quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

QUINTA FEMININA: A voz e a solidão de Maysa

Os inesquecíveis olhos verdes da "bad girl"
Maysa, aos 16 anos de idade
     Ela cantou o amor. Ela viveu o amor em toda a sua plenitude. E por amar demais, entrou num processo de depressão. Um acidente de carro, matou, há 39 anos, uma das mais importantes vozes femininas da música brasilera. Foi ela, Maysa Figueira Monjardim, ou apenas Maysa. De família tradicional, Maysa era neta do Barão de Monjardim, que foi presidente da província do Espírito Santo por cinco vezes. 

     Aos 12 anos de idade, compôs sua primeira música, Adeus. Dona de uma personalidade forte, Maysa implorou aos pais que a tirassem do colégio  religioso, alegando que as freiras a estavam deixando louca. Abandonou os estudos depois de repetir por duas vezes o 2º ano ginasial. Quando tinha 18 anos de idade, casou-se com o empresário,  André Matarazzo, para desespero da tradicional família paulistana, dona de uma das maiores fortunas do mundo. O marido era vinte anos mais velho que Maysa. Passou a assinar Maysa Monjardim Matarazzo, com quem pouco tempo depois teve um único filho, Jayme Monjardim, diretor de cinema e telenovelas. Desquitou-se do marido três anos depois, em 1957 e voltou a usar o nome de solteira, causando um grande escândalo na época. A carreira de cantora passou a ter para ela mais importância do que família. O filho foi criado num colégio interno e depois pela madrasta. 

     Em 1956, quando ainda estava casada, Maysa foi convidada pelo produtor Roberto Côrte-Real para gravar um disco, durante uma reunião familiar. O álbum, com suas composições, foi gravado após o nascimento do filho. Logo, começou a fazer sucesso nas rádios paulistas e cariocas, para descontentamento do marido. Foi contratada da TV Record, e gravou seu segundo disco.

     No ano de sua separação, no prêmio Os Melhores do Ano, foi apontada como Maior Revelação Feminina, A Melhor Compositora e Melhor Letrista. O Clube de Cronistas  lhe concedeu o prêmio de Melhor Cantora do Ano. Em 1958, foi premiada com o Troféu Roquette Pinto. A consagração veio com as canções Ouça e Meu mundo caiu.

Com uma brilhante carreira no exterior,
Maysa foi a primeira cantora brasileira
a cantar no Japão. E aplaudida de pé no
Olympia, em Paris, ao cantar "Ne me
quitte pas". Ousada, cantou em perfeito
francês para os franceses
     Sua agitada vida de cantora foi marcada por muitas viagens, muitos amores e o excesso no consumo de álcool. Mudou-se para o Rio de Janeiro, e lá lançou seu terceiro disco Convite para ouvir Maysa nº2, considerado pela crítica, musicalmente, irretocável. Seus discos eram campeões de vendas. Ainda em 1958, ela se tornaria a melhor e mais bem paga cantora do Brasil. Interpretações tristes e letras altamente românticas, que falavam sobre amores acabados, angústias e sofrimentos, Maysa passou a ser uma grande expoente desse gênero.

     A carreira internacional teve início na década de 1960, se apresentando em vários países, além de aderir ao Movimento da Bossa Nova, com o qual pode expandir referências musicais, sendo uma das responsáveis por lançar o estilo no exterior, junto a um de seus amores, o compositor Ronaldo Bôscoli. Foi também a primeira cantora brasileira a se apresentar no Japão. Sua vida passou a ser permeada  por escândalos, tentativas de suicídio, namoros relâmpagos e até um grave acidente de carro. Casou-se com o empresário espanhol Miguel Azanza. Separada, manteve um caso com o maestro Julio Medaglia, quando viajou para Buenos Aires. Casou-se também com o ator Carlos Alberto. Além de outros casos de amor que teve ao longo da vida.

     Maysa era uma mulher alegre, expansiva, bem humorada e muito perspicaz. Mas que tinha momentos de profunda tristeza, solidão e angústia. Ela dizia ter uma série de complexos, quando remoía velhas amarguras e caía em profundo desespero

     Em 1970, seu quarto disco não obteve muito sucesso, foi então que ela investiu na carreira de atriz de teatro e novelas, chegando inclusive a ganhar prêmios.

Fim da carreira

    Após algumas temporadas se apresentando em boates cariocas, a partir de 1972, Maysa  já não era mais a maior cantora do Brasil. Afastada  do meio artístico, vai morar em uma casa de praia, localizada no município de Maricá, litoral fluminense. Vivendo cada dia mais solitária, adotando um estilo hippie. Convivia com a natureza do local e seus vários animais. Lá, morou até o fim da vida. Durante esse período, quase não gravou nem fez shows.

     No fim da tarde do dia do casamento de seu filho, e acometida por uma depressão, pegou seu carro e foi para Maricá, quando um acidente automobilístico na Ponte Rio-Niteroi deu fim à sua vida. Em uma de suas últimas anotações, registrou: Hoje é novembro de 1976, sou viúva, tenho 40 anos.

Fonte: Wikipedia e Obvious Mag
Fotos: Rádio EBC
           Novelas e Curiosidades

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