No último dia 12, o Conselho Federal de Psicologia, o CFP, promoveu um bate-papo online onde discutiu o crescente número de assassinatos de jovens negros no Brasil nos últimos anos, dados estes confirmados em diversas pesquisas divulgadas recentemente, como o Mapa da Violência, de 2014, que aponta que 56 mil pessoas foram assassinadas em 2012, sendo 30 mil jovens entre 15 e 29 anos, destes 77% eram jovens negros, em sua maioria homens e moradores das periferias metropolitanas. Levantamento da Anistia Internacional também confirma esta estatística, ao mostrar que mais de 23 mil jovens negros são assassinados por ano no Brasil.
De acordo com os debatedores, o racismo pode ser identificado em muitas estruturas do país. Ele está no tratamento diferenciado pela mídia, no despreparo e abordagem da polícia, entre outros. É aí que a Psicologia tem papel fundamental. "A maioria da categoria é incapaz de perceber que existe racismo, e que esse racismo é produtor de sofrimento psíquico. Estamos em um momento transformador, saindo dos consultórios e clínicas para espaços antes não ocupados pela Psicologia, que são os espaços das políticas públicas. Nestes espaços, nós vamos nos encontrar com a população negra; se não tivermos essa dimensão e não nos prepararmos teoricamente para lidar com estas questões, nós estaremos fazendo estelionato profissional", alerta o mestre em Psicologia Social, Valter da Mata.
Para a coordenadora do movimento Mães de Maio, além do histórico de preconceitos das estruturas do Estado e da sociedade, ainda existe a realidade da impunidade. O movimento é composto por mães que perderam seus filhos mortos pela polícia, e na maioria dos casos, é negado a essas mães o direito a assistência judiciária, além disso, muitos casos não são levados adiante. Isso torna a luta por justiça mais dolorosa.
O advogado Daniel da Silva Bento Teixeira acredita que o genocídio é confirmado a cada dia com as estatísticas. E a herança do período da escravidão se arrasta até hoje em uma legislação que perpetua essa exclusão.
Fonte: Conselho Federal de Psicologia
Nenhum comentário:
Postar um comentário