segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Pão de queijo para saborear o mineiro Drummond


O mineiro Carlos Drummond de Andrade na época em
que morava em Itabira
Se vivo estivesse, certamente hoje o mineiro Carlos Drummond de Andrade estaria se deliciando com o homenageado do dia - o pão de queijo -, a iguaria mineira mais apreciada em todo o país, e também fora dele, por que não? Comemorado desde 2007, em razão de um concurso de culinária que escolheria o melhor pão de queijo, o dia 17 de agosto de 1987 marca também a perda para o Brasil do mais mineiro de todos os poetas, ou o poeta de todos os mineiros...e brasileiros: Carlos Drummond de Andrade. Nascido na cidade de Itabira, no dia 31 de outubro 
"Tenho geleia, pão de queijo pra
comer quando quiser",
assim retratou
os tempos de sua vida simples
em Minas Gerais
de 1902, o poeta, contista e cronista Drummond é considerado por muitos o mais influente poeta do século 20. O escritor viveu em Itabira durante grande parte de sua vida. De uma família de fazendeiros em decadência, o filho de Carlos de Paula Andrade e de Júlia Julieta Augusta Drummond de Andrade deixou para a cidade natal um acervo de sua criatividade, reverência e grandiosidade. São 44 placas com poema que foram escritos e dedicados para cada ponto da cidade que marcou sua vida.

Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em Farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Fundou com outros escritores A Revista, publicação de vida curta mas que foi de suma influência para o Modernismo em Minas Gerais. Ingressou no serviço público, e em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde foi chefe de gabinete do ministro da Educação Gustavo Campanema. Aposentou-se em 1962. Colaborou como cronista nos jornais Correio da Manhã e no Jornal do Brasil.

Estilo

Como os modernistas, Drummond seguiu a libertação proposta por Mario de Oswald de Andrade, com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo. Alguma poesia foi sua primeira obra poética publicada em 1930, mesmo ano em que seu poema Sentimental foi declamado na conferência Poesia Moderníssima do Brasil, em curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, Portugal. 

Várias de suas obras foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas.

Drummond foi casado com Dolores Dutra de Morais, com quem teve dois filhos. Carlos Flavio viveu apenas meia hora e a quem é dedicado o poema O que viveu meia hora, e Maria Julieta, que faleceu em 5 de agosto de 1987, doze dias antes da morte de Drummond, e também no Rio de Janeiro.

Saboreie Drummond sem moderação

Pés contentes na manhã de março.
Ó vida! O quinta-feira inteira!
pisando a areia que canta, o barro que clapeclape
a peça d'água que rebrilha.
Há de ser sempre assim, não vou crescer,
não vou ser feito os grandes, apressados,
aflitos, de fumo no chapéu,
esporas galopantes.
O dia é todo meu. E este caminho,
estas pedras, estes passarinhos, este sol espalhado
em cima de minhas roupas, de minhas unhas.
Tenho canivete Rodger, geleia, pão de queijo
para comer quando quiser.
Posso devassar o mato grande até Guanhães,
descobrir tesouros, bichos nunca vistos,
quem sabe se um feiticeiro, um ermitão,
a ondina ruiva do Rio do Tanque.
Igual aos índios, igual a mim mesmo, quando sonho.

(Carlos Drummond de Andrade - do livro Boitempo, onde o poeta discorre sobre a vida simples de sua família no campo, sobre os dias de sua infância)




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