Maria do Carmo Miranda da Cunha, ou para sempre Carmen Miranda |
Pouco depois de seu nascimento, seu pai emigrou para o Brasil, se instalando no Rio de Janeiro, onde abriu uma barbearia. Em 1910, a mãe seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e Carmen, ainda bebê. Por aqui, nasceram mais quatro filhos do casal.
Carmen estudou em colégio de freira e teve seu primeiro emprego aos 14 anos em uma loja de gravata, depois numa chapelaria. Dizem que foi despedida por passar boa parte do tempo cantando, mas Ruy Castro, seu biógrafo, diz que ela cantava por influência de sua irmã, Olinda, o que ajudava a atrair a clientela.
Seu talento como cantora e performer, muitas vezes era ofuscado pelo caráter exótico de suas apresentações |
Em 1933, ajudou a lançar a irmã como artista. E Carmen foi a primeira cantora do rádio a merecer contrato, quando assinou por dois anos com a Rádio Mayrink Veiga, quando a praxe era receber cachê por participação.
Carreira internacional
Carmen (à dir.), com a irmã durante cena do filme Alô, Alô, Carnaval |
Em 1939, o empresário norte-americano Lee Shubert, convence Carmen a assinar um contrato para uma carreira nos Estados Unidos. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Carmen partiu para os EUA. Logo conquistou a fama. E suas apresentações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas, a ponto de se apresentar na Casa Branca para o presidente Franklin Roosevelt. No ano seguinte, retorna ao Brasil. Nas ruas, foi recebida com enorme ovação; pelo público do Cassino da Urca, nem tanto. Políticos à época a acusaram de estar "americanizada". No mesmo mês, gravou seus últimos discos no Brasil, respondendo com ironia à essas críticas. A exótica baiana agradou aos norte-americanos, mas despertou polêmica entre os brasileiros, com suas vestes estilizadas e o arranjo de frutas tropicais que carregava sobre a cabeça. Os críticos julgavam que isso acabaria por expôr ao mundo uma visão caricata e estereotipada do país.
De volta aos EUA, entre 1942 e 1953, atuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, cassinos e teatros norte-americanos. Em 1946, era a artista mais bem paga dos Estados Unidos. Ainda que muitas vezes obrigada a forçar um sotaque latino caricato, mesmo falando inglês perfeitamente. Com isso, seu inglês foi considerado como demonstrativo de sua ignorância. Comprou seu contrato com a Fox a fim de romper com este esteriótipo e assumir papéis diferentes.
Em 1941, consagrou-se ao ser a primeira e única luso-brasileira a marcar suas enormes plataformas e mãos no Teatro Chinês de Los Angeles. Em 1960, ganhou uma estrela póstuma na Calçada da Fama na Hollywood Boulevard.
Vida amorosa
Na comédia musical Banana da Terra, Carmem apresenta O que é que a baiana tem, lançando Dorival Caymmi no cinema |
O casamento, em 1947, com o americano David Sebastian é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo da sua decadência moral e física. Um simples empregado de produtora de cinema, David tornou-se empresário de Carmen, conduzindo mal os contratos da artista. Era alcoólatra e pode ter estimulado Carmen a consumir bebida alcoólica, e logo se tornaria dependente.
Ciúme excessivo, brigas violentas e traições de David não ameaçavam o casamento. Católica convicta, Carmen era contra o desquite. Engravidou aos 39 anos de idade, mas sofreu um aborto espontâneo depois de uma apresentação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou suas crises depressivas e o abuso com bebidas e remédios sedativos.
Em 1954, após uma ausência de 14 anos fora do Brasil, viajando, fazendo shows, e morando nos EUA, Carmen retorna ao país. Os sofrimentos com o marido tornavam-se mais frequentes, assim como sua dependência química. A pedido do médico, internou-se para tratamento numa suíte do Hotel Copacabana Palace.
Ligeiramente recuperada, vai para os Estados Unidos e inicia uma série de apresentações. Durante apresentação num programa televisivo, tem um ligeiro desmaio, mas recupera-se e finaliza o número de dança. Após a apresentação, em sua casa em Beverly Hills recebeu amigos para uma reunião privada. Após beber e cantar algumas canções para amigos presentes, subiu para o quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu o pijama, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Algum tempo depois, um colapso cardíaco fulminante a derrubou morta sobre o chão, naquele 5 de agosto de 1955. Seu corpo, foi encontrado na manhã seguinte pela sua mãe.
Aurora Miranda, desesperada, foi a primeira a dar a notícias para as emissoras de rádio e jornais. Em 12 de agosto de 1955, seu corpo, embalsamado, desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Cerca de 60 mil pessoas compareceram ao velório na Câmara Municipal, da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por aproximadamente meio milhão de pessoas.
Fonte e fotos: Internet
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