Original do livro Le Livre des Trois Vertus se encontra na Biblioteca Nacional da França |
Christine nasceu em Veneza em um ambiente favorável aos seus interesses intelectuais. O pai, Thomás de Pizan era astrônomo e, como tal, foi convidado a viver na corte de Carlos V, rei da França.
Com o pai, Chrstine aprendeu o latim e a filosofia, matérias que não faziam parte da educação de uma mulher. Aos 15 anos de idade, como de costume à época, casou-se com Etiénne du Castel, secretário real, com quem teve três filhos.
Em 1389, com a morte de seu marido, e anos depois, de seu pai, Christine passou a enfrentar problemas financeiros. Então, decidiu dedicar-se às letras, numa tentativa de sustentar seus filhos. Seus primeiros escritos chamaram a atenção da corte. No entanto, foi com suas duras críticas ao trabalho do escritor Jean de Meung com o seu Roman de La Rose (Romance das Rosas) que se estabeleceu como escritora. Roman de La Rose era um dos livros mais populares na França e em toda a Europa no século XIII e retratava as mulheres como nada mais que sedutoras. Chrstine com o seus poemas Epistre au dieu d'Amours e Dit de La Rose colocou em dúvida o mérito literário do poema de Jean de Meung, criticando os termos vulgares usados pelo escritor para descrever as mulheres.
Estabeleceu-se assim a reputação de Christine como intelectual, capaz de apoiar a sua causa, com argumentos lógicos e bem fundamentados. A sua obstinação e coragem conquistaram a admiração e apoio de alguns dos grandes pensadores da época, como Jean de Gerson e Eustache Deschamps. Até 1430, ano de sua morte, escreveu mais de 15 obras de prosa e outras tantas poesias.
Em seus trabalhos, nunca deixou de defender a importância das mulheres e suas contribuições para a sociedade, ou a igualdade dos sexos, e a necessidade de dar uma educação igual para ambos. No final da vida, aos 54 anos de idade, recolheu-se num convento, onde permaneceu por onze anos. Lá, escreveu sua última obra. Em Ditié de Jeanne d'Arc celebra o aparecimento de uma líder militar feminina, a francesa Joana D'Arc.
O Espelho de Cristina
Versão portuguesa do manuscrito francês de 1405 intitulado Le Livre des Trois Vertus, O Espelho de Cristina consiste em um manual de educação moral onde se procura mostrar a situação da mulher no final da Idade Média. Neste período, os livros destinados a esse tipo de ensinamento moral eram escritos por homens, que classificavam as mulheres em três categorias: as virgens, as viúvas e as casadas. Christine, por outro lado, procurou concentrar sua atenção em mulheres de diversos níveis sociais.
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