segunda-feira, 25 de abril de 2016

A depressão muito além dos grandes centros urbanos

Bares no município de Tefé. Beber ou rezar são as opções de
lazer apontadas pelos jovens
      É senso-comum associar a depressão a situações do cotidiano ligadas a vida moderna dos grandes centros urbanos. O medo com a violência, o excesso de competitividade no trabalho e um estilo de vida que cada vez mais isola os moradores em apartamentos minúsculos, cria a crença de que uma vida totalmente diferente seria uma alternativa para afastar um possível quadro deste transtorno. Pode até ser, mas uma pesquisa mostra que não é bem assim.

      A depressão também atinge populações da Amazônia. Um estudo realizado pela professora e enfermeira Edinilza Ribeiro dos Santos nas cidades de Coari e Tefé, no interior do estado do Amazonas, mostra que 1 em cada 5 habitantes, com 20 anos ou mais, tem depressão. Os fatores associados ao quadro foram: baixos níveis de escolaridade e renda, uso de álcool, ausência de pouco apoio social de familiares e amigos, estresse e ter outras doenças físicas. Ao todo, foram entrevistados 1.631 pessoas residentes nas duas cidades. Para a pesquisadora, os jovens de sua pesquisa talvez sejam mais suscetíveis aos transtornos depressivos devido ao alto desemprego na região e a consequente falta de perspetiva.

      Essa falta de horizonte fica claro com o depoimento de um jovem morador que diz haver na região apenas duas alternativas: rezar ou beber, o que chama a atenção para a ausência de lazer nos dois municípios. As opções de lazer diversão ficam por conta das eventuais festas folclóricas e áreas de banho naturais. Municípios vizinhos, Coari e Tefê estão localizados no centro territorial do Estado do Amazonas. Só é possível chegar às cidades de avião ou pelo rio. Possuem agricultura e pecuária de subsistência, mas o grande empregador em ambos é o poder público. Tefé possui 61 mil habitantes e Coari aproximadamente 75 mil habitantes.

Fonte: USP

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