segunda-feira, 28 de março de 2016

O que o jornalismo brasileiro não aprendeu com o Caso Escola Base

Manchete do extinto jornal Notícias Populares,
pertencente ao Grupo Folha 
      Caso estudado nas faculdades de jornalismo, a Escola Base foi uma escola particular, localizada na cidade de São Paulo, e fechada em 1994 por supostas acusações de abusos sexuais. A professora Maria Cristina Franca foi acusada de abusar sexualmente de uma criança de quatro anos. Saulo e Mara da Costa Nunes, perueiros, receberam a acusação de abusar das crianças dentro da Kombi, e os proprietários Paula Milhim Alvarenga e o seu marido Maurício Monteiro de Alvarenga, e o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, foram acusados de participar do esquema todo. Todos eles foram injustamente acusados pela imprensa.

      O chamado Caso Escola Base envolve o conjunto de acontecimentos ligados a essas acusações, tais como a cobertura parcial por parte da imprensa e as atitudes precipitadas e muito questionadas por parte do delegado de polícia, Edécio Lemos, responsável pelo caso, que supostamente teria agido pressionado pela mídia televisionada e pelas manchetes de jornais. O caso foi arquivado pelo promotor Sérgio Peixoto Camargo por falta de provas. Em 1995, ambos os casais moveram uma ação por danos morais contra a Fazenda Pública do Estado. Além disso, os órgãos de imprensa processados por danos morais foram os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo, a revista Veja e as emissoras de televisão Globo, SBT, Record, TV e Rádio Bandeirantes. Vinte anos depois, os antigos donos conseguiram uma indenização mínima, comparada aos prejuízos sofridos.

Opinião pública pedia e exigia justiça, tendo
por base apenas uma versão dos fatos
      Em artigo, o jornalista Luiz Nassif, recorda que o delegado do caso aparecia falando muito, expondo vastas certezas, e não apresentava fatos objetivos. O advogado do caso, procurou a TV Bandeirantes, a emissora menos radical a tratar o assunto, informando estar de posse de um lado que comprovaria o dilatamento no ânus de um dos garotos que seria mais provável tratar-se de uma assadura do que a penetração por um adulto. Na ocasião, Luiz Nassif disse que estava havendo um massacre por parte da imprensa. "Mais do que isso, um linchamento. Se eles forem culpados, não é mais que merecidos. E se não forem? Até agora não há nenhuma prova. Tem-se apenas a opinião dos policiais".

Depois do massacre por parte da imprensa,
matéria confirma o erro na cobertura do caso

       Décadas depois, e o que o jornalismo atual aprendeu com o Caso Escola Base? Parece que quase nada. Hoje vemos uma imprensa que, diretamente, não acusa, mas provoca com insinuações tendenciosas, e que vê que seus objetivos alcançados quando consegue conduzir a opinião pública de acordo com os seus interesses. As matérias se repetem igualmente nos canais de televisão. Sutilmente, nota-se alguma diferença.

      Além disso, substituídos pela grande mídia, os blogs são os acusadores do momento. Crescem e se proliferam com total descomprometimento de manter a veracidade da notícia. Na era da informação rápida e imprecisa, a mídia continua assumindo o papel de vilã.

        

Nenhum comentário:

Postar um comentário