quinta-feira, 20 de agosto de 2015

QUINTA FEMININA: Cedo ou tarde, mas sempre Cora Coralina

A poetisa Cora nunca abandonou o
ofício de doceira
Ela nasceu Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas em 20 de agosto de 1889, na cidade de Goiás, mas adotou o pseudônimo de Cora Coralina. E como tal foi considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras, tendo seu primeiro livro Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais publicado em 1965, quando já tinha quase 76 anos de idade. Doceira de profissão, adotou estilo próprio ao fugir dos modismos literários.

Apesar de ter estudado até a quarte série primária, a filha do desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, nomeado por D. Pedro II, começou a escrever seus primeiros textos aos 14 anos de idade, publicando-os nos jornais da cidade e na revista A Informação Goiana do Rio de Janeiro. 

A inspiração para escrever o poema Velho Sobrado nasceu quando a poetisa começou a frequentar o Clube Literário Goiano, e através dele passou a escrever para o jornal literário A Rosa, onde em 1910 publicou o conto Tragédia na Roça.

Em 1911, mudou-se para o cidade de Jaboticabal, interior do estado de São Paulo, com o advogado divorciado Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas, e com quem teve seis filhos; dois deles morreram após o nascimento. Ficou por lá até 1924, até mudarem-se para a capital. Assim que chegou, foi obrigada a permanecer por semanas trancada num hotel em frente à estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 haviam parado a cidade.

Em 1934, após a morte do marido, passou  a vender livros. Mudou-se novamente para o interior, dessa vez para a cidade de Penápolis e por lá começou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mais uma vez, mudar de cidade fazia parte de seus planos, e Andradina foi a cidade por ela escolhida, e onde permaneceu até 1956, até decidir retornar para seu estado natal.

Foi somente quando completou 50 anos de idade, após ter vivenciado uma profunda transformação interior, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Durante esses anos, Cora Coralina não deixou de escrever poemas relacionados com a sua historia pessoal, com a cidade em que nascera e com o ambiente em que fora criada.

A Literatura de Cora Coralina

Primeiro livro publicado quando Cora
Coralina tinha seus 76 anos de idade
A mulher simples e dona de uma voz inigualável, utilizou-se dos elementos folclóricos que faziam parte de seu cotidiano, através do qual sua poesia atingiu um alto nível de qualidade literária. Escrevia com simplicidade e seu desconhecimento gramatical contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma.

A primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais foi publicado em 1965 e reúne poemas que consagraram seu estilo e a transformaram e uma das maiores poetisas da Língua Portuguesa do século 20. A segunda edição saiu em 1978 e a terceira em 1980. Foi a partir da década de 80, que Cora Coralina despertou a atenção do grande público graças ao elogio do poeta Carlos Drummond de Andrade.

Onze anos depois da primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, compôs em 1976 Meu Livro de Cordel e em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha.

Cora Coralina recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Minas Gerais em 1983. E também no mesmo ano, foi eleita Intelectual do ano com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores. Faleceu dois anos depois, em 10 de abril de 1985.

Em 31 de janeiro de 1999, a sua principal obra foi aclamada, através de um seleto júri organizado pelo jornal O Popular, de Goiânia, uma das 20 obras mais importantes do século 20. Enfim, Cora Coralina torna-se autora canônica.

Fonte: E-biografias e Wikipedia

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