalho remunerado na saúde da mulher, que atingiram o auge nas décadas de 1980 e de 1990, mas que não permitiam generalizações diante da especificidade da realidade cultural e da condição feminina de cada país. Em alguns países, o trabalho feminino fora de casa não é bem aceito, em outros, apoiado. Por isso, a necessidade de estudos nacionais e locais para ampliar o conhecimento sobre as diferenças na situação de saúde das mulheres, e gerar subsídios à elaboração e implementação de políticas públicas.

Fonte: Unicamp 

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