quinta-feira, 16 de julho de 2015

QUINTA FEMININA: Christine de Pizan: poetisa precursora do feminismo

Original do livro Le Livre des Trois Vertus
se encontra na Biblioteca Nacional da França
Nascida no ano de 1363, Christine de Pizan,  uma poetisa italiana, ficou conhecida por criticar a misoginia presente no meio literário, predominantemente masculino, e defender o papel vital das mulheres na época em que viveu na França, durante a primeira metade do século XIV. Tornou-se a primeira mulher francesa a viver de seu trabalho, a literatura.

Christine nasceu em Veneza em um ambiente favorável aos seus interesses intelectuais. O pai, Thomás de Pizan era astrônomo e, como tal, foi convidado a viver na corte de Carlos V, rei da França. 

Com o pai, Chrstine aprendeu o latim e a filosofia, matérias que não faziam parte da educação de uma mulher. Aos 15 anos de idade, como de costume à época, casou-se com Etiénne du Castel, secretário real, com quem teve três filhos.

Em 1389, com a morte de seu marido, e anos depois, de seu pai, Christine passou a enfrentar problemas financeiros. Então, decidiu dedicar-se às letras, numa tentativa de sustentar seus filhos. Seus primeiros escritos chamaram a atenção da corte. No entanto, foi com suas duras críticas ao trabalho do escritor Jean de Meung com o seu Roman de La Rose (Romance das Rosas) que se estabeleceu como escritora. Roman de La Rose era um dos livros mais populares na França e em toda a Europa no século XIII e retratava as mulheres como nada mais que sedutoras. Chrstine com o seus poemas Epistre au dieu d'Amours e Dit de La Rose colocou em dúvida o mérito literário do poema de Jean de Meung, criticando os termos vulgares usados pelo escritor para descrever as mulheres.

Estabeleceu-se assim a reputação de Christine como intelectual, capaz de apoiar a sua causa, com argumentos lógicos e bem fundamentados. A sua obstinação e coragem conquistaram a admiração e apoio de alguns dos grandes pensadores da época, como Jean de Gerson e Eustache Deschamps. Até 1430, ano de sua morte, escreveu mais de 15 obras de prosa e outras tantas poesias.

Em seus trabalhos, nunca deixou de defender a importância das mulheres e suas contribuições para a sociedade, ou a igualdade dos sexos, e a necessidade de dar uma educação igual para ambos. No final da vida, aos 54 anos de idade, recolheu-se num convento, onde permaneceu por onze anos. Lá, escreveu sua última obra. Em Ditié de Jeanne d'Arc celebra o aparecimento de uma líder militar feminina, a francesa Joana D'Arc.

O Espelho de Cristina

Versão portuguesa do manuscrito francês de 1405 intitulado Le Livre des Trois Vertus, O Espelho de Cristina consiste em um manual de educação moral onde se procura mostrar a situação da mulher no final da Idade Média. Neste período, os livros destinados a esse tipo de ensinamento moral eram escritos por homens, que classificavam as mulheres em três categorias: as virgens, as viúvas e as casadas. Christine, por outro lado, procurou concentrar sua atenção em mulheres de diversos níveis sociais.

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