terça-feira, 22 de março de 2016

Brasil: terceiro maior celeiro de répteis

Espécie Rondonops apresenta duas fileiras longitudinais de
escamas que começam na nuca, e da quinta fileira para baixo,
se dividem em diversas outras fileiras
       Em 2005, o Brasil era o lar de 633 espécies de répteis. De lá pra cá, essa diversidade pulou para 773 espécies, tornando o País o terceiro maior celeiro de diversidade de répteis, atrás da Austrália e do México. Os dados são da Sociedade Brasileira de Herpetologia. Ao todo, são 36 espécies de tartarugas, cágados e jabutis (Testudines), 6 espécies de jacarés (Crocodylia) e 731 espécies de Squamata (73 anfisbênias, 392 serpentes e 266 lagartos). Mas os números podem ser ainda maiores, pois foram descobertas mais duas novas espécies de lagartos, pertencentes a um novo gênero, Rondonops, uma homenagem ao marechal Cândido Rondon, explorador da Amazônia no início do século 20. 

      O lagarto do gênero Rondonops é um animal pequeno. Seu comprimento, da ponta do focinho até a base da cauda, é de 6,5cm. Ele se locomove como se fosse uma cobra, quase que nadando entre a folhas caídas, num movimento serpentiforme. As principais características da espécie são a forma e a contagem de escamas e sua coloração muito específica. Para sinalizar a existência de uma espécie de lagarto, é necessário analisar o tamanho das escamas, seu ordenamento e quantidade. "As escamas não cobrem simplesmente o corpo do bicho. Elas recobrem o bicho de acordo com um padrão específico e particular, que muda de um gênero para outro, e de uma família para outra", explica o herpetólogo Guarino Colli, da Universidade de Brasília, um dos responsáveis pela pesquisa. 

       A má notícia é que a espécie já corre risco de extinção. Encontrada em dois locais de Rondônia e também no Mato Grosso, em Pimenta Bueno, em Rondônia, a mata está sendo rapidamente substituída pelo gado e pela soja. E de acordo com os pesquisadores, é possível haver muitas outras espécies desconhecidas nestas regiões, e que estão virando fumaça. A outra espécie do gênero Rondonops foi encontrada no sudeste do Amazonas. E devido a presença de muitas comunidades indígenas, a região se encontra muito melhor preservada, o que oferece menor risco de extinção à espécie; mas apenas por enquanto, pois a região já começa a ser explorada. 

     No entanto, no caso das cobras, ainda é necessário um trabalho de conscientização para alterar o padrão de comportamento que é comum entre os mateiros: o extermínio descontrolado. Além disso, para contribuir, a Mata Atlântica, onde a derrubada é proibida, vai sendo sub-repticiamente detonada. Segundo Miguel Trefaut Rodrigues, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, o Cerrado e a Caatinga estão sendo destruídos numa velocidade impressionante. E desde 2003, o governo federal não cria nenhum novo parque nacional, nenhuma nova reserva biológica.

Fonte: Agência Fapesp
Foto: Miguel Trefaut Rodrigues

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