segunda-feira, 21 de março de 2016

A droga do câncer poderá curar a droga do câncer?

Comissão do Senado estudo liberar a substância,
que foi até agora testada apenas em ratos
     No passado, quando o vírus do HIV tornou-se o mal do século, muitos acreditavam que a cura do câncer poderia ser uma possibilidade mais concreta do que o assustador e, até então, desconhecido vírus. O novo século chegou. E embora até o momento não há um medicamento, ou até mesmo uma vacina - capazes de erradicar ambos os males, pode se dizer que os portadores do vírus HIV vêm mais luz ao final do túnel. 

     E assim, o sonho de encontrar uma fórmula capaz de acabar com o sofrimento dos pacientes com câncer, e as incertezas do meio científico estão longe de colocar um ponto final na discussão sobre a fosfoetanolamina, conhecida como a "droga do câncer". De um lado, há a crença da eficácia da droga por parte de famílias de pacientes que fizeram uso da substância; do outro, médicos e pesquisadores que afirmam ser impossível haver um único medicamento capaz de curar todo e qualquer tipo de câncer. Na verdade, câncer é um grupo de mais de cem doenças que, em comum têm apenas a célula maligna. 

     Em meio a esta polarização, a Câmara dos Deputados aprovou a aprovação da fosfoetanolamina, droga que teria propriedades antineoplásicas, sem que nenhum estudo tenha sido submetido à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, o órgão brasileiro responsável por avaliar a atividade de medicamentos antes da comercialização. O projeto foi encaminhado para uma comissão do Senado, que não o aprovou por unanimidade por causa do voto solitário do senador Aloysio Nunes. A matéria irá a plenário.

     Os primeiros relatórios sobre as pesquisas financiadas pelo governo federal apontam que as cápsulas analisadas, produzidas pela Universidade de São Paulo, campus São Carlos, têm uma concentração de fosfoetanolamina menor do que era esperado, e que somente um dos componentes da cápsula - a monoetanolamina - apresentou atividade citotóxica e antiproliferativa, ou seja, capacidade de destruir células tumorais e inibir seu crescimento. Ainda assim, apresentando várias ordens de magnitude menos potente, do que medicamentos antitumorais já disponíveis no mercado. Em São Paulo, o Instituto do Câncer, o Icesp, centro de oncologia de projeção internacional, vai iniciar um estudo clínico para testar a ação da substância e definir em que tipo de tumores essa atividade poderia ser documentada.

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