O mineiro Carlos Drummond de Andrade na época em que morava em Itabira |
"Tenho geleia, pão de queijo pra comer quando quiser", assim retratou os tempos de sua vida simples em Minas Gerais |
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em Farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Fundou com outros escritores A Revista, publicação de vida curta mas que foi de suma influência para o Modernismo em Minas Gerais. Ingressou no serviço público, e em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde foi chefe de gabinete do ministro da Educação Gustavo Campanema. Aposentou-se em 1962. Colaborou como cronista nos jornais Correio da Manhã e no Jornal do Brasil.
Estilo
Como os modernistas, Drummond seguiu a libertação proposta por Mario de Oswald de Andrade, com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo. Alguma poesia foi sua primeira obra poética publicada em 1930, mesmo ano em que seu poema Sentimental foi declamado na conferência Poesia Moderníssima do Brasil, em curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, Portugal.
Várias de suas obras foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas.
Drummond foi casado com Dolores Dutra de Morais, com quem teve dois filhos. Carlos Flavio viveu apenas meia hora e a quem é dedicado o poema O que viveu meia hora, e Maria Julieta, que faleceu em 5 de agosto de 1987, doze dias antes da morte de Drummond, e também no Rio de Janeiro.
Saboreie Drummond sem moderação
Pés contentes na manhã de março.
Ó vida! O quinta-feira inteira!
pisando a areia que canta, o barro que clapeclape
a peça d'água que rebrilha.
Há de ser sempre assim, não vou crescer,
não vou ser feito os grandes, apressados,
aflitos, de fumo no chapéu,
esporas galopantes.
O dia é todo meu. E este caminho,
estas pedras, estes passarinhos, este sol espalhado
em cima de minhas roupas, de minhas unhas.
Tenho canivete Rodger, geleia, pão de queijo
para comer quando quiser.
Posso devassar o mato grande até Guanhães,
descobrir tesouros, bichos nunca vistos,
quem sabe se um feiticeiro, um ermitão,
a ondina ruiva do Rio do Tanque.
Igual aos índios, igual a mim mesmo, quando sonho.
(Carlos Drummond de Andrade - do livro Boitempo, onde o poeta discorre sobre a vida simples de sua família no campo, sobre os dias de sua infância)
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