sábado, 29 de agosto de 2015

A pesquisa das pesquisas que tudo pesquisam

A credibilidade de um estudo depende da
reprodutibilidade da evidência em que se baseia
    Por definição, pesquisa é um processo sistemático para a construção do conhecimento humano, gerando novos conhecimentos, podendo também desenvolver, colaborar, reproduzir, ampliar, detalhar, atualizar algum conhecimento pré-existente. Não por acaso, diariamente, uma enxurrada delas tomam conta dos noticiários. E para saber mais, basta uma consulta simples na internet sobre qualquer assunto, que as mais variadas pesquisas informam as recentes investigações acerca do tema. Muitas delas, costumam causar confusão, e se levadas ao pé-da-letra, tornam o nosso cotidiano bem complicado. Por exemplo, ora o vinho é vilão, ora é mocinho. O café faz bem ou faz mal?

Café     

     Pesquisa aponta que café pode ter efeito melhor do que a morfina por possuir proteínas que causam um efeito similar ao da medicação. E mais, a bebida dá uma enorme sensação de prazer e inibe o apetite. Uma outra pesquisa apontou que o café apresenta ação protetora contra o diabetes tipo 2. Mas se estava tudo muito bom no mundo cafeíno, uma outra pesquisa revelou que café encolhe os seios. Isso mesmo. A pesquisa da universidade sueca descobriu que mulheres com genótipo específico, que tomam café tem seios menores. E o mais assustador é que as mulheres que apresentam uma das variantes C do gene e que bebiam mais de três xícaras de café por dia, desenvolviam câncer de mama consideravelmente menos que outras mulheres de gene A que consomem a mesma quantia de café. E a função energética do café só tem efeito em pessoas preguiçosas, revelou outra pesquisa da Universidade de Columbia.

Vinho

     Pesquisa mostrou que o vinho tinto pode proteger os dentes contra cáries, assim como o extrato de semente de uvas. Dentre todos os líquidos que o Conselho Nacional de Pesquisa na Espanha analisou para testar o combate à caries, o vinho tinto, com ou sem álcool, com extrato de semente de uvas, se mostraram mais eficazes em se livrarem das bactérias. O vinho pode prolongar a juventude. O vinho tinto também é benéfico para prevenir a perda auditiva. Hã? Sim, o vinho. Ele deixa os rins saudáveis, é o que mostrou uma outra pesquisa. A bebida pode prevenir a doença de mal de Alzheimer. Outra pesquisa revelou que ele melhora o sistema imunológico. Por outro lado, como toda bebida alcoólica, o vinho pode atrapalhar o desempenho sexual, e comprometer o efeito de remédios, segundo pesquisas.

Chocolate

     Pesquisa revela que chocolate pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Ele não faz mal aos dentes, mostrou outra pesquisa. Um outro estudo mostrou que o chocolate diminui a pressão arterial. Pesquisa italiana revelou que chocolate faz bem ao cérebro. Mas vamos com calma. Nem todos eles trazem os tais benefícios; quanto mais cacau melhor. Ou seja, os indicados são os amargos ou meio-amargos. Esqueça aquela barra de chocolate branco. Vilão, vilão. Para a saúde e, principalmente, para o peso.

Pesquisas em xeque 

     Não se pode negar que a importância das pesquisas para a evolução das espécies; sejam para os humanos, os animais e os vegetais, por que não? São as pesquisas que nos ensinam sobre o comportamento de determinado animal. Um estudo pode informar, por exemplo, qual cachorro melhor se adapta ao seu estilo de vida. Ou pode ensinar pais na educação dos filhos. Por outro lado, algumas que poderiam servir de orientação para a psicoterapia, provavelmente só criaram mais confusão.


Estudar o ser humano, deve-se levar em consideração o
número existente de variáveis
     Um estudo comprovou que 61% das pesquisas na área da Psicologia não tem fundamento algum. Um grupo formado por 270 pesquisadores refez cem experimentos que já haviam anteriormente publicados nas mais respeitadas revistas científicas do mundo. E a surpresa é que menos da metade desses estudos refeitos chegou aos mesmos resultados dos originais, segundo artigo publicado na revista Science. 

     Uma possível explicação é que em biologia, psicologia e medicina, o número de variáveis a serem controladas é muito grande. Quando se pesquisa camundongos, é certo afirmar que por terem o mesmo background genético e viverem toda a vida em um ambiente parecido, as conclusões podem ser as mesmas. Quando os humanos são estudados, o número de variáveis é enorme.

     Não devemos nos esquecer de que somos seres individuais, e como tais, temos a nossa particularidade e o nosso modo de interagir com o mundo. Uma pesquisa pode apontar um direcionamento; mas o que pode servir para um determinado indivíduo, não irá se aplicar a outro. 

     E com tantas pesquisas, fica difícil, muitas vezes, chegar a um consenso. Entretanto, fato é que não podemos nos esquecer que será o nosso comportamento individual que revelará realmente como somos.



     
     

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