Uma vida dedicada à matemática sem o reconhecimento pelos seus estudos |
Com a criação da Escola Politécnica de Paris, em 1794, uma academia de excelência para a formação de matemáticos e cientistas de todo o país, veio o sonho de fazer parte da escola. Porém, as vagas eram reservadas apenas aos homens; e sem coragem de se impor ao conselho acadêmico, resolveu adotar a identidade de um antigo aluno da academia, Monsieur Antoine-August Le Blanc. Acontece que a academia não sabia que o verdadeiro Le Blanc havia deixado Paris, e continuou imprimindo e enviando suas lições, que ela, Sophie, interceptava, apresentando semanalmente suas respostas aos problemas sob seu pseudônimo.
Só que Sophie não poderia imaginar que seu disfarce logo seria descoberto. O verdadeiro Le Blanc era considerado um aluno medíocre, o que acabou despertando a suspeita do supervisor do curso surpreso pela transformação notável do aluno, que agora apresentava soluções engenhosas aos mais variados problemas. Foi então que ele requisitou um encontro com o aluno, motivo pelo qual Sophie Germain foi forçada a revelar sua identidade. Para sua surpresa, Joseph-Louis Lagrange, o supervisor, tornou-se seu mentor e amigo.
Aos vinte anos, interessada pela teoria dos números, escreveu para Carl Friedrich Gauss, considerado o "Príncipe dos Matemáticos", embora ainda persistisse o medo de não ser levada a sério por ser mulher. Por isso, mais uma vez voltou ao pseudônimo, assinando suas cartas como Monsieur Le Blanc. Quando o imperador Napoleão, em 1806, invadiu a Prússia, Sophie Germain solicitou ao general encarregado das tropas invasoras que garantisse a segurança de Gauss. Surpreso pelo ocorrido, interessou-se em saber quem era a Mademoiselle Shophie Germain que havia salvo sua vida. E novamente, ela teve que revelar sua identidade. Gauss não demonstrou aborrecimento; pelo contrário ficou satisfeito por encontrar-se frente a inacreditável exemplo de uma mulher matemática.
Gauss foi nomeado professor da Universidade de Gottingen, na Alemanha. E Sophie, sem o seu mentor e confidente, desinteressou-se pela matemática. Iniciou na carreira de física e, mesmo tendo que lidar com os preconceitos existentes, fez importantes contribuições que firmaram os fundamentos para a moderna teoria da elasticidade. Como resultado de suas pesquisas com os números primos e seu trabalho com o Último Teorema de Fermat (uma generalização do famoso Teorema de Pitágoras), ela recebeu uma medalha do Instituto da França e se tornou a primeira mulher que, não sendo a esposa de um membro, podia participar das conferências da Academia de Ciências.
Retornou o contato com seu mentor, Carl Gauss, que convenceu a Universidade a premiá-la com um grau honorário, mas, em 1831 Sophie morreu antes de receber a honraria.
Embora tenha sido uma das mulheres com maior capacidade intelectual que a França produziu, na nota oficial de sua morte foi designada como uma rentière-annuitant (solteira sem profissão), ao invés de matemática. Além disso, foi omitido o seu nome da relação dos setenta e dois sábios cujas pesquisas contribuíram definitivamente para a construção da Torre Eiffel - quando os seus estudos sobre a teoria da elasticidade foram fundamentais para a construção da torre.
Fonte: Torre Eiffel