Pesquisa pretende auxiliar profissionais na prevenção e redução de mortes evitáveis, como o suicídio |
Embora a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil tenha crescido 29,5% em 26 anos (1980-2006), a taxa nacional (4,9 por 100.000 habitantes, em média) ainda é considerada baixa em comparação com as taxas de suicídio em todo o mundo. A mortalidade por suicídio é subestimada no Brasil, e alguns óbitos registrados como tendo uma "causa desconhecida" são revelados mais tarde como suicídios. Portanto, em comparação com o resto da população em idade ativa, os médicos têm uma frequência 2,45 vezes maior de morte por suicídio. Depressão, transtornos por uso de substâncias e estresse ocupacional têm sido citados como fatores de risco para o suicídio entre os médicos, especialmente entre os mais jovens.
Pouco se sabe sobre a prevalência de suicídio entre médicos no Brasil. Assim, o estudo teve como objetivo descrever a mortalidade decorrente de suicídio entre médicos através de óbitos registrados no Estado de São Paulo entre 2000 e 2009. Para determinar a população de profissionais médicos no Estado, o Cremesp forneceu dados que indicavam o número de médicos cadastrados, novos inscritos, e as mortes durante o período de estudo.
A taxa de mortalidade por suicídio na amostra coletada foi de 4,2 para cada 100.00 médicos, desconsiderando gênero. Separando homens de mulheres, verificou-se que a taxa de mortalidade por suicídio foi de 2,9 por 100.000 para o sexo feminino, e 4,9 por 100.000 para os homens entre 2000 e 2009. Homens e mulheres utilizam-se de métodos diferentes para suicidar-se: 25% das mulheres completaram suicídio por intoxicação, e 25% fizeram por asfixia. Entre os homens, o principal método utilizado não foi definido no certificado de óbito em 34,2% dos casos. Entre os suicídios para os quais o método foi listado, 26,3%, o mais comum envolveu o uso de uma arma de fogo.
É importante ressaltar que a morte prematura por suicídio cria um ônus econômico significativo. Estima-se que a perda de produção causada por suicídio custou ao Brasil R$ 1,3 bilhões em 2001.
A conclusão do estudo é que as mortes por suicídio ocorreram 20 anos antes do que as mortes por outras causas. Instituições médicas devem desenvolver estratégicas para a prevenção e detecção precoce dos transtornos mentais e estresses ocupacionais que elevam o risco de suicídio entre os médicos. Alguns autores indicam que médicos são mal atendidos pela rede de prevenção. Na verdade, um consenso de especialistas americanos sugeriu que a cultura médica tacitamente desencoraja assistência precoce pois os que procuram ajuda podem ser estigmatizados e expostos ao preconceito, correm o risco de preconceito e até de perder sua licença profissional.
American Foundation for Suicide Prevention - AFSP
Trabalho americano realizado pela AFSP, (Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio) mostra que de 300 a 400 médicos cometem suicídio a cada ano, cerca de um médico por dia. Entre as causas mais comuns estão a depressão, entre médicos residentes e bolsistas. O estudo relata que a formação médica envolve inúmeros fatores de risco para a doença mental, tais como encarar a mudança de responsabilidade social, demanda excessiva de tempo de trabalho, diminuição do sono, sentimentos de isolamento, necessidade de ter um sentido extraordinário de responsabilidade para com a vida humana e a morte, suporte psicológico inadequado e incoerente vendo-se diante da falta de sistemas de apoio.
Um estudo de provas concluiu que os formandos estão em alto risco para a depressão e pensamentos suicidas, mas muitos programas de treinamento não têm sido capazes de identificar e fornecer tratamento para estes residentes e bolsistas de forma sistemática.
Fonte: Cremesp e News Med
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