quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A diferença entre homens e mulheres no mundo acadêmico

      A desigualdade entre homens e mulheres tem efeitos mais complexos na carreira acadêmica no Brasil do que a literatura sobre o assunto costuma contemplar. É o que sugere artigo publicado na revista Dados, de autoria da socióloga Marília Moschkovich e de sua orientadora, a professora Ana Maria Fonseca de Almeida, da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas, a Unicamp.

     O trabalho analisou a trajetória de professores e professoras da Unicamp e fez alguns achados surpreendentes. Um deles é que o fato de as mulheres serem maioria em determinadas áreas do conhecimento não necessariamente as ajuda a alcançar o topo, principalmente nos cursos de Linguística, Educação e Medicina, nos quais as mulheres são a maioria no corpo docente. Ao mesmo tempo, professoras têm possibilidades maior de chegar ao cume nos cursos de Engenharia,  Mecânica e Agrícola, nos quais, paradoxalmente são a minoria. Por outro lado, a carreira acadêmica pode não estar em acordo com o mercado de trabalho como um todo. Há estudos documentando como o mercado de trabalho corporativo para engenheiros, que têm salários maiores do que a carreira acadêmica na área, impõe diversas barreiras às mulheres. De acordo com Marília, é possível que as mulheres que têm um bom desempenho na graduação em algumas engenharias se direcionem à carreira acadêmica enquanto homens na mesma condição se direcionem para o mercado de trabalho corporativo, ou seja, mais aberto a eles.

     A busca da igualdade de gênero no ambiente acadêmico, além de sua relevância no contexto dos direitos civis, é importante para dinamizar a universidade. Para as autoras, garantir o acesso de pesquisadores e docentes com origem e experiências diferentes ajuda cada disciplina a diversificar seus problemas e objetos de pesquisa, suas abordagens e modos de trabalho.

Fonte: Revista Fapesp

     

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